Em breve você vai se livrar de mim

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— Por que toda essa felicidade? — Tzuyu resmungou enquanto caminhavam até a lata de lixo mais próxima.

— Estava indo te contar uma novidade — a Minatozaki falou, não conseguindo esconder um sorrisinho abobalhado. — Nayeon me convidou para conhecer o restaurante dos pais dela.

— Ela o quê? — Tzuyu parou de caminhar no mesmo instante. — Quero dizer, mas já? Vocês se conhecem há, sei lá, uma semana? Duas semanas? Já vão conhecer as famílias?

— E qual o problema?

— É estranho, Sana. É completamente estranho. Nunca imaginei que você fosse esse tipo de garota. — Tzuyu acelerou seus passos em direção à lata, já despejando os corações sem qualquer piedade.

— Foi só um convite. Não um pedido de casamento.

— Claro, começa assim.

— Por que tanta revolta? É por que eu estou feliz e você continua encalhada e amarga?

— Eu não estou revoltada, Minatozaki Sana! — Tzuyu amassou os corações de modo agressivo. — Só acho que você está se precipitando com a Nayeon.

— Mas a intenção é essa. Eu contratei seu serviço justamente para me precipitar com a Nayeon. Ou esqueceu que eu tenho um prazo? Ou melhor, você tem um prazo! — Sana debateu. — Quando te contratei eu disse até o fim do semestre e tudo bem porque as coisas estão dando certo agora, ela finalmente me enxergou. Então por que você está reclamando?

— Não é uma reclamação. Sinceramente, eu não dou a mínima.

— Ótimo.

— Só estou fazendo isso pelo dinheiro e pela trabalho da Taeyeon! — Tzuyu rosnou como um cão raivoso. — Não vejo a hora de vocês oficializarem. Assim eu me livro de você e desse boato ridículo de que estamos saindo.

A Chou continuava amassando os corações com todo o ódio possível. Mal percebia o que estava fazendo. Enquanto resmungava aos ventos sobre seus motivos para estar indignada, jogava os corações de qualquer jeito dentro da lixeira, nem se importando com as consequências daquilo. Afinal, do outro lado do corredor, alguém registrava com uma câmera o momento inesperado. Chou Tzuyu se livrando dos corações feitos pelos fãs do casal. Suposto casal. Uma atitude um tanto duvidosa.

— Em breve você vai se livrar de mim. Não se preocupe.

— É o que eu mais quero! — Tzuyu afirmou. — Acho que já terminamos, não? Pode ir embora agora.

— Você é uma...

— Idiota? Sim, eu sei. Agora vai embora! — a maior apontou em direção ao pátio. — Você é responsável por inflar o ego dela, é o que faz de melhor, além de se humilhar por pessoas fúteis.

— Qual o seu problema, Tzuyu? Por que é tão grossa?

— Eu não sou.

— Muito grossa! — Sana esbravejou. — Não gosto da forma como você me trata. Acha que eu sou idiota para me rastejar pela Nayeon?

— É exatamente o que eu acho.

Tzuyu viu a rosada deixar o local sem qualquer paciência. Mas não se importava em falar algumas verdades para a Minatozaki. Acreditava que ela precisava ouvir tudo aquilo. Estava se tornando uma garota superficial, uma daquelas que fazem de tudo por um pouco da atenção de pessoas como Nayeon.

Para a Chou, Sana deveria agradecê-la, até porque, abrir seus olhos sobre uma metidinha tóxica feito Im Nayeon era na verdade um grande favor. Mas claro, a rosada estava cega demais para perceber o nível de maturidade e caráter de seus interesses da faculdade.

Sem pensar muito sobre aquilo, Tzuyu pegou o celular no bolso da mochila, deslizou os dedos pela tela, buscando pelo contato que salvara há pouco tempo, mas que teria para si uma utilidade incomparável. Ao tocar no ícone de telefone, a garota levou o aparelho ao rosto, e após duas longas chamadas, finalmente ouviu a voz rouca do outro lado.

— É bom ir treinando em frente ao espelho. — Tzuyu olhou para os lados, como uma medida de segurança, já que nos últimos dias esteve chamando mais atenção do que deveria. — Chegou sua hora de encarnar a namorada traída. Lembre-se, você precisar ser convincente. Sana precisa sair de lá completamente chocada.

E em um silêncio respeitoso, Tzuyu agora ouvia Yoo Jeongyeon explicando o passo a passo que planejara para convencer Sana de que Nayeon era uma cretina. No entanto, quando a mão gelada tocou o ombro da Chou, a garota lançou o aparelho para cima, logo levando a mão ao peito. Virou-se para trás em uma lentidão cômica, vendo ela ali, a olhando com um sorrisinho nada discreto.

— E se eu tivesse algum problema no coração? Pensou nisso?

— Ao que tudo indica, você não tem, ou já estaria morta. — Kim Dahyun agachou-se, pegando o celular que havia se estilhaçado no chão. — Por que não usa o dinheiro dos seus golpes para comprar um celular novo?

— Não são golpes. São serviços honestos.

— O inferno é cheio de gente honesta.

— O que você quer, Dahyun? — Tzuyu pegou o celular, já pressionando o botãozinho emperrado do aparelho, em uma tentativa frustrada de ligá-lo. — Hoje é sem dúvidas o dia mais desastroso da minha vida.

— E vai ficar pior se você não pagar o que me deve.

Tzuyu sentiu seu coração errar uma batida. Como foi se esquecer de Kim Dahyun? Logo dela, a hacker barra pesada da faculdade.

Sem muitas opções após evitar Dahyun por dias, precisaria de muito mais do que apenas suas habilidades de persuasão para convencê-la a não destruir sua vida com um único clique.

— Então, Kim, você tem algum trabalho da faculdade que não queira fazer?

Ela tá TÃO na sua! [SaTzu]Onde histórias criam vida. Descubra agora