• Giovanna Antonelli •
Me permiti receber aquele abraço. Alexandre acariciava meus cabelos de um jeito carinhoso, contrastando com a presença da sua mão forte contra a minha cintura. Senti minha pele arrepiar por completo, resultado da mistura do frio da noite com o calor do seu corpo junto ao meu.
Eu estava a ponto de desabar, a ligação de Leonardo tinha me tirado do eixo, senti uma lágrima solitária rolar pela minha bochecha e logo tratei de enxugá-la sem deixar que o homem que me tinha ao redor dos seus braços percebesse.
Alguns segundos depois nós desvencilhamos daquele contato aconchegante.
- Queria poder te fazer compainha, se você quisesse, mas infelizmente eu só saio daqui amanhã.
- Fica tranquilo, eu estou bem - falei na tentativa de convencer a mim mesma de que eu realmente estava. O olhar dele para mim era terno.
- Vai ter alguém te esperando em casa hoje? - Alexandre perguntou receoso, pela primeira vez não pareceu ser com segundas intenções.
- Não, hoje não.
- Então fica.
- Como assim, "fica"?
- Fica aqui no hospital, o repouso médico do CC é muito tranquilo à noite, com certeza vai ter uma cama sobrando pra você.
Eu caí na gargalhada enquanto ele me olhava com seriedade.
- Espera aí, você tá falando sério?
- É claro. A gente pode pedir uma pizza, tomar um suco de uva fingindo que é vinho e podemos conversar sobre tudo ou sobre nada. Você vai ter companhia e o meu plantão vai ser muito mais fácil de lidar. E aí? Janta comigo?
Era uma boa proposta ou vai ver eu estava perdendo a sanidade por estar considerando esse convite. Ponderei por um instante, e enquanto meu silêncio se fazia presente ele destravou a porta do Jeep Compass e tirou um carregador de celular de dentro.
- Tudo bem, Giovanna, vou voltar pro setor, eu só vim pegar isso aqui e... não vou mais te incomod... - começou a falar mas eu o interrompi.
- Eu só vou pegar minha bolsa de emergência aqui no carro, espera aí - falei me referindo a bolsa que eu carregava a cada plantão com uma muda de roupa, calcinha, toalha e produtos de higiene pessoal.
Eu só poderia estar maluca.
•
Eu devorava a última fatia de pizza e a minha companhia me devorava com os olhos, como se quisesse decorar todos os meus traços, todas as minhas expressões corporais. Conversávamos amenidades, principalmente sobre a rotina de trabalho que ele tinha e eu contava um pouco como era no Rio.
Realmente estava bastante tranquilo por ali, estávamos jantando na salinha de estar médico do centro cirúrgico, o repouso era por trás de uma das duas portas que havia ali dentro.
Antes de fazermos o pedido no iFood, tínhamos entrado no repouso para guardar a minha bolsa em cima de uma das beliches que havia ali, notei a presença de mais três médicos no cômodo de descanso, preocupados demais com suas próprias vidas para notar minha presença inusitada ali. Um parecia cochilar e os outros dois estavam cada um absorto em seu próprio aparelho celular.
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Uma Dose de Amor | GN
FanfictionA pediatra Giovanna Antonelli vê a sua vida virar de cabeça para baixo quando se muda do Rio de Janeiro para acompanhar o marido militar que havia sido transferido pra Curitiba. Lá ela conhece o anestesista Alexandre Nero, recém divorciado e dono d...