Levo algum tempo para entender as palavras que saem da boca de Pietro, quando percebo ele está estalando os dedos na frente do meu rosto.
— Terra chamando a gostosa na minha frente... — Seus olhos verdes me encararam e eu suspiro sorrindo.
Estamos no ateliê da faculdade, enquanto eu estou tentando ler os textos teóricos sobre os movimentos, Pietro e Nat costuram algumas peças.
— Ela esteve assim o dia inteiro, tá tudo bem? — Dessa vez encaro um ponto específico. Bem longe de todos.
— Tirando o fato de ter que ler vinte artigos, entregar as peças a tempo para o estúdio e lidar com o idiota do Marcel , tudo bem.
Pietro ri. Nat me olha séria.
— Ele continua sendo otário? Amiga já disse.. — Nat se levanta deixando as agulhas na mesa e algumas pessoas encaram ela. — Um belo chute no saco resolve. Bem dado.
Pietro volta a rir.
— Sua sorte que esse pessoal não fala português. — Aponto as pessoas olhando para ela.
— Eu sei o que pode resolver! — Pietro fala, sua mão erguida no ar como se quisesse ser notado.
—Por favor, não diga ficar bêbado em uma festa. — Imploro.
— Não ia dizer isso. — Ele protesta.
— Ia sim. — Nat aponta.
— Tá legal, eu ia... — Rimos. — Mas faz meses que não saímos. Estamos em Londres , caralho.
— Estamos aqui para estudar, seu cretino. — Tento me concentrar no texto que estou lendo.
Ouve-se um lamento de alguém que tinha furado o dedo com uma agulha. Acontece o tempo inteiro.
— Isso lá impede a gente de transar, beber, se drogar e sermos jovens? — Ele fala tão indignado que me ergo rapidamente para fechar sua boca.
— Ele tem um ponto. — Nat se prontifica.
— Não fica do lado dele, por favor...
— Sabe que estamos certos, esquece esse Marcel. — Ele aponta a tesoura na minha direção. — Vamos viver!
— Não tô afim de ir pra festa, Pietro.
— Vai estar quando eu disser que tenho ingressos para uma festa onde só vão famosos. Você pode fazer contatos.
— Algum desses se interessa por moda? — Pergunto e ele nega. — Então não faz sentido eu estar lá.
— Ela não quer ir porque Marcel quer encontrar ela hoje. — Nat diz.
— Para de me entregar, sua piranha.
Pietro revira os olhos.
— Por qual motivo você só sai com babacas? — Ignoro. — Tem relação com o suposto jogador em início de carreira que você namorou no Brasil?
Meu suspiro agora é de pura impaciência e estou com os olhos fechados.
— Não quero conversar sobre isso. — Me levanto pegando o máximo de folhas que consigo. — Me peguem as dez, se passar disso eu desisto dessa festa idiota.
E eu pisei forte ao abandonar a sala que estávamos, sem dar satisfação ao professor do porque estar indo embora.
Um pouco mais tarde eu já estava em casa, a taça de vinho pela metade na minha mão me trazia um pouco de conforto. Mcqueen mia no cantinho da sala e dou um sorriso para ela, aumentando um pouco do volume do som que tocava uma música leve. O sol estava quase se pondo, o apartamento estava com um clima melancólico e quase ansioso, mas estranhamente me trazia um pouco de paz.
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Fashion of His Love - Gabriel Martinelli
FanfictionEle já foi alguém para ela, hoje é apenas uma lembrança na revista de sua vida. Samantha gostava de costura e de planejar desfiles. Estudar moda em Londres era um sonho e o pontapé inicial para uma carreira de sucesso, ela só não contava ter que re...