Prólogo / Capítulo 1

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Cerejeiras são belas árvores, carregadas com suas folhas rosadas, em um tom que agrada a visão, assim como no começo da primavera, levam nossos sentimentos, como pode uma única árvore passar por diversos estados mas ainda continuar a florescer?

"A terra é insultada, e oferece suas flores como resposta" - Tagore

Tokyo, uma metrópole grande e bem movimentada, os raios de sol atravessam grandes edifícios espelhados e as árvores criam suaves sombras para poder se resguardar.
Em meio a tanto movimento existe também aqueles que estão por baixo dos panos, uma grande cidade traz como consequência grandes negócios, e grandes negócios sempre envolve a criminalidade, ladrões, gangues, assassinos são alguns dos problemas que surgem dos becos mais sombrios e se revelam diante da escuridão, deixando mínimos rastros ou até mesmos os mais ousados se revelam mas ainda saem impune, diante a situação existia alguém que à desafiava, sem medir o tamanho da consequência, um jovem se revelava com seus punhos manchados de sangue, enquanto uma pessoa nada sortuda era submetida aos seus pesados golpes:

- Vocês me cansam, achei que já tinha expulsado você daqui mês passado quando dei uma surra bem dada, mas pelo visto a teimosia foi a sua ruína hoje.

"Maldito moleque, ele age por contra própria e não há nunca alguém para revidar, o chefe vai perceber que tem algo impedindo a dominação desse bairro" pensava o pobre homem enquanto perdia levemente sua consciência.

- Estou de bom humor hoje, não pretendo ficar aqui o dia todo socando sua cara, vá para o bueiro de onde veio e suma.

O homem corre em direção as ruas ensolaradas enquanto mancava e tonteava.

- Bater em gente burra não me dá um centavo, mas me tornar alguém sujo igual a eles com certeza não é uma opção, vou ter que começar a fazer bicos ou eu ficarei sem o que comer no próximo mês, descontar minha frustração como forma de justiça não vai trazer meu emprego de volta.

Ao se levantar o jovem percebe três homens dentro do mesmo beco em que estava, pareciam não notar sua presença porém conversavam sobre algo na qual o jovem ficou curioso para ouvir, isso pois ele havia julgado o livro pela capa sem perceber, e seu julgamento estava certo, eram 3 membros de uma grande gangue chamada Teruna, uma gangue procurada por tráfico internacional de drogas e assassinatos diversos, seus uniformes os entregavam, o jovem logo se apoiou atrás de uma grande caixa, agachado, ele escutava suas vozes:

- Hoje eu peguei uma bela grana com aqueles palhaços colegiais, dá pra acreditar que os caras são nossos maiores consumidores?
- Hahaha realmente é surpreendente, esse pirralhos já se viciam na erva desde cedo, não dá pra reclamar, todo mês é como se meu bolso ganhasse uma grande chuva de dinheiro.
- O chefe vai ficar chocado também quando souber o tanto que estamos lucrando com as escolas, logo também aquela puta não vai mais atrapalhar quando dominarmos boa parte do distrito leste de Tokyo.

O jovem escutava aquela conversa com serenidade, ele esperava seu coração o guiar para lutar contra aqueles 3 delinquentes, então foi se levantando de trás da caixa e quando sua língua estava se desprendendo para soltar uma palavra, ele ouviu uma voz fria, baixa, porém de grande impacto:

- Ora, é assim que estou sendo conhecida, uma decepção estar sempre na boca de pobretões como vocês.

Uma garota encapuzada com um grande moletom em seu corpo havia adentrado o beco, em seu moletom havia um kanji, "決S定", significava Determinação, porém o S no meio era o que fazia os rostos daqueles homens se fechar e forçar seus olhos a acreditar no que estavam vendo, o terror que a presença daquela mulher trazia naquele lugar era como se o destino estivesse armando uma grande armadilha contra eles.- É a Sakagami, sem dúvidas, é ela mesma!- Eu nunca havia visto ela de perto, haviam apenas rumores.

- Vocês tem medo apenas do que o destino lhes preparou, eu só vim realizar esse desejo.

Em um piscar de olhos os 3 estavam no chão inconscientes enquanto a garota verificava seus bolsos, o jovem porém havia visto o que tinha acontecido por conta de sua enorme percepção, a garota havia usado 3 chutes extremamente fortes e rápidos em cada um, isso o chocou mas diversas perguntas haviam se instalado em sua cabeça.

Quem era aquela garota?
Ela participava de alguma gangue? Isso explica o kanji em seu moletom.

Por que ela estava revistando os bolsos? Ela vai roubar o dinheiro que eles pegaram?
Como ela é tão forte? Seus golpes foram extremamente precisos!

Levado pela emoção do momento, ele grita:

- Ei! Por favor, quem é você?

A Garota se vira e o observa dos pés a cabeça, ela tem uma expressão totalmente fria e serena.

- Você deve ser aquele pirralho do qual esses idiotas tanto falam, o justiceiro de Tokyo.

- Como sabe o que eu faço? Olha aqui, você aparenta ter a mesma idade que eu então é melhor se conformar que é uma pirralha também.

- Escuta aqui garoto, largue dessas suas ações, isso vai te trazer uma grande consequência, você apenas não experimentou ainda.

- Você não pode sair decidindo o que eu devo fazer, eu nem mesmo te conheço.

- Não irá gostar de conhecer, um grande rio só flui quando a pedra é tirada de seu caminho, nesse momento, você é a pedra, uma que está passando a incomodar bastante o rio, logo vão te tirar do caminho.

Dito isso a garota se levanta e caminha para fora do beco.

- É só isso que vai me dizer? Vai me deixar em branco?

A garota o ignora e se dispersa em meio a multidão que passava pela calçada.

O jovem foi tomado por uma forte emoção no momento, algo que particularmente ele estava bem interessado em desvendar, seus pensamentos o atacavam rapidamente:

- Seja lá quem ela for, com certeza é muito forte, dizem que as cerejeiras afloram em diferentes estações do ano, porém ela é uma cerejeira presa a uma única estação, neutra, sua expressão ainda me causa um certo desgosto, eu vou encontrá-la de novo.

"Eu não sei o que quero ser, mas sei muito bem o que não quero me tornar" - Nietzsche

As Cerejeiras Estão MortasOnde histórias criam vida. Descubra agora