"Quiridu diario, hoje eu fui na casa das piranhas das minhas amigas, e elas quase explodiram a casa da visinha.." - contava Cleide em seu diário, com uma letra deveras ruim e uma ortografia nem tão boa...
Isso representou um dos dias mais loucos da pobre vida de Cleide. Um dos mais loucos mesmo.
- AMIGA, SUA COBRA!
- AMIGA, SUA PALHAÇA!
- OI, SUAS FOFOQUEIRAS!
Era assim que a gente se recebia, na escola, em casa, nas ligações, e por aí vai.
- O que vamos fazer? - perguntou Cleitiany, uma das amigas de Cleide.
- Arrebentar essa merda toda. - disse Cleide.
- Vamo então. - disse Rasgaxereka.
As barangas me levaram pra um quartinho escuro e pegaram umas pica de borracha cheia de bombinhas.
- QUE PORRA É ESSA? - Cleide gritou.
- Não questiona a gente. - disse Rasgaxereka, e as recalcadas foram saindo de casa.
- Onde vocês vão, suas chapada? - eu fui indo junto porque de besta só a cara.
- Na casa da vizinha, vamo arrebentar a merda toda.
- Ela que pense bem antes de não emprestar sal pra nossa mãe, sabendo bem que a gente é POBRE.
Eu segui aquelas catiléias com desvio mental e terminamos num bequinho mais apertado que o cu da minha irmã- não disse nada, enfim, entramos lá naquele ninho de rato e andamos umas 5 casas pra frente enquanto eu tinha a visão, da primeira vez que vi alguém mais pobre que eu.
- Catiléias, eu tô chocada. Finalmente achei gente mais pobre que nós!
- A gente já sabe, mona.
Elas bateram na casa da degenerada da vizinha e a véia abriu.
- Oi, pode emprestar um pouco de açúcar?
- Não - disse Bucetilde, a véia.
A véia sem precedentes foi pra dentro buscar um cabo de vassoura pra quebrar na costa das minhazamiga, mas aí elas jogaram as pica cheia de bomba na casa da véia e foi só folia. O barraco explodiu, voou pobre pra cima e pra baixo e eu me identifiquei com o dia que o botijão da minha casa explodiu. (minha mãe sabia que dar soro pro fogão não era a melhor das ideias, mas enfim...)
A véia saiu do meio da muvuca, parecia o próprio tinhoso.
- VOLTEM AQUI, SUAS CATILÉIAS! - gritava a véia ensandecida com meio cabo de vassoura na mão.
- CORRE!
Eu corri mais que no dia que eu apertei a campainha da vizinha, saímos todas loucas e a chupa cu da Cleitiany ainda perdeu o short no meio da rua, ou seja, ainda mais humilhação.
NO DIA SEGUINTE..
As catiléia explode-véia ficaram conhecidas no bairro todo, e a véia não parava de falar da gente, eu sabia que aquele comichão na orelha não tava normal. Eu e as bests resolvemos planejar uma vingança pra terminar de destruir aquela despravada, corna e sem família, afinal, deixar as recalcadas produzir lucro em cima de barraco feito pela gente simplesmente manda a nossa credibilidade pra puta que pariu.
Cheguei na casa das de verdade, e já fui gritando:
- ARMEM-SE, PIRANHAS, É HOJE QUE EU ARRANCO OS CABELOS DAQUELA VÉIA LOUCA!
- Ai, vamo vamo, adoro. - dizia Rasgaxereka, animada pro barraco começar.
Coloquei azunha que eu levei na bolsa e pegamos os artefatos de pobre que encontramos, cada uma armada com um objeto e a determinação de acabar com a pobre raça daquela véia catiléia. Chegamos lá na casa dela, eu com uma vassoura inteira, a Rasgaxereka com um tijolo que ela roubou das proximidades vulgo explosão de ontem, e Cleitiany com uma faca cega que não cortava nada. Batemos nos restos da casa da véia e assim que ela abriu, o tijolo voou quebrando mais umas partes da casa dela:
- SUA VÉIA FOFOQUEIRA, QUAL É A DE FICAR FALANDO DA GENTE?
- ISSO SE CHAMA INVEJA!
- O QUE FOI, SUAS LOUCAS? - a véia tava mais maluca do que as fofoqueiras das minhas vizinhas, que se jogaram da janela em prol da fofoca e caíram em cima do Juriscleiton, meu irmão.
- LOUCA É A SUA MÃE! - gritou a Rasgaxereka, e assim que ela terminou, mais um tijolo voou, dessa vez bem no meio dos cornos da véia.
- É PRA TU APRENDER A RESPEITAR AS CATILÉIA DA TUA VIZINHANÇA, VÉIA DOS INFERNOS! TU PARECE A GRANNY DE TÃO FEIA, SE MANCA SUA VÉIA BUCETUDA!
Fomos nos sentindo as próprias vitoriosas e pau no cu de quem odiou, não somos capim pra agradar as vaca. Mas enfim, destruímos a cara e a casa daquela véia catiléia e ela nunca mais incomodou a gente.
Fim, por enquanto...
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Lá na casa do pobre
HumorCleide, uma garota, ou como diria sua mãe, "muleca", é pobre, porém a falta de dinheiro nunca a impediu de nada. 13 anos na cara, mas a vergonha foi substituída pela idade - a guria só fazia merda, xingava as amigas e saía desfilando, apenas para ap...