Parte 1

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Sophie e Sam eram inseparáveis desde a infância, crescendo na mesma rua em uma pequena cidade e compartilhando o mesmo sonho fascinante e desafiador: desvendar os segredos do tempo. Quando crianças, se desafiavam com quebra-cabeças de física, disputas amistosas que continuaram até a vida adulta, revelando uma rivalidade afetuosa que apenas fortalecia sua conexão. Eles acreditavam na teoria de que o tempo era como um rio, onde as correntezas fluíam em vários caminhos, tornando a viagem no tempo possível.

Ambos ingressaram na mesma universidade e, com muito esforço, conseguiram uma bolsa de estudos em um renomado centro de pesquisa do governo. Lá, finalmente puderam colocar suas ideias em prática e dedicaram anos aperfeiçoando um dispositivo de viagem no tempo, que batizaram de "Cronólogo".

Eles mantiveram seu romance em segredo, pois temiam que seus relacionamentos pessoais viessem à tona e afetassem o financiamento de sua pesquisa. Mesmo assim, em momentos de pausa, planejavam como viajariam no tempo juntos, para desvendar as maravilhas que poucos sonharam presenciar.

Um dia, enquanto faziam testes rotineiros no Cronólogo, uma rival e motivada sociedade secreta de cientistas invadiu suas dependências. No processo de lhes roubar o projeto, um dos membros dessa sociedade, por acidente, ativou o dispositivo e desencadeou uma série de eventos catastróficos. O projeto estava prestes a lançar Sophie e Sam 50 anos no passado.

Sophie, percebendo o que havia ocorrido, gritou: "Sam! O Cronólogo vai ativar! Corra!" Mas Sam hesitou. Sua curiosidade e senso de dever superaram a preocupação com sua própria segurança. Assim, ele decidiu tirar uma última amostra do dispositivo antes de se afastar dele. Não havia como replicar este artefato no laboratório, caso este estudo falhasse.

A máquina foi ativada antes que Sophie pudesse ajudá-lo. Enquanto os cientistas-invasores se afastavam, Sam gritava o nome de Sophie, enquanto ela desaparecia pelas teias do tempo.

Sophie se viu atirada 50 anos no passado, em um mundo estranho e desconhecido. A falta de tecnologia era desconcertante e a comunicação, um desafio. Ela se sentia deslocada, uma mulher do futuro perdida em um passado que lhe era estranho. Mesmo assim, manteve viva a esperança de reencontrar Sam, enquanto se ajustava à vida naqueles tempos. Ela conservou por anos a esperança de reencontrar seu amado, enquanto atravessava os desafios e necessidades da época.

Sam, lançado 50 anos no futuro, se viu em um mundo drasticamente diferente do que conhecera. Novas tecnologias surgiam a cada dia, e a sociedade havia passado por mudanças significativas. No entanto, ele persistiu, dedicando-se ainda mais ao seu laboratório e tomando a decisão de sacrificar seu amor por Sophie em nome de sua pesquisa.

Enquanto a sociedade percebia os erros causados por viagens no tempo que abalavam a linha espaço-temporal, todas as pesquisas sobre viagem no tempo foram banidas, para evitar retirar a humanidade da existência. Sam fingiu desistir de seu laboratório, agindo como um mero cientista normal, até que, um dia, encontrou um objeto escondido entre suas antigas anotações. Depois de um confronto perigoso com a mesma sociedade secreta de cientistas que inicialmente tentou roubar o Cronólogo, Sam descobriu um objeto escondido entre suas antigas anotações. Ao desdobrá-lo, uma carta de Sophie, meticulosamente conservada, caiu em suas mãos. Ela havia deixado a carta em uma das primeiras edições do livro, nunca perdendo a esperança de que Sam a encontraria.

Nos últimos momentos de revelação da verdade ao leitor, desvela-se que Sophie e Sam não foram separados e distantes no tempo: Sophie, 50 anos atrás, lançou-se na escrita e transformou as memórias e suas esperanças na obra que ganhou gerações e corações, enquanto aguardava seu amor. No futuro, a persistência de Sam manteve a esperança em seu coração. Cada um deles foi contribuidor para o legado um do outro, para criação do eterno amor deles. Quando alcançam esse entendimento, resgatam seu encontro no tempo imaginário perdido, promovendo paz ao coração e à pluralidade das suas histórias.

Em suas mãos, Sam segurava o livro que Sophie escreveu: 'O Infinito Que Nos Separa". A história deles, contada nas páginas, era um testemunho de um amor que resistiu ao tempo e ao espaço. Ele olhou para a foto de Sophie na contracapa, uma imagem do passado que ele guardava em seu laboratório todos esses anos, e um soluço escapou e, que pudesse notar, seus olhos começaram a lacrimejar, em uma mistura de saudade e esperança. Ele finalmente tinha a certeza de que Sophie havia sobrevivido à sua viagem no tempo e mandado uma mensagem para ele através de seu livro.

Com o livro em suas mãos, Sam se encontrava em um turbilhão de emoções - alívio, tristeza, mas acima de tudo, determinação. A viagem no tempo pode ter sido banida, mas isso não significava que ele tinha que desistir. As palavras de Sophie o incitavam, um chamado silencioso através do tempo.

'Eu vou te encontrar, Sophie', murmurou ele para si mesmo, olhando para o Cronólogo empoeirado em um canto do laboratório. 'Não importa o quão longe você esteja, nem o tempo que leve.'

E assim, com o amor de sua vida esperando por ele no passado e a proibição da viagem no tempo pairando sobre sua cabeça, Sam estava mais determinado do que nunca. Ele sabia que o caminho à frente seria repleto de desafios e perigos, mas estava pronto para enfrentá-los. Para Sophie. Para eles. Para o seu amor que desafiava o tempo.

Com um último olhar para a capa do livro, Sam se levantou, enxugou as lágrimas e caminhou em direção ao Cronólogo. Uma nova jornada estava apenas começando...

O Infinito Que Nos SeparaOnde histórias criam vida. Descubra agora