Admiro as ruas da cidade pela janela do táxi, é tudo tão limpo e organizado. Consigo ver de tudo, desde construções antigas à prédios modernos, também vejo ao longe alguns arranha-céus.
Não consigo parar de pensar em Jae, no quanto ele mudou, nunca pude imaginar que o encontraria aqui depois de quase onze anos. Será que ele ainda lembra de tudo o que vivemos, de todas as travessuras e brincadeiras que compartilhamos? Será que ainda poderemos ser amigos? Como vou conseguir encontrá-lo de novo? Ele foi tão vago ao nos despedirmos no aeroporto.
Estou tão confusa, no passado a partida dele me machucou muito, sequer podemos nos despedir, ele era meu melhor amigo. Se não fosse por Aisha, eu não sei se teria conseguido outra amizade tão verdadeira e pura como a nossa. Ela tem sido minha maior fonte de apoio, temos uma cumplicidade inexplicável.Olho de relance para Aisha, que parece tão pensativa e quieta quanto eu.
- Você está bem? - ela pergunta parecendo um pouco séria.
- Estou sim.
- Por que não me contou nada sobre esse tal de Jae antes?
Aisha parece um pouco desapontada por eu ter omitido essa parte da minha história, não a culpo, provavelmente eu me sentiria da mesma forma.
- Eu não sei, eu fiquei muito triste quando ele foi embora, e pensei que ninguém mais seria meu amigo como ele foi. Além disso, conheci você quase um ano depois da partida dele. Aconteceram tantas coisas, o acidente dos meus pais, acabei deixando pra lá. - desvio meu olhar esperando que ela me compreenda.
Para mim ainda é doloroso demais lembrar daquele terrível acidente.
- Está tudo bem, não se preocupe, eu te entendo. - ela responde colocando sua mão sobre a minha.
Ainda me surpreende a forma como ela sabe ser carinhosa e demostrar afeto quando é preciso, esse lado dela é muito bonito para ser mostrado apenas a mim.
- O que você achou dele? Bonitão não é? - dou uma risadinha tentando aliviar o clima.
-Nada demais... - ela retira sua mão da minha e revira os olhos.
Começo a rir.
-Aham, você acha que eu não notei a forma como vocês se olharam?
- Olhares de quem se odiaram a primeira vista? Nosso santo não bateu, sinto muito. - ela fala fazendo cara de nojo.
- Até parece... o que eu senti no ar foram faíscas de uma paixão futura. - sorrio brincalhona, sei que ela odeia quando discordo do que diz.- Pode ir parando, aquele cara não faz meu tipo, muito convencido. - diz me lançando um olhar de desgosto.
- Tudo bem, não está mais aqui quem falou, mas que ele é um gato, é a pura verdade, e isso nem você pode negar.
- Ah, cala boca. - ela diz desviando sua atenção para a rua.
Aisha costuma se irritar fácil, mas não tão fácil assim, interessante.
O restante do caminho foi silencioso. Finalmente chegamos. Desço do táxi com pressa, estou tão animada. Observo o grande campo gramado, e um pouco mais adiante a enorme construção, que mais parece um castelo de contos de fadas do que uma universidade.
Encaro tudo boquiaberta, não pensei que fosse tão grande assim.- Fecha a boca, se não vai entrar mosca. - Aisha fala ao parar bem ao meu lado.
-Ainda não vi nenhuma. - mostro- lhe minha língua.
Ela parece querer retrucar, quando uma senhora de aparentemente meia idade vestida com roupa formal e elegante surge a nossa frente para nos receber.
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Observando Às Estrelas.
RomanceO livro contará duas histórias em uma. Aisha e Liz, duas melhores amigas brasileiras, tiveram suas vidas mudadas após serem aceitas em uma universidade no Canadá (EUA). Lá, elas terão que aprender a superar os medos e as inseguranças que carregam...