O Ovo do Dragão

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"Uma morte honrada vale mais que ouro". Era uma frase popular entre os templários de Urbano II.

O sarraceno cuja cabeça acabava de ser separada de seu corpo por uma lâmina sanguinária provavelmente discordaria.

- IN NOMINE PATRE! – Gritou um homem, enquanto o pandemônio de sangue e poeira se seguia.

Poeira levantava a cada corpo tombado. A batalha, que não durava mais que alguns minutos, custava a vida da maioria dos guerreiros que dela participavam. Sem dúvida, menestréis de todo o mundo dariam os dedos de suas mãos para tê-la presenciado e poder narrá-la com todos os detalhes que lhe cabiam. Foram doze guerreiros santos, entre cavaleiros e soldados cruzados, ao encontro de pelo menos o triplo mais dez de infiéis.

No fim, restavam apenas cinco cruzados, quatro cavaleiros e um soldado, contra uns vinte sarracenos. E mesmo que fossem duzentos ou dois mil não faria diferença.

Pois aqueles guerreiros eram a fúria divina.

- Abaixa Nathaniel! – Berrou Lucas, o jovem soldado, aparando um golpe que se dirigia ao pescoço do amigo. Nathaniel se limitou a sorrir e matar o agressor.

- Não precisa me proteger menino! Mateus ou o Gordo, talvez. A mim, nunca! – Disse, antes de se atirar e matar o próximo inimigo.

Sangue e terra se misturavam no combate. Um rapaz, pouco mais velho que Lucas e tão esguio quanto ele, lutava com duas espadas curtas, uma em cada mão, e parecia acertar brechas invisíveis nas defesas dos inimigos. O outro, um homem gigantesco com um machado digno de si, não precisava de tais brechas. O balanço de sua arma, um bocado cruel de aço, era o bastante para eviscerar qualquer tolo que se opusesse a ele.

E mais que qualquer um deles, um homem de barba na altura do peito e olhos soturnos matava a todos ao seu alcance. Seu olhar soprava o frio da morte, e era a ultima coisa que seus oponentes enxergavam. Pelo menos dez tombaram apenas por sua espada.

Counes, o herói das cruzadas, fazia mais uma vez sua lenda crescer.

E assim, rapidamente a batalha terminou, com mortos, quase mortos e nenhum fugitivo. De pé, só aqueles cinco homens. Reagruparam-se saudando uns aos outros. Todos se conheciam de longa data e batalhas heróicas.

- Por fim, sucesso! – Declarou Mateus, com um sorriso petulante.

"Chama de sucesso perder metade de nossos homens? Tolice." Retrucou Counes com severidade. Caminhou entre os mortos, rezando por cada companheiro que encontrava. Não disse a maioria dos nomes. Os rostos desfigurados não permitiam reconhecimentos. "Esta luta foi insensata. Que ganhamos com isso?"

"Além de sangue na espada? Um tesouro, claro. Tantos homens escoltando uma arca, sem dúvida deve ser algo valioso. Alguma bobagem pagã com ouro!" Disse Nathaniel chutando um cadáver. Counes se limitou a olhá-lo com repreensão. Havia sentido nas palavras de Nathaniel, mesmo com suas maneiras desonrosas.

- Sangue no meu machado já me satisfaz. Mas aceito o que vier. – Falou o Gordo, se sentando. Lógico, este não era seu nome, mas de tanto ser chamado assim, resolveu adotá-lo.

- E é certo se apropriar disto? Nada de bom virá do que desonra nosso Deus. – Perguntou Lucas com sinceridade. Em resposta, apenas um riso debochado de Mateus, que o acompanhou em direção à arca dizendo "Sua fé e honra são tocantes e inúteis, Lucas. Mas tudo bem. Eu fico com tua parte."

A arca, ricamente adornada com prata e pedras preciosas, era coberta com seda da melhor qualidade. Os cinco se aproximaram sem medo, pois qualquer que fosse o perigo, ele cairia por suas espadas. Mesmo assim, Lucas ficou um passo mais distante do que os outros.

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⏰ Última atualização: Jun 03, 2015 ⏰

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