One shots Felca

Primeiro beijo

Eu estava nervosa como nunca havia estado antes, no geral eu não costumo ser tímida nem nada mas hoje eu daria um grande passo, que poderia resultar em algo muito, muito bom ou muito, muito ruim.

Eu iria beijar o Felipe. Decidi tomar essa iniciativa pois já não aguento mais deixar acontecer naturalmente, uma vez que o "naturalmente" só nos aproxima mas não nos dá coragem para fazer o que claramente queremos. Eu sei que ele quer tanto quanto eu, os olhares, toques espontâneos, carinho e tensão não são atoa ou então eu sou uma puta louca do caralho.

Enquanto ele ajeitava as coisas para começarmos o jogo, eu parecia uma cobra a postos para dar um bote em sua presa. Me sentia quase um hétero top com a típica frase "deu mole é vapo" porque se o Felipe virasse o rosto e chegasse mais perto, eu o atacaria. Pareço estar no cio!

Ri do meu próprio pensamento.

- Tá rindo do que, louca?- Felipe perguntou não entendendo o porque da risada do nada.

- Tô pensando em fazer uma possível merda- ele arregalou os olhos.

- Ah S/N o que você quer aprontar com seu cabelo agora, mulher?

Eu ri denovo.

- Não é com meu cabelo. É com você! - Ele ergueu uma sobrancelha, indicando que eu continuasse a falar.

Mas eu não tinha nada a declarar, tinha que agir.

Me aproximei dele, seus olhos estavam fixos em mim captando cada movimento meu. Mordi os lábios e ele fez o mesmo.

Passei a mão naquele cabelo maravilhoso e desci até a nuca. Ele estava vermelho.

- Que porra você tá fazendo, S/N?- sua voz estava baixa e trêmula, indicando seu nervosismo.

Tenho certeza de que Felipe não está nervoso por um possível beijo, mas sim por esse possível beijo ser meu, que era sua melhor amiga e se isso fosse uma brincadeira da minha parte, ele ficaria extremamente magoado. Afinal, beijar o melhor amigo pode estragar tudo, e ele era muito responsável com a nossa amizade. Valorizo isso nele.

Mal encostei nossos lábios e ele segurou meu rosto me impedindo.

Merda, merda, merda e merda.

Seu semblante estava extremamente sério. Eu confundi tudo, ele não estava afim.

- S/N, se isso for uma brincadeira você não deveria nem ter começado.- sua voz saiu firme. Ele ainda segurava meu rosto com as duas mãos e mantinha seus olhos fixos aos meus.

Engoli seco.

- Não estou brincando- falei baixinho que acho que nem ele ouviu.

- Você tem certeza? O que deu em você?- meu Deus, é mais fácil ele falar que não quer e que confundi tudo, perdi a minha coragem.

Fiz esforço pra me levantar, mas ele impediu.

- Você começou, agora você termina- fiquei confusa.

- Voce vai me deixar terminar?

- O que você quer?

- Te beijar- agora que já estava tudo fodido, tá no inferno abraça o capeta né!?

- Por que?

Ele ainda pergunta o porque? Ele é sonso?

- Você nunca percebeu, Felipe? Em anos de amizade? Você nunca notou nada diferente na nossa amizade? No meu cuidado com você? Em como você é a minha prioridade? Nunca notou que desde que nos tornamos amigos eu nunca mais desejei ninguém? Jura que nunca notou o jeito que eu te olho? Como eu morro de ciúmes de você mesmo que você mal dê motivos? EU SOU COMPLETAMENTE APAIXONADA POR VOCÊ e acho que confundi as coisas porque jurav...- não consegui terminar de falar.

Ele me beijou. ELE ME BEIJOU.

Nunca um beijo meu havia se encaixado tão perfeitamente bem com o de alguém quanto o beijo do Felipe, estávamos em perfeita sincronia.

Eu sorria durante o beijo. Não acabava nunca e eu adoraria que continuasse assim. Não preciso respirar, preciso beijar este homem para descontar os últimos anos apenas delirando com este momento.

Quando as coisas começaram a se esquentar, o ar mandou lembranças e a consciência estava voltando aos poucos. Não sei em que momento fui parar em seu colo com uma perna de cada lado, com suas mãos apertando minha cintura e as minhas passeando perdidas pelo seu peito e cabelo. Caramba, foi de 0 a 100 muito rápido.

- E você também nunca notou que eu sinto o mesmo?- deu um sorriso de canto, ele é lindo.

Colei nossas testas e soltei um suspiro de alívio.

Tínhamos muito para aproveitar dessa nossa nova versão que, graças a Deus, não deu merda.