Logo depois de Izobel nos dispensar do refeitório, tratei de pegar a mão de Brenda e puxa-la comigo. Eu poderia partir a qualquer momento e eu não queria simplesmente sumir sem dar uma explicação para a minha melhor amiga, mesmo que eu ainda não soubesse o que eu iria falar. Procurei chamar a atenção de Izobel e quando ela nos encarou, olhei sugestivamente para ela. O pequeno aceno que recebi em troca, me deixou saber que ela tinha me entendido, mesmo que eu não tivesse proferido uma única palavra.
Continuei puxando Brenda pela mão até o quarto de Izobel. Eu tinha esquecido de lhe entregar as chaves naquela manhã e isso se tornou uma tremenda sorte. Afinal, eu ainda precisava de um local para revelar que estava deixando o convento. Empurrei Brenda para dentro do quarto e passei o trinco na porta, virando-me para ela com o coração aos pulos. Era agora.
Brenda me encarava com os braços cruzados, sua expressão impassível não revelava o que ela estava achando daquilo tudo, mas ela não conseguia esconder a curiosidade por trás de seus olhos azuis. Senti o toque quente de Nathaniel na ponta de meus dedos e mordi o lábio inferior. Eu não sabia exatamente o que falar e principalmente eu não sabia se o queria ali ouvindo tudo.
— Desembucha, Rose! — Brenda se sentou na cama e cruzou as pernas enquanto olhava despretensiosamente para suas unhas. — Vai finalmente me dizer o que está acontecendo com você? — abri a boca, mas nada saiu. As palavras pareciam travadas na minha garganta. Eu podia sentir meus olhos começarem a lacrimejar, denunciando que eu iria acabar chorando. — Pelo amor de Deus, Rose! Está me assustando. — a voz de Brenda já tinha subido algumas oitavas e ela já tinha se levantado e se aproximando de mim. — Amiga, o que está acontecendo?
— Eu não consigo, eu não consigo Nathaniel. — sussurrei balançando a cabeça e vendo a expressão da minha amiga mudar de medo para dúvida. Na certa ela estava pensando que Linda não era a única louca do convento. — Eu não sei como explicar isso. — sussurrei deixando duas lágrimas grossas caírem e senti a mão dele apertar a minha. Eu não tinha percebido que tinha fechado os olhos tamanha era minha angustia, até que os abri e vi minha amiga com os olhos arregalados. Olhei para meu lado, somente para ver Nathaniel em carne e osso, então rapidamente voltei minha atenção para Brenda, correndo para colocar uma mão em sua boca e a outra apertar sua nuca. Eu podia ouvir os gritos dela saírem e serem abafados pela minha mão. — Não grita, por favor. Eu vou tirar a mão, mas não grita. — murmurei próximo ao seu ouvido e vi sua cabeça balançar confirmando.
— Mas que porra é... — tapei sua boca novamente, porque mais uma vez ela estava gritando. Nathaniel rolou os olhos e estalou os dedos.
— Tira a mão da boca dela. — obedeci a sua ordem e olhei espantada para Brenda que movia sua boca, mas nenhum som saia.
— Nathaniel! — olhei para ele, que se limitou a rolar os olhos mais uma vez e se encaminhar para a porta, encostando-se ali.
— Ela não calava a boca. Você queria o que?! — ignorei aquilo e voltei a encarar minha amiga, que agora me olhava com olhos marejados.
— Brenda, calma. Ele vai fazer sua voz voltar, mas primeiro você tem que me escutar e prometer que não irá gritar. — esperei que ela confirmasse com a cabeça e quando ela o fez eu suspirei. Era agora e eu não poderia enrolar mais. — Quando jogamos aquele jogo no porão, abrimos um tipo de portão para o...
— Rose! — Nathaniel tinha se desencostado e agora estava ao meu lado. Seus olhos vermelhos estavam arregalados em minha direção.
— Eu preciso explicar, Nathaniel. Preciso começar desde o início para que ela entenda. É a minha melhor amiga e eu confio nela. — seus olhos ainda estavam duvidosos, mas ele assentiu voltando a se encostar na porta. — Abrimos uma passagem para seres.... sobrenaturais. — murmurei a última palavra baixinho. — Linda não estava totalmente errada. Atraímos sim, alguma coisa naquela noite. Era ele. — apontei para Nathaniel com a cabeça e vi seu olhar arregalado se prender nele por um momento. — Mas ele não me possuiu. Ele não me fez nenhum mal, pelo contrário, ele cuidou das minhas feridas quando irmã Maria me bateu. — levantei a manga da blusa e mostrei meus braços sem nenhuma cicatriz. — Ela abriu minha pele com as pancadas daquela vara. Nathaniel fez desaparecer as cicatrizes, junto com a dor. — expliquei e vi sua boca se mover, mas nenhum som saiu. Nathaniel somente suspirou quando o olhei e ouvi seus dedos estalarem novamente.
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RomanceObra completa disponível na plataforma (Dreame e Telegram) Rosemary ou Rose, como prefere ser chamada, mora em um convento desde seus onze anos de idade. Com uma mãe extremamente religiosa a menina não vê uma saída daquele lugar ou daquela vida extr...