Eu odeio ter que dizer isso

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Na biblioteca quase deserta, Tzuyu se escondia atrás de um livro, folheando aquelas malditas folhas, tentando gravar o conteúdo para a prova do próximo horário. Mas algo a impedia de pensar logicamente. Sim, não conseguia desviar seus pensamentos de Sana. Após a discussão no corredor, não se falaram mais.

Ao lado dos cadernos e livros espalhados pela mesa, havia o jornal impresso da faculdade. E na coluna de fofoca, lá estava, a foto de Tzuyu jogando os corações no lixo. A chamada nada mais era que Park Jihyo levantando hipóteses sobre o motivo da discussão naquele dia. Um grande absurdo.

Chou Tzuyu ouviu a tosse seca à sua frente. Lançou para ela um olhar desanimado e então apontou para a cadeira vazia do outro lado da mesa. Ainda que estivesse cansada de toda aquela situação, precisaria engolir a Park uma última vez.

— Eu vim o mais rápido possível quando li sua mensagem. Quer fazer alguma revelação bombástica sobre você e Sana? — ela perguntou, já se aconchegando no local indicado.

— Você precisa parar de publicar essas besteiras sobre Sana e eu. Nós não namoramos.

— Ai, meu Deus! Vocês terminaram? — Jihyo arregalou os olhos. — Pode me conceder uma exclusiva sobre isso?

— Nós nunca namoramos. Sana e eu não somos um casal e não vamos ser em nenhum momento. SaTzu simplesmente não existe. Nós nem amigas somos.

— É claro que existe. Não seja boba.

— Vocês confundiram tudo. Eu só estava ajudando a Sana com algo e por isso estávamos tão próximas.

— Como aquele dia no armário? — Jihyo sorriu pequeno. — Bem próximas.

— Aquele dia foi um grande mal-entendido. Eu juro.

Park Jihyo levantou-se imediatamente, ajeitou a gola da camisa social que vestia e, agora, com um sorriso largo no rosto, assentiu para a Chou, como se soubesse exatamente o que ela queria com tudo aquilo. Ou pelo menos, achava que sabia.

— Já entendi tudo — ela garantiu, lançando uma piscadinha para a garota à frente. — Estratégias.

— Como é?

— Você estuda Publicidade e Propaganda, está apenas colocando os conhecimentos em prática. Aquele dia da discussão, você sabia que seria fotografada por mim ou por alguma outra fofoqueira de plantão.

— Não, não, espera aí, não é nada disso.

— Uma briga entre um casal famoso sempre gera especulação. Vocês precisavam se manter em alta, então usaram uma estratégia de para continuar na boca dos fãs e dos haters também. Sua jogada é genial, Chou Tzuyu!

— Não foi uma jogada.

— Agora, como seu plano deu certo e vocês continuam sendo o assunto mais falado de toda a faculdade, já pode tirar a máscara. Eu sei exatamente o que você gostaria de dizer para sua namorada. Vou providenciar tudo!

Jihyo retirou-se dali em passos apressados, até porque, teria um longo trabalho pela frente.

Tzuyu soltou o livro sobre mesa de uma só vez, recebendo um olhar nada amigável da senhorinha recepcionista. Aquele definitivamente não era seu dia. Jihyo postaria mais mentiras sobre o namoro, sua nota na prova seria um belo de um zero, teria que se humilhar para Kim Taeyeon para conseguir passar no semestre e, para completar, Sana a odiava. Talvez fosse melhor mesmo procurar outra faculdade.

— Eu não odeio você — a voz doce falou, enquanto a garota puxava uma cadeira para se sentar. — Embora eu devesse odiar com todas as minhas forças.

A Chou olhou envergonhada para a rosada, que a encarava com aqueles olhos atentos e fixos demais para simplesmente ignorá-los.

— Como me achou?

— Você é do tipo que só visita uma biblioteca para dormir ou quando alguma prova muito importante se aproxima. — Sana deslizou as mãos pelos longos braços da cadeira. — Soube que sua prova de economia é hoje. Vim chamar você para estudarmos na cafeteria.

— Minha fama é mesmo deplorável, não é? — Tzuyu lamentou, já puxando para si seus materiais, disposta a guardá-los o mais rápido possível. — Vou reprovar com a Taeyeon. No momento essa é minha única certeza na vida.

— Onde foi parar seu otimismo?

— E por acaso ele já existiu? — a Chou não pôde evitar um sorriso ao tirar sarro de seu desastre particular. — Mas e quanto a você, não está mesmo brava comigo?

— Não mais — Sana admitiu. — Só estava cuidando de mim. No fundo, você se importa, e também estava certa sobre a Nayeon. Acredita que saímos e uma ex-namorada dela apareceu?

— É mesmo? — Tzuyu fingiu espanto. — Que desagradável.

— Muito! — a rosada se inclinou sobre a mesa. — Você não sabe a pior parte. A tal namorada disse que a Nayeon a traía com outras quatro pessoas. Quatro!

— Céus, quatro pessoas?

— Sem falar que a ex-namorada ainda disse que Nayeon tratou ela super mal depois que terminaram — Sana falou, totalmente desolada. — Tudo bem que o histórico de relacionamentos da Nayeon não é dos melhores, mas nunca pensei que ela fosse tão tóxica a esse ponto.

Tzuyu limpou a garganta e, fechando a mochila de modo tranquilo, a deixou sobre a mesa. Finalmente recebera uma notícia para melhorar aquele dia caótico.

— Trágico. Eu odeio ter que dizer isso. Mas eu avisei.

— Eu sei, Tzuyu.

— Tentei alertar você para que não sofresse como as outras pessoas que se relacionaram com ela.

— Pensei que seria diferente — Sana falou, cabisbaixa, nem um pouco disposta a contra-argumentar naquele momento. — Eu fui boba, sei disso.

— Ter um destaque no perfil do Instagram para falar mal das ex-namoradas já diz muito sobre ela. Nayeon é o tipo de garota que se aproveita de você e então te descarta.

Como se Sana não soubesse. No entanto, ouvir aquilo de Tzuyu era um pouco mais complicado.

— Eu me sinto mal por isso.

— Por insistir naquela bruaca?

— Por me importar com pessoas que sempre querem se aproveitar de mim.

Ela tá TÃO na sua! [SaTzu]Onde histórias criam vida. Descubra agora