Capítulo único

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       Cansado de ficar na frente do seu celular lendo mais uma fanfic, pjm decide começar a se arrumar para mais uma vez comparecer a um evento da sua pequena cidade. Porém algo diferente estava no ar, talvez porque fosse junho, seu mês favorito ou então por finalmente poder comer todas aquelas gostosuras que seriam vendidas, afinal, era São João, a melhor época do ano!!!!
       Não perdeu muito tempo escolhendo sua roupa pois já sabia o que pegar: uma blusa azul marinho xadrez de manga longa, um coturno preto e uma calça jeans também preta. Passou uns minutos penteando o cabelo e decidiu que seria melhor deixá-lo todo para frente mostrando seu corte de cumbuca.
       O local não era muito distante de sua casa, então saiu carregando consigo somente sua carteira e sua bombinha para asma. Enquanto olhava para o céu estrelado, conseguiu sentir uma paz que não sentia a tempos, respirou fundo e se concentrou na música e na risada das crianças que ficavam cada vez mais altas.
       Esse ano a festa junina organizada pelo pessoal da paróquia seria para ajudar a comprar mais bancos para igreja ou quem sabe ajeitar o teto, se sobrasse dinheiro os dois seriam feitos. Pjm não era devoto, mas todos faziam parte de uma comunidade bem unida e todos ali o conheciam desde o nascimento. A igreja costuma fazer esse tipo de evento e no começo do ano fizeram um almoço onde todos os tios e tias se juntaram na cozinha e fizeram um angú à baiana. Foi um sucesso e conseguiram reformar a parte de trás da igreja, onde funcionava uma pequena oficina de artesanato, que seu pai dava aula de esculturas e sua mãe crochê. Muitas imagens de Santa Teresinha foram feitas e talvez algumas delas tivessem sido acompanhadas por rosas de crochê. Pjm adorava angú e pertencer a uma comunidade tão unida.
       Perdido em seus pensamentos, não se deu conta de que já estava passando pelo grande portal feito de folhas de coqueiro que ficava atrelado à cerca do terreno. Logo o cheiro de milho, pamonha e de muitas outras coisas o atingiram com força total e ele mal podia esperar para provar tudo.
       Logo se encaminhou para a barraquinha de tickets onde dona rosa arrumava uma pilha de fichas em uma pequena caixa de papel laminado com umas poucas divisórias e de onde estava pôde observar as fichas das comidas salgadas, dos doces, da pescaria e da piscina de patinhos, do touro mecânico e também um papel todo decorado e com um bom tamanho que imaginou ser para o correio elegante. Desse ele com certeza passaria longe. Após cumprimentar dona Rosa e pegar diversas fichas, seguiu para a barraca do milho, onde comeu 2 espigas de milho com bastante manteiga de garrafa. Estava realmente muito bom e ele nem se importou com a manteiga que molhou toda sua mão. Após jogar fora o que sobrou, foi para a barraca dos caldos e comeu caldo verde caldo de ervilha. Bebendo agora uma latinha de refrigerante, resolveu tentar a sorte na barraquinha da pesca e acabou conseguindo um bambolê e um dominó bem fajuto. Se dirigindo novamente para a barraca das comidas, comeu um salsichão, um espetinho de frango, três pedaços de empadão de frango e um de torta de sardinha, resolvendo sentar um pouco para observar tudo e digerir a comida para partir para os doces. Sentado em um toco de árvore meio úmido, foi quando ele o viu. O menino que fazia seu coração saltar todas as vezes que se esbarravam. JJK trabalhava para o seu José, dono da quitanda, que ficava na esquina da rua da farmácia em que PJM trabalhava. Eles fizeram o ensino médio na mesma escola, mas estavam em turmas diferentes, só se esbarrando no bebedouro e na hora de entrar ou sair do trabalho. PJM estava ficando sem tempo, ele sabia que mais cedo ou mais tarde iria se mudar para cidade vizinha e começar sua faculdade de farmácia e quem sabe um dia assumir o posto do atual farmacêutico, seu Firmino que já era bem idoso. Ele não sabia o que o futuro o reservava, mas sabia que JJK sonhava em viajar pelo mundo descobrindo sobre civilizações antigas e fazendo grandes descobertas.
       Ele lembrava como se fosse ontem de como JJK ficou triste quando o parquinho que eles brincavam foi interditado e umas pessoas com roupa esquisita fizeram muitos buracos onde ficava seu amado escorrego. Eles também não se falavam naquela época, mas de sua casa via como JJK sempre arrumava um jeito de fugir de sua mãe para ver o que se passava e de como ficou feliz quando ganhou um dente de Ubirajara jubatus, descoberta recente daqueles pesquisadores. Nos dias quentes em que ele anda sem camisa ou acaba abrindo mais botões do que deveria, é possível ver o dente que cuidadosamente foi amarrado em uma espécie de cordão fino de couro e que não abandonava seu pescoço. Eles eram muito diferentes e PJM nunca tinha trocado mais que três palavras com ele em toda sua vida. Sabia que ele o conhecia por morarem em um lugar onde todos se conheciam. Ficava tenso em pensar se o menino também se interessava por garotos. As chances eram baixas e todo seu corpo ficou tenso quando percebeu que o rapaz o olhava com um sorriso pequeno.
Ele estava lindo como sempre e logo começou a ajudar as senhoras mais velhas a acharem um banquinho para descansar suas pernas e coluna.
Com medo de ser pego observando demais, PJM resolveu partir para os doces e comeu bolo de chocolate, pudim, bolo gelado de milho, pamonha, canjica e um pedaço de bolo de chocolate. Não percebeu que era observado por JJK que estava com os olhos arregalados e pensando em como cabia tanta comida dentro daquele garoto e PJM percebendo que era observado, deixou um pedaço de bolo de cenoura cair no chão e quase chorou com o desperdício. Pimpão, o cachorro do dono da quitanda, logo apareceu e comeu o bolo de bom grado, fazendo os dois rapazes rirem e PJM se esquecer da vergonha que sentiu. JJK só conseguia imaginar a quantidade de comida que era necessária para alimentar aquela pequena criatura que mais parecia um saco sem fundo.

Porque junho é a melhor época do ano • JJK + PJMOnde histórias criam vida. Descubra agora