Piscinão de Ramos

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Era mais um dia normal, por assim dizer. Estava chovendo pra caralho, e o nosso barraquinho microscópico já tava virando uma usina hidroelé.. hidrelé.. DE ÁGUA, enquanto minha irmã tomava banho sem encostar na água porque não tava dando de esquentar ela.

De repente, a luz dá uma piscada, e já era. 

- FUDEU!

- UAAAAI! - gritou a minha irmã, Jociléia, enquanto dava um jeito de lavar sua buceta mal lavada.

Ela saiu de lá com uma toalha toda mal colocada, e eu e meus irmãos quase morremos de rir daquela catiléia toda mal lavada, enquanto a minha mãe fazia barraco por ligação com a galera da luz.

- MAS EU JÁ PAGUEI ESSE INFERNO!

- Senhora, se acalme.

- SE ACALME O TEU CU!

Fomos inventar de achar vela pra iluminar aquele ninho de rato, e só achamos umas duas.

- AE CARALHO, TAMO MELHOR QUE A GENTE PENSAVA!

Acendemos as little velas e aproveitamos um pouco da água pra limpar os móveis, porque pobre é foda. Depois de tirar a poeira, nosso maior desafio agora era conter a água que tava entrando, porque ninguém ali sabia nadar.

Pegamos uns baldes e nos pusemos a tirar água, e ali ficamos durante uns 30 minutos, mais ou menos. Depois que conseguimos manter a água a um nível seguro, e a minha irmã já tinha posto uma roupa, fomos inventar de fazer merda.

- VAMO FAZER NADAÇÃO OLÍMPICA?

- É natação, burro.

- Se eu sou burro, então o que tu é?

- A Juciscreitany. Agora vamo logo.

Abaixamos no chão e ficamos fazendo a piscininha olímpica no meio da casa (que estava mais pra piscinão de Ramos) até a água começar a subir PRA CARALHO. Como meus irmãos eram mais altos que eu, conseguiram levantar primeiro, mas eu fiquei lá toda escaralhefudida aproveitando a little piscine que a gente tinha feito em meio ao barraco inundado.

Aí, quando eu fui inventar de sair, a água estava um pouco mais alta que eu. Todo mundo em cima dos móveis e eu brincando de ryca, até eu tentar levantar, não conseguir e soterrar a cara na água. Se tudo eram flores, as minhas tava tudo morta. 

- SORROCO!

- Tá raciocinando direito, catiléia do carai?

- NÃO!

Foi aí que eu me dei conta que eu estava me afogando, e em meio ao vendaval entrando nos buracos do little barraco, as velas apagaram. 

- UAI!

Meus irmãos entram em desespero, porque a catiléia de menos de 1 e meio estava lá se afogandinho e eles nem fazer nada fizeram, amém.

Meu irmão se tacou de móvel em móvel, e alcançou uns baldes perto da porta da frente.

- VEM PRA CÁ, JOCILÉIA!

- TÔ INDO!

Eles pegaram os baldes, e começaram a esgotar sem parar até dar de eu me levantar. 

- Nunca mais entro em piscina!

- Tá bem?

- Tô.

- Nem pra morrer presta.

- Vai dar o cu.

E assim acaba a noite mais fudida que eu já presenciei.

Lá na casa do pobreOnde histórias criam vida. Descubra agora