A noite chegou e junto veio a aflição em saber que irei acordar de madrugada novamente.
Deitei na cama, olhando para o teto, ouvindo apenas o barulho do relógio, fiquei pensando na minha vida e em como fui tratada todo esse tempo, meus olhos ficam pesados e sem perceber pego no sono.
Acordo assustada e não sei como mas algo dentro de mim sabe que é de madrugada, me viro e olho para o canto do quarto, lá está. Me sento na cama e mantenho meus olhos fixados naquilo, ascendo o abajur perto de mim na tentativa de vê-lo melhor mas uma sombra rápida quebra o objeto.
Me assusto com essa ação repentina.
- Quem é você e o que você quer? - Pergunto e sinto todo o meu corpo trava, queria sair correndo.
Aquilo não responde, apenas da um passo para frente e confesso que agora estou ficando mais assustada que o normal. Sinto uma vontade descontrolada de gritar.A coisa preta emite um som estranho, não tem como explicar aquilo, um som medonho e assustador.
Me ajoelho no chão e começo a rezar, sem perceber as lágrimas caem pelo meu rosto.
- Não adianta rezar agora.- Uma voz grossa, uma voz não humana, aquilo era horrível de se ouvir.
Solto um grito e quando o olho novamente, aquilo está agachado olhando fixamente em meus olhos, está na minha frente, o quarto está escuro mas a iluminação da rua que bate na janela é o suficiente para que eu o veja.
Recuo assustada, vendo de perto é ainda mais assustador.Sua esclera é totalmente preta, sua pupila é vermelha, a pele acinzentada escura e seu corpo grande.
Se eu pudesse ver o meu rosto agora, só iria ver medo.Fecho meus olhos e meus pensamentos pedem para que isso suma.
- Seu Deus não irá mais te escutar, pelo menos por um bom tempo. - Aquilo diz me olhando fixamente.
Começo a rezar novamente na intenção de expulsa-lo. Minha voz aumenta e em um certo momento eu acredito que está dando certo, que ele está recuando.
- No momento em que sua buceta se molhou por um padre, seu lugarzinho no inferno ficou reservado e eu que irei cuidar você, Dalila.
Sua voz não tem ódio, ele tinha malícia, sarcasmo... aquilo some antes que eu possa perceber. Após esse acontecimento, me ajoelho e rezo mais do que posso imaginar. Choro sem parar e começo a pegar minhas malas, coloco rapidamente algumas roupas, carteira, alguns objetos e caminho ate a saída, mas esta trancada e nem mesmo com a chave consigo abrir.
- NAO! Deus por favor, por favor, não... - Começo a me desmanchar no chão de tanto chorar, fico em posição fetal, chorando ate me desidratar e apago ali mesmo.
~
Acordo assustada, me pergunto se aquilo foi real ou um sonho. Me levanto e vejo minha mala feita, infelizmente não foi um sonho, hoje irei embora daqui.
Decido ir até a igreja na esperança de encontrar refúgio, não posso mais ficar sozinha nessa casa e não tenho recursos o suficiente para me mudar.
Iria ser muito melhor, aquilo não iria me assombrar novamente e eu iria voltar a ficar próxima da minha religião.Por um momento pensei em Deimos, em como ele reagiria, ou, se eu iria ver ele constantemente, mas, ignoro isso.
Vou para a igreja e para a minha sorte Deimos não estava lá, o padre da igreja permitiu que eu usasse um dos quartos que ficam nos fundos, por ora está bom, expliquei minha situação financeira e espiritual, fui muito bem recebida e isso que importa.
Estou sozinha e não sei se estou tomando as decisões certas, as vezes que sinto vontade de ter alguém para me guiar...
Vou para meu apartamento e aproveito para pegar algumas outras coisas que irei precisar, produtos de higiene pessoal e sapatos. Por enquanto minhas outras coisas ficará lá, quando eu arrumar um emprego irei voltar ou apenas me mudar.
Arrumei tudo em uma bolsa e segui o caminho, entrei pelas portas dos fundos pois estava tento missa e não queria participar agora. Meu quartinho é bem pequeno mas muito arrumadinho, fica nos fundos da igreja então o barulho não me incomoda.
Começo a arrumar minhas coisas e escuto a porta do meu quarto abrir, meu Deus, por que meu caminho tem que cruzar com o de Deimos em situações indesejáveis?
- Então é você a intrusa que está usando o meu quarto. - Deimos diz com os braços cruzados, parado na porta.
- O padre disse que eu poderia ficar aqui e me ofereceu esse quarto, se tem algo que incomoda diga para ele. - Falo na intenção de cortar o assunto.
- O que te levou a correr para cá?
- Não te interessa mas acho que já disse isso antes, você é um curioso, então pra sua informação fui demitida por causa daquela doida da Karina e não tem sequer um emprego que queira me contratar. Era a igreja ou a rua, aqui estou. - Digo brava.Ele me olha de cima abaixo, com aqueles olhos maliciosos que te fazem pensar coisas que você não quer, chega da um ódio dele.
- Andou ajoelhando no milho? - Sua voz soa grossa mas com leve tom de preocupação.
- Ah isso, não é nada demais. Só me empolguei na oração. - Respondo sem graça. Desde que essas coisas estranhas começaram a acontecer comigo, estou buscando orar por oras.Ele vai até a escrivaninha ao lado da cama e abre uma gaveta tirando de lá uma caixinha com remédios e curativos.
- Venha, me de sua perna. - Ele se senta na cama e faço o mesmo em seguida, colocando minha perna encima de seu colo. Ele limpa meu joelho, depois enfaixa, fazendo o mesmo no outro, ele é cuidadoso.
O olho atentamente, cada movimento que ele faz prende minha atenção, me sinto hipnotizada por ele.
- Pronto, não seja estupida novamente. - Ele diz e nos levantamos rapidamente.
- Pensei que tinha dito para você não se intrometer mais na minha vida...- Meus olhos sobre eles mudaram, não me sinto nada inocente quando se trata de imaginar, o odeio por isso.
- E eu não estou, você que parece não querer isso, esse quarto aqui era meu e como fico bastante por aqui, vim apenas dar uma olhada.
- Até parece que eu iria querer ficar perto de você. - Solto um sorriso sarcástico e reviro os olhos.Desde que vi Deimos pela primeira vez, senti meu corpo saltitar, coisas que nunca tinha sentido antes, parecia que meu corpo estava vivo. Nunca tinha sentido meu corpo da cintura para baixo...
Talvez seja o motivo pelo qual nesse exato momento quero me deixar levar pelos seus olhos, não sei explicar mas sinto que ele me chama tanto quanto eu, mas nem nós dois sabemos.
- Eu faria você revirar esse olhos com vontade. - O mesmo diz com seu sorriso de canto, se aproximando de mim. Ficamos tão perto um do outro que sinto minhas pernas falharem, minha barriga fica fria e sinto novamente partes do meu corpo que não sentia antes. - O que eu faço? - penso comigo, eu facilmente pecaria agora.
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Amor diabólico by Cristini
RomanceDalila cresceu numa família muito religiosa, que a privou do mundo. Por anos ela se obrigou a seguir as regras para ser considerada a filha perfeita. Ao atingir a idade adulta, ela sentiu o desejo de descobrir o mundo, mesmo que isso a desvirtuasse...