Capítulo 2 - O vento carrega suas folhas

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"Quando se navega sem destino, nenhum vento é favorável" - Sêneca

Naquela cidade, haviam pessoas que acreditavam na morte como algo bom, "A consequência de suas ações sendo espelhadas e cumpridas não importa se fosse bem ou mal".
Costumamos não nos importar com o que podemos colher amanhã no plantio de hoje, essa filosofia se seguia firme tanto pelas pessoas de bem quanto também no submundo do crime, aqueles que entram pelo caminho escuro não se importam se a próxima porta vai ser reluzente, o que importa de verdade é cumprir suas funções e viver de forma que os agrade, assim também funcionava para o nosso Jovem, sua deslocação o deixou perdido diante de um mundo vazio sem ambições, o que era mais um dia? Apenas algo para se contar, usar como números e esperar essa contagem terminar, mas o destino estava sendo escrito por trás de todo aquele enredo, uma pequena ambição ali se criava e então talvez uma nova época de plantio estivesse vindo.
O jovem se perguntava quem era aquela misteriosa garota e qual era o objetivo dela, ela não parecia uma delinquente ou alguém que estaria interessada no crime, isso era o que pensava consigo mesmo, mas para encontrá-la novamente talvez fosse fácil, mas o que aconteceria em um próximo encontro? Ela simplesmente seria fria mais uma vez? Se for o caso não seria tão inteligente ir atrás dela mais uma vez, mas talvez a investigar por trás dos panos já responderia muita coisa.

- Aqueles caras haviam dito o nome dela com tanto terror em suas palavras, é possível que ela seja alguém importante pra essas gangues, talvez temida.

O jovem na verdade temia alguém ser tão poderoso quanto ele, assim por se dizer, ele não se importava em perder mas não gostava de ficar atrás nas coisas que faz, e se existia alguém mais forte que ele dando uma surra em charlatões por aí, isso o incomodava, o fazia pensar por qual motivo essa pessoa faz isso.
Era noite e estava ficando frio, os colegiais já haviam voltado de suas escolas e quem trabalhava até tarde estava se preparando para se aquecer na hora da saída, enquanto isso:

- Andar até a conveniência é algo tão relaxante, as vezes me faz esquecer que eu vivo uma vida de um selvagem, acho que eu deveria parar de me importar com o que acontece a minha volta.

Chegando na conveniência, ele se depara com 3 homens mascarados, com jaquetas estampadas com a letra T e um kanji não identificável, obviamente ele já havia pensado na probabilidade de ser marginais de alguma gangue, porém o que lhe chamou a atenção foi a ação que estavam fazendo no momento:

- Ai cara, a gente sabe que é teu emprego e que você não tem culpa em questão dos preços, mas a gente tá aqui pra cobrar só os chefões, e se uma caixa de leite nesse lugar custa tão caro assim, é por que esse teu chefe é um babaca que tá precisando de uma lição, a gente tá lutando sempre pelo justo.

- Melhor tu ligar pro cara, ou então tu vai pagar no lugar dele, ouviu quatro olhos.

O atendente estava sem reação nenhuma, seus dedos tremiam e sua boca mal abria para conseguir dizer uma palavra, ele apenas observava enquanto os homens começavam a se irritar. Mas o jovem se intrometeu:

- Fala ai bando de malandro, por que alguém tem que levar uma lição por causa de um preço de uma caixa de leite? Não estão fazendo tempestade em copo da água?

- E quem é você pra decidir o que vamos fazer? Moleque é melhor ficar fora disso, essa briga aqui é de peixe grande.

- Ora, vocês são muito convencidos, devem usar o título de vocês pra criar confusão por qualquer besteira.

- Aqui é Teruna seu merdinha, olha como fala com a gente, se não quiser morrer é bom vazar.

- Mas eu nem me apresentei, esses dias ouvi boatos meus na boca de alguns idiotas iguais a vocês, diziam que eu era incrível, estou começando a elevar minha auto estima com isso.

As Cerejeiras Estão MortasOnde histórias criam vida. Descubra agora