Até você dizer sim

Parte 1

—O que foi? Vai ficar bravinho comigo? – Win roça o nariz no pescoço de Sound lhe provocando arrepios.

— Eu te disse para não me tocar — responde enquanto não faz nenhuma menção de se afastar do abraço por trás do outro.

— Qual é?! Não tem ninguém aqui e também não é como se ninguém soubesse.

— Soubesse o que? — Sound tirar os braços do outro da sua cintura se virando para encarar Win — Não tem nada acontecendo aqui.

— Porque você não quer, por mim isso aqui — aponta para os dois — já tinha acontecido há muito tempo.

— Você insiste porque quer, nunca te dei esperança, então desista.

Win encarava Sound desacreditando, não é como se fosse a primeira vez que ouvisse aquelas palavras saindo da boca dele, mas era sempre sem sentido, seu corpo reagia a ele, seus olhos lhe olhavam com desejo, eles se atraem um pelo outro. O que o impedia de tornar isso real?

— Certo.

Sound observa Win se afastar dele batendo o pé, não era seu objetivo o irritar, mas não tinha outra maneira de o manter afastado, na verdade nem mesmo suas palavras eram capazes disso, era como se Win soubesse que ele estava mentindo, que seu "se afaste" fosse um clamor para que chegasse cada vez mais perto. Isso não poderia acontecer.

×

A sala de música aos fins de tarde ficavam vazias, a maioria dos alunos iam embora o permitindo ter um pouco de paz antes de voltar para casa. Casa, não um lar. Aquele lugar nunca foi o lar de Sound.

Quando Sound tinha 8 anos seu pai se casou novamente. Tity, uma jovem e simpática moça de 23 anos, logo que se conheceram ela o acolheu como sua mãe, o chamava de filho e fazia de tudo para que ele se sentisse confortável ao seu lado. Até que descobriu que seu pai não se importava com a criança, então todo o amor e acolhimento foi substituído rapidamente por indiferença.

A mãe de Sound vivia em um vilarejo precário e não tinha dinheiro e vontade o suficiente para criá-lo, então logo que nasceu o entregou o seu pai que também não tinha vontade, mas tinha dinheiro e, assim a vida do pequeno garoto foi construída, cheio de brinquedos e babás quando criança e todas as aulas extras curriculares que quisesse para o manter o máximo de tempo longe de casa e dos pais.

Sound se culpava por reclamar sobre sua vida, tinha tudo o que queria, sua casa era imensa em um condomínio fechado, uma cozinheira que lhe preparava tudo o que queria na hora que queria, teve acesso aos melhores professores de música e até mesmo a escola a qual era necessário uma prova para aprovação ele não precisou fazer, ele tinha uma vida de privilégios, tinha tudo o que o dinheiro era capaz de comprar.

Durante um tempo ele começou a negar tudo que seu pai o oferecia, seu dinheiro não deveria compra-lo tão fácil, mas pensou, isso era uma atitude idiota, sabia porquê o pai lhe oferecia essas coisas, essa era a única forma que sabia criar alguém, as vezes até achava que era alguma forma de se punir de ter gozado dentro de uma desconhecida.

Enquanto dentro de casa apenas a relação se mantinha no "Bom dia" e "Boa noite", algo tão frio para combinar com as paredes brancas pálidas, na escola era diferente.

Logo que o ano começou fez amigos que estão com ele até hoje, não foi algo fácil, já que Sound evitava qualquer relação mais afetiva de qualquer maneira que seja, mas mesmo assim ele tinha seu grupo de amigos.

No começo do terceiro e último ano teve a chegada de um garoto, um garoto que viraria seu tormento.

Win tinha 18 anos, um ano mais velho que os demais, o motivo, uma expulsão da escola logo no final do ano o impossibilitou de continuar em outra. A expulsão foi por causa de uma briga provocada por ele.