Presepada

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Maraisa point of view

Era a terceira faixa que gravávamos no dia. A única pausa que tivemos fora para o almoço. Resumindo: estávamos a quase cinco horas sem comer, apenas tomando café.
Marília cantava com maestria em cima de uma das bases que já tinham sido gravadas.

A loira estava sentada ao meu lado, enquanto eu ouvia ela fazer aquilo que sabia, encaixando a letra no tempo exato, sem nenhum deslize ou erro, um grande exemplo de quem nasceu para isso.

Não sei desde quando era tão difícil não ter Marília por perto. Eu acho que, de alguma forma, o que eu sinto por ela não é apenas atração. Ela transborda tudo de melhor na minha vida apenas estando aqui.

— Acho que é isso meninas. — Pepato falou nos olhando, Marília espirrou.

— Amiga essa gripe não é emocional?

— Não nanica.

— Deve ser saudade do Léo, vai pra casa, ver ele, ver sua família.

— Você está querendo se livrar de mim Maiara?

—  Você tomou o remédio que deixei na sua penteadeira? — falei sorrindo pra ela.

— Sim amiga, muito obrigada por isso.

— Eu vou ver o Fernando, qualquer coisa vocês me liguem.

— Deus Maiara, por isso queria que eu fosse embora. — Marília riu.

— Prometo não demorar amiga.

— Meninas vou precisar sair pra resolver umas coisas, mais qualquer coisa podem me ligar, só volto a noite, tudo bem? — Pepato nos interrompeu.

Meu coração acelerou e eu não consegui esconder a excitação, ficaria a tarde toda sozinha com Marília, hoje ela não me escapa.

— Sim Pepato, obrigado. — a loira agradeceu. — Vou pegar um café, você quer amiga?

— Deixa que eu pego pra gente, pode ficar ai. — ela sorriu assentindo.

Enquanto estava imersa em questionamentos na minha mente, ouvi a voz perfeita da loira começar a soar. Parecia que eu estava no céu e um anjo cantava em meus ouvidos.

Ao voltar a sala novamente, vi Marília com um violão em mãos cantando uma musica desconhecida por mim, peguei meu celular e gravei alguns segundos daquilo, enviando para minha irmã.

— Que música é essa, que eu nunca ouvi?

— Ela ainda não está pronta, que tal você me ajudar?

Automaticamente um sorriso se colocou em meus lábios, era incrível o que ela conseguia fazer com apenas alguns atos, entreguei a xícara de café pra loira e me sentei, ela me entregou o celular, olhei a letra e me aproximei dela.

— E se a gente acrescentar mais isso aqui? — falei digitando enquanto ela me olhava.

Passamos algum tempo ali, discutindo onde colocar e acrescentar alguma coisa, finalizamos a canção e ela me olhou com dúvida, como se buscasse por minha aprovação.

— Você não precisava disso, você é perfeita e sabe disso.

— Enquanto a gente escrevia, algo passou em minha cabeça. — ela disse baixo. — Essa música me lembra a Maiara em todos os aspectos.

— Eu tenho que concordar com você — sorri pra ela — Vamos tocar ela agora? — ela assentiu.

(Vem cá
E se eu te dissesse
Que você tá perdendo o amor da sua vida?
Você ainda abriria mais uma?)

Ela nem sonhaOnde histórias criam vida. Descubra agora