Guerra Infame - Livro Completo

Consciência Imperial

Diário do imperador Francisco José I do império Austro-húngaro.

Viena, 1903.

Em Roma tenho um nome forte que me ajudará diplomaticamente com os outros países católicos. Usei toda minha influência dentro da igreja para ajudar na ascensão do novo Papa, chamado de Pio X. Sei que isso elevará ainda mais meu prestígio na Europa, principalmente dentro da igreja, onde sou conhecido por ser um grande bem feitor.

Meus militares e conselheiros hoje cedo, ajudaram-me a reascender meu sonho de juventude. Sabemos que o império Russo está muito desconfiado das nossas intenções e até os compreendo. Financiamos seus inimigos em várias guerras no passado e digo com certeza que, com as escolhas que estou prestes a fazer, logo os enfrentaremos. O único caminho para a expansão é para o leste. Sei que lutaremos primeiro contra os otomanos que atualmente controlam os Balcãs e a Anatólia. E futuramente, enfrentaremos a Rússia. Tenho noção que o governo de Moscou anseia por esses territórios nos Balcãs.

Me agrada por demasiado a idéia de tomar até mesmo a Crimeia e Kiev, contudo, isso será daqui a alguns anos.

Viena, 1908.

A invasão á Bósnia e Herzegovina foi um sucesso. Já mandávamos indiretamente na região, porém no papel, ainda era dos Turcos-Otomanos. Esses não farão muita coisa, pois estão enfraquecidos por estarem em guerra contra a Itália.

Os sérvios estão protestando contra nosso domínio na Bósnia e os russos os tem apoiado. Meu herdeiro, Francisco Ferdinando, está receoso quanto a isso. Ele quer fazer uma reforma profunda em todo o império, transformando-o em uma federação. Eu ainda sou o imperador e digo que vou levar o império a glória máxima. O caminho está aberto, nos Balcãs.

Acabo de receber uma mensagem dos Turcos, creio que posso resolver esse problema rápido, pois nós temos inimigos em comum.

Viena, 1912.

A Itália derrotou os Otomanos e agora a Sérvia, Bulgária e Grécia, estão invadindo os territórios turcos nos Balcãs. Decidimos nos manter de fora, a Rússia está apoiando os sérvios e seus aliados, isso é um problema para minhas ambições, terei, sem dúvidas, de encarar a Rússia um dia.

Viena, 1913.

A Sérvia está lutando agora contra a Bulgária, seu antigo aliado contra os turcos. Ao mesmo tempo que estão realizando atentados na Bósnia por meio de grupos terroristas. Não tenho como provar isso ainda, mas sei que são eles ! Isto está pior que as reivindicações da Hungria a vários anos atrás, que terminou graças á Sissi, minha tão amada esposa que foi assassinada.

Desde sua morte, tenho sofrido ainda mais. Houve uma época em que não me restou nada, sem Sissi, sem ambições e sem meu único filho e herdeiro, que cometeu suicídio. Foram anos duros, de dor, solidão e amargura para mim. Nem mesmo as caricias e o amor de Katharina Schratt, puderam preencher esse vazio. Foi Sissi que a apresentou para mim, quando ela deixou claro que não me amava mais como homem. Mas eu amava Sissi demais para prende-la, para obriga-la a me amar. Sempre cuidei dela, até o dia de seu assassinato, o pior dia da minha vida. Agora, o renascimento da minha ambição da época de jovem, me faz esquecer essas dores e seguir em frente.

Viena, 1913.

As informações que meus espiões trazem é que essas novas organizações terroristas que atuam na Bósnia podem ter ajuda de alguns membros do governo da Sérvia e talvez até da Rússia. Sei que o momento de enfrentarmos eles está próximo, estou preparando meu exército e comprando muitas armas da Alemanha, que hoje é minha aliada.

A verdade é que toda Europa está se preparando para a guerra. Os franceses querem retomar territórios que a Alemanha conquistou deles na guerra de 1871. O Kaiser alemão, quer derrotar a Inglaterra e tomar as colônias francesas e inglesas na África e Ásia. Os ingleses sabem e por isso se juntaram a aliança que a Rússia e a França firmaram contra nós, do Império Áustro-Hungaro, Alemanha e Itália. Sei que posso confiar no Kaiser pois seus principais inimigos são a França e Inglaterra, mas a Itália tem pendências territoriais com o meu império, não confio neles.