Capítulo 1

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Aria Assis

Desde que nasci minha vida sempre foi focada nos planos que os meus pais tinham pra mim, de garotinha do bale a advogada como o meu pai. Sempre fui a nerd e posso dizer que perdi toda a minha juventude seguindo os planos já traçados para minha vida, afinal tudo para mim estava bom do eu reclamaria, meus pais eram advogados, tínhamos uma boa vida, estudei nas melhores escolas e fiz faculdade onde queria, viajo para onde desejo e posso deixar a fortuna que quiser em qualquer loja de sapatos que me atraia.

Mesmo a vida preenchida pelas melhores coisas que meus pais podiam proporcionar eu sentia um vazio que tentava preencher com trabalho e às vezes isso dava certo e eu estava no caminho que acreditava ser certo,, afinal minha obstinação do momento era provar a todos que era merecedora a assumir a empresa da família e não ser mais uma herdeira mimada.

- Se anima Ari, estamos chegando - disse Beca assim que passamos pela entrada do morro.

- Animar por estar em uma festa de morro Rebeca? - perguntei revirando os olhos, eu odiava essas programações da minha amiga e suas festas malucas.

- Não seja assim Ari, prometo que vai ser legal - disse me puxando para fora do Uber e eu a segui tentando buscar entusiasmo, tudo o que eu queria era voltar pra casa e me jogar nas minhas séries ou em algum caso até cair no sono

- Ora se não é a advogada do tráfico e a burguesinha - Comentou Vince com seu sarcasmo olhando minha amiga dos pés a cabeça

- Veja se não é o babaca mentiroso - rebateu Beca sem dar ideia pro ex e subimos o morro até onde a festa estava rolando.

Música, bebida e drogas resumiam aquele lugar. Aquela energia caótica me fazia desejar correr do lugar porém dei minha palavra a minha melhor amiga que estaria aqui e cá estou tentando entender como isso funciona.

- Vamos beber - avisou me puxando para o bar

- Não exagera - relembrei o último fiasco com ela bêbada vomitando em tudo depois que descobriu as traições de Vince e ela fez careta

- Hoje você está livre Ary, seja você apenas isso - pediu fazendo bico e eu neguei - Não seja a idosa de 70 anos, tá bom? - pediu e eu concordei

- Não quero ter que tirar da delegacia - avisei e ela gargalhou concordando e começamos a pedir nossas bebidas e nada do que eu queria havia naquele lugar

- Amiga, aqui não tem esse tipo de bebida - falou me desanimando e eu fiz biquinho - Ela quer um whisky com energético - pediu e eu apenas concordei quando o garçom me olhou.

Assim que pegamos nossas bebidas ela me arrastou para a pista de dança e não sei se era o álcool entrando em meus poros ou estava realmente gostando do lugar mas comecei a dançar e a sensualizar assim que percebi que estava sendo observada. Ele não desgrudava os olhos de nenhum dos meus movimentos e aquilo me dava coragem para me jogar mais e sentir a batida da música.

"[...]Vou voltar a curtir o baile no morro, ela sabe que eu sou do bagulho doido.

Se interessa quando vê a peça do morro, vem jogando e vem sarrando em mim gostoso [..]

E então senti mãos fortes envolverem minha cintura e comecei a esfregar-me em seu corpo, eu não precisava de muito para saber que o estranho que observava estava agora dançando comigo. Logo senti algo duro pressionando em meu bumbum e entendi o que estava acontecendo, a pressão em minha cintura aumentou e aquilo estava me deixando excitada. Assim que ele me virou me deparei com seus olhos verdes e me perdi assim que nossas bocas se colaram, eu ansiava por aquele desconhecido e queria senti-lo mais, assim que paramos nosso beijo entre selinho ele olhou nos meus olhos como se estivesse buscando por algo.

- Zeus, estão te esperando no local - avisou o outro cara fazendo nossa pequena conexão sumir e ele me dar um selinho e sair

- Quem era aquele? - indaguei a Rebeca que me olhava sem acreditar

- Não sei - disse me fazendo desconfiar que sabia muito bem de quem se tratava - Você enfiou a língua em um favelado Ari - disse gargalhando e eu a olhei em repreensão

- O favelado mais gostoso que muito rico - completei me abanando e tentando voltar aos meus sentidos - Você mora aqui desde sempre, como não o conhece? - indaguei curiosa

- Aqui não é a cidade de interior dos seus avós Ariana, só conheço meus clientes - bebericou sua bebida visivelmente desconfortável com minhas perguntas e eu aceitei aquelas respostas no momento.

Depois que o desconhecido tatuado sumiu, ficamos por mais uma hora naquele baile e tudo o que eu queria era sentir seus braços em volta da minha cintura me apertando novamente, seus toques eram gentis e isso me deixava em dúvida de como um homem aparentemente bruto poderia ser tão gentil assim.

Apagando ele da minha mente me obriguei a colocar a cabeça no travesseiro e tentar dormir algumas horas antes de voltar a Ariana Assis, mini tubarão criminalista como me apelidaram no último ano pela quantidade de causas ganham que tive, o que deixou seu Gabriel e dona Alba orgulhosos do sucesso da herdeira.

Como de costume acordei cedo e fiz minhas higienes, fui para a academia e descontei a raiva da noite frustrada e assim que me senti pronta para começar o dia fui para o banho e coloquei um dos típicos terninhos que usava e sentei junto aos meus pais para o café.

- Aria, está lembrada do caso Jackson, certo? - indagou papai e eu assenti e por longos minutos repassamos tudo o que eu precisava no tribunal para que o homem fosse livre mesmo sendo culpado. A diferença entre mim e Rebeca era que ela defendia aqueles que acreditavam terem se redimido dos crimes que cometeram e para mim isso não importava, era um cliente e todo cliente merece uma defesa a altura do valor milionário que estava me pagando para ficar livre. Eu nunca me importei em saber como eles se declararam desde que eu saí triunfante do tribunal e sei que em algum momento isso vai me colocar em problemas, mas foi desse modo que consegui suportar todas as coisas que já me aconteceram nessa vida.

Continua?

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⏰ Última atualização: Jun 30, 2023 ⏰

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