capítulo 1

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"Abrem-se os portões." Diz a voz no Alto Falante.

Rodeada de alguns Policiais, lá estava eu, saindo da prisão pela porta da frente, como se eu fosse a primeira santa a pisar na terra.
Me sentia bem, estava saindo da aquela porra. Cumprindo minha pena e colaborando com Policiais, claro.
Estava calma, como se estivesse indo para cama dormir depois de um dia exausto.

Me encaminhava para o portão de saída me virando para trás e admirando aquele lugar pela última vez. E que foda era poder ver aquilo pelo lado de fora. Quem vê assim nem imagina como é lá dentro.

Segui em frente, finalmente saindo, indo em direção a um Policial armado que estava no canto da área, indo perguntar o meu de sempre. Se ele tinha Cigarro.

Essa porra faz mal, confesso. Mas faz parte de mim. Sou eu que fumo, não você.

- Aí! você. - Chamo atenção do homem - Tem cigarro? - Digo fazendo sinal com a cabeça. Olhando ao redor e ainda pensativa de estar fora da prisão da aquela forma.

- Sim, tenho. - Ele diz.
Com a mão livre, ele pega o mesmo, e me dá. Logo em seguida faz o mesmo com o isqueiro, me dá e eu o ascendo.

Depois de ascender, somente saio do lado dele com seu isqueiro, que me pergunta;

- Ei, Meu isqueiro! - Dizia o policial - Apontando para mim.

- Depois te devolvo, tá bom? - Dou um sorriso irônico, sabendo que eu nunca mais vou devolver o isqueiro pro cara. Coitado.

Não fiz por mal, só queria sair da ali com pelo menos uma coisa que gostava.
Ele tambem não fez nada, reclamou sobre mas não foi atrás, dando a entender que ele não teria problema com aquilo.
Deixou eu sair com seu isqueiro numa boa.

E para falar a verdade, depois que me virei para ele novamente, vi um sorriso encarregado de bondade, como se estivesse me falando "Aproveite. Boa sorte com a vida."

Não dei bola. Me virei e segui com o isqueiro do mesmo até a parada de ônibus.

E foi assim. Eu, isqueiro, e o cigarro em que tragava até chegar na parada.

No caminho, já tinha mil pensamentos do tipo "Vou ser encontrada sendo caixa de Supermercado, ou empregada doméstica."
Pensando no o que iria fazer depois de sair da prisão.

Finalmente fora, finalmente livre. Finalmente podendo fazer oque quero sem regras e câmeras.
Porém, sem rumo algum.

Chego na parada, onde fico esperando calmamente pelo sagrado ônibus, com uns lados da minha cabeça pensando e repensando em "Foi dessa forma que sempre quis?"
E o outro "Sim, você que sempre lutou para estar do lado de fora, agora finalmente está! Parabéns."

A demora do ônibus já estava me deixando louca. Meus pensamentos sozinha no lado de fora em menos de 40 minutos já me deixavam inquieta. Estava sendo pior do oque 1 mês na solitária.

Tá, exagerei.

Confusa com os próprios pensamentos, só ficava mais tempo na maldita parada. Por mim, eu estava mais tempo na aquela parada do oque fiquei dentro da prisão.
Penso ironizando, e dando um sorriso sem mostrar os dentes com a própria piada.

Quem me visse de longe pensaria que eu era doida. Não estariam errados.

Vejo um carro se aproximando, só mais um dos cinco que estavam passando por ali.
Por mais que não chegassem tantos carros para a prisão, esse até que se aproximou bastante. O carro de algum Supervisor? Policial?
Talvez. Não estava nem um pouco interessada.
Só queria meu ônibus e me mandar. Até porque, eu ainda estava perto visualmente prisão.

O carro chega mais perto, mas não da prisão. De mim.

Na hora pensei que iam aparecer no mínimo cinco armas na janela para me matar.
Eu já estava aceitando o destino ali mesmo, até mesmo me despreocupado, já que não precisaria pensar no oque fazer depois que saísse da prisão. não queria virar "Qualquer pessoa."

O carro para em minha frente, saindo de lá uma visagem de cabelos claros.

Fiquei triste e feliz ao mesmo tempo em pensar que a conhecia.

"É a loira. 😊" | "É a loira. 😐"

Um lado da minha mente ficava
"Oque essa porra tá fazendo aqui." E o outro, a mesma coisa.

Ela sai, fechando a porta do carro, e se encostando no mesmo, ficando de frente para mim.

- Seu cabelo cresceu. - Diz a Loira.

- Somente assenti, não respondi ela. Estava mais ocupada dando a desculpa de que estava olhando a vista, sendo que eu já estava ali a meia hora. Já tinha visto de tudo menos o ônibus.

Não queria olhar para a cara dela.
Sai da prisão pela porta da frente e ela chega, estava "Bom demais" para ser verdade.

Não era por nenhum rancor, por mais que ela tenha tentando me matar diversas vezes. Só não queria admitir que depois de sair da prisão alguém visse que a primeira pessoa em quem eu teria contato seria Macarena.

E logo ela? Tem coisa aí.

Agora, eu resolvia encarar a Loira.

- Tá fazendo oque aqui? - Olhei confusa. Só conseguia pensar em duas coisas: "Ela realmente veio me buscar?" "Não me esqueceu pelo visto."

- Honestamente Zulema, considerei que precisasse de alguém para te buscar. - Ela disse e seguidamente, me encarou de volta.

Ri com a resposta dela, desviando o olhar. Dei uma última tragada no cigarro, e desse modo joguei ele no chão, o amassando.

Minha vida todinha não precisei de alguém, e ela acha que eu precisaria agora? Minha própria companhia já é suficiente.

- Vai entrar ou não? O ônibus não vem. - Ela sorriu, e então afastou-se do carro.

Antes de respondê-la, olho para os lados por algum sinal do ônibus. Era óbvio que ele não viria, mas eu não queria admitir que estaria indo embora com Macarena.

- Já que não tenho escolha mesmo. - Eu dizia demonstrando desinteresse. Em seguida, fui em direção ao carro esperando a Loira abrir.

- Incrível como o tempo passou e você continuou a mesma. - Macarena afirmou, sem demora ela abriu as portas e entrou no carro.

Entrei no carro simultaneamente com ela, a fitei por alguns segundos.

- E você, a mesma insuportável. - Ela sorriu em resposta e eu da mesma forma. - Para onde vamos, Loirinha? - Indaguei curiosa.

Gostam do primeiro capítulo?
Eu e Mya estamos fazendo de tudo para que fique uma boa leitura para todos.
Nós só temos a agradecer a quem está a ler. Muito obrigada. Beijinhos! 🤍
isaacivantos liadarachel
isaacivantos liadarachel

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⏰ Última atualização: Jun 21, 2023 ⏰

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