Ordinary

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CAPÍTULO DOIS: ORDINARY

PARTE I
nishimura riki.

Estrangeiro; desastrado; desligado; facilmente deixado levar pela opinião dos outros.

Nishimura Riki nasceu no Japão, mas após seus pais se divorciarem, se mudou para a Coréia com sua mãe e sua irmã mais velha.

A vida no Japão era mais fácil, todos já estavam acostumados com seu jeito desligado e desastrado de ser. Ninguém ligava quando ele quebrava algo ou chegava atrasado, ou quando esquecia a gravata em casa. Ou quando esquecia a mochila em casa – acontecia mais do que ele gostaria.

Se transferir para a Coréia do Sul não foi de todo ruim, não. Ele gostava do novo país, as pessoas eram bonitas e educadas. Educadas até demais. O idioma era bonito e aprendê-lo não foi um problema. Por mais que fosse desligado e um pouco lento, Riki tinha uma capacidade de aprender idiomas como ninguém.

Nishimura Riki já gostou de tantas menininhas no Japão, mas nunca levou para frente, pois sempre pagava algum tipo de mico na frente delas. Ou se esborrachava no chão, ou derrubava suco de uva na saia branca, ou quebrava o colar de pérolas, ou esbarrava nelas e fazia-as cair. Ou quando começava a falar, e isso era um grande perigo, pois quando começava a falar, não parava. Ele nunca pensava antes de agir, fazia o que lhe dava na telha.

Já havia desistido de sua vida amorosa e chegou na Coréia convencido de que ficaria solteiro para sempre, mas na primeira semana de aula, uma pessoa chamou sua atenção.

Nishimura Riki notava como ele o olhava. Notava quando o garoto se encostava no armário e o seguia com os olhos. Notava o pequeno sorriso que aparecia em seu rosto quando passava algum tipo de vergonha.

Mas ele fingia que não via nada. Era mais fácil fingir que não havia visto nada. Era mais fácil deixar a tensão diminuir. Era melhor se fazer de sonso, sabe? Ele havia visto isso nos livros que leu, os personagens sempre se faziam de sonsos e no final, dava tudo certo.

Porém, os personagens que havia lido, nunca se pareceram ou agiram como Riki. O japonês era desastrado, desligado, lerdinho; já os personagens tinham personalidades interessantes e não pagavam micos como Riki. Então, ele não podia depender deles para fazer a coisa certa.

Nishimura Riki era apenas mais um em um milhão naquela escola. Tropeçando nas próprias palavras, sem pensar antes de dizer alguma coisa e se arrependendo em seguida por ter falado algo. Pronunciando coisas erradas e tendo um sotaque japonês muito forte.

Ele tinha que se esforçar para acompanhar todo mundo. Para se misturar.

Guardava todas as suas peculiaridades para si, tentando ser menos desastrado e desatento.

Nishimura Riki achava a Coréia incrível, era uma oportunidade maravilhosa. Não importava se estava na beira da descoberta, não poderia correr o risco de acabar com tudo.

As vezes achava que estava sonhando.

Porque parecia muito.

PARTE II
esse garoto.

Nishimura Riki teve sua atenção atraída por aquela pessoa na primeira semana de aula.

Sua irmã mais velha implicava com o japonês o tempo todo, provocando-o, dizendo que ele estava apaixonado. Não sabia por quem, pois Riki mantinha o nome daquela pessoa em segredo.

Talvez aquele garoto achasse que Riki fazia parte de seu mundo diferente, mas Riki só estava admirando-o. As bochechas fofinhas, o uniforme completamente perfeito, a plaquinha dourada mostrando seu nome:

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