Kerana!

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         O mistério das sombras!

    Estou sentado na sala de aula, olhando para o relógio com ansiedade. Faltam apenas algumas horas para as férias começarem e eu não vejo a hora de voltar para casa. Voltar para Uruguaiana, a cidade onde nasci e vivi até meus seis anos de idade. Nunca entendi direito por que meus pais tomaram a decisão de sair da fazenda, muito menos a necessidade de mudar de estado.

       Morar em Florianópolis tem sim a suas vantagens, mas, sinto falta de casa. Atualmente estou na faculdade estudando engenharia, mas sempre quis voltar para Uruguaiana. Não vejo aquelas terras a quinze anos.

       Sempre que desejavam me ver, meus avós vinham até nossa casa, nunca o contrário. E sempre que eu questionava os motivos de não voltar a fazenda, mamãe dizia que "não é lugar de coisas boas".

       Hoje, eu e meus seis amigos vamos viajar para a fazenda dos meus avós. É um lugar incrível, com muita natureza, animais e aventuras. Estou animado para apresentar meus amigos para minha família e mostrar-lhes a beleza do Rio Grande do Sul.

        As aulas finalmente terminam e eu corro para casa que dividimos para pegar minha mala. Estou tão animado que vou derrubando material e esbarrando nas pessoas pelo longo corredor até até saída. Mal posso esperar para chegar em casa.

        Pego meu celular no bolso e desbloqueio a tela rapidamente. Felipe ficou responsável por buscar a van na qual vamos viajar e minha ansiedade grita para verificar se ele não esqueceu de nenhum detalhe.

— Alô, Felipe, tudo bem? Só queria saber se você lembrou de pegar a van para a nossa viagem. - Pergunto.

— Claro que sim! Eu não esqueceria disso. - Responde Felipe rindo.

— Que bom. Eu só queria ter certeza, sabe como é, não queremos ficar presos aqui em Florianópolis. ‐ Digo, rindo também.

— Matheus! Sua ansiedade grita tão alto que seria impossível esquecer qualquer coisa relacionada a essa viagem. Sempre que fecho meus olhos escuto ela se esguelando no meu subconsciente.

— Desculpa. - Fico sem jeito.

— Não se preocupe, meu amigo. Eu já verifiquei tudo, a van está pronta e esperando por nós - Afirma Felipe.

— Ótimo. Então nos vemos em casa. - Digo, já me sentindo mais tranquilo.

— Com certeza. Agora larga do meu.

— Ah, pode deixar. - Desligo o telefone, ainda rindo.

        Quando finalmente abro a porta de casa e percebo o caos que meus amigos causam quando estão empolgados. Haviam malas, mochilas, saco de dormir, tudo espalhado pela sala.

— Eu não aguento mais vocês. - Rafael surge do quarto que divide com Gabriel e Pedro. — Quem foi que mexeu e desarrumou as coisas aqui na sala? Eu não vou fazer de novo.

— Deixa de ser chato. Isso não é bagunça. Eu só coloquei algumas coisas a mais aí. - Responde Gabriel surgindo logo atrás dele.

— Precisava jogar?

— Vocês podiam parar de se bicar né? Nem saímos ainda e já está tudo tumultuado. - Luan sai de seu quarto carregando seu saxofone ainda tentando guardá-lo em sua mala. — E você Guilherme vai terminar de trazer suas coisas ou não?

— Ainda da tempo de tirar mais um cochilo. - Responde ele aos gritos de dentro do quarto.

— Deixa de ser preguiçoso. - Agora já podia ver Pedro impecavelmente arrumado, puxando sua enorme mala atrás de si.

O mistério das sombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora