Harry olhou para o cadáver do basilisco sombriamente. A espada da Grifinória suja de sangue em suas mãos, combinando com sigo mesmo e o chão. "Era só isso?" Ele pensou. Toda aquela luta, os sussurros sobre ele ser um futuro lorde das trevas inundando Hogwarts, o perigo da escola fechar, o diário, Ginny. Tudo isso, para que no final ele acabasse aqui: uma câmara secreta aberta por um bruxo maluco em seus 16 anos, uma criatura morta e Harry banhado em sangue.
"Valeu a pena?" Ele perguntou. Talvez tivesse, talvez não. O que ele esperava realmente? Não tinha o que esperar, no entanto. O diário foi destruído, Ginny estava quase morta. Para quê? E por que tinha que ser ele a fazer isso? Tantos outros bruxos mais experientes, mais poderosos. Mais dignos. Por que ele tinha que sujar suas mãos? Por que ele tinha que fazer o trabalho duro sem esperar nada em troca? O que todos pensavam que ele era!?
Essa guerra não é sua. Seus pais foram mortos, e daí? Ele não os conhecia, não guardava ressentimento. Pessoas morreram, e daí? Morreriam de qualquer forma, Voldemort — ou Tom? — só adiou o processo. Ele não devia nada a eles. Não é porque ele sobreviveu em troca da vida de seus pais que ele vai sair por aí e se arriscar por qualquer bruxo idiota. Todos sempre esperavam algo dele, desde os Dursleys. As expectativas foram um pouco alteradas, porém era praticamente a mesma coisa. "Harry deve fazer isso", "Harry pode fazer aquilo", "Harry nos deve", "Harry é um monstro". Não mudou muita coisa, realmente.
Sem tirar os olhos do corpo do basilisco, Harry jogou a espada em qualquer canto do local, e cansado, caiu de joelhos. E então, ele olhou para suas mãos machucadas e ensanguentadas com o cenho franzido.
"Por que eu tenho que fazer isso?" Se perguntou novamente.
Com um suspiro derrotado, e mais um olhar para a criatura outrora vida, ele fechou seus olhos e deu uma risada melancólica. Mais um suspiro, e ele se permitiu gargalhar de desespero. Sua risada ecoava pela câmara causando pequenos ecos. Deuses, como ele era patético. Como isso era patético, até mesmo para ele.
A gargalhada foi substituída por fungadas, e logo, ele estava deitado no chão aos prantos.
Ele era patético. Isso era patético. Voldemort era patético. Os Dursleys eram patéticos, Snape era patético, tudo era patético! Tudo em sua vida sempre foi patético. E ele sempre aceitou isso. Aceitou que tudo nele era patético, desde a sua aparência até seu estado mental. Talvez seus tios estivessem certos. Talvez eles estivessem certos esse tempo todo!
Harry abraçou a si próprio e se enrolou em uma bola no chão, se rendendo à angústia e dor que preenchiam seu ser a muitos anos. Ele só queria desaparecer, apenas isso. Se enrolar até que não sobre nada além de um nó. Talvez fosse isso que ele merecesse.
E não pela primeira vez, e muito menos a última, Harry desprezou e enojou a si mesmo com toda força que sua mente jovem de 12 anos poderia ser capaz de fazer.
Seu corpo tremia, sua cabeça latejava, seus olhos ardiam e suas emoções se emaranhavam em um conjunto confuso de sensações horríveis. Harry não pôde deixar de desejar uma vida tranquila, onde tinha seus pais, uma casa linda, tios gentis, amigos compreensivos e talvez um irmão ou irmã. Ele sabia que isso era apenas um sonho desesperado de um garoto órfão deprimido. Então, ele desejou não ter sentimentos, pois assim nada poderia machucá-lo. Nada poderia fazê-lo se sentir assim outra vez. "Seria melhor assim" ele pensou.
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Por que tem que ser eu?
FanfictionHarry matou o basilisco, mas sua cabeça simplesmente não consegue entender porquê.