As palavras de Deimos me invadiram com tudo, senti um frio enorme na barriga, isso é normal estando com ele.- O que significa isso? - O olho confusa.
- Significa que eu quero você. - Seus olhos estão fixados nos meus. - Dalila, vai negar que está começando a sentir algo?- Não estou negando, eu não sinto nada por você. Foi apenas um beijo, Deimos. Vamos ser adultos e não colocar sentimentos nisso. - Falo sem expressão no rosto, como ele é convencido.
- Tá bom tá bom, porém não é o que parece. - Aquele sorriso sínico em seu rosto me deixa nos nervos.- Pode apostar que não tenho nenhum sentimento por você, além de uma raiva toda vez que vejo sua cara. - Falo sarcástica.
- Ai, nunca fui tão rejeitado. - Ele brinca colocando a mão no peito e sorrindo com os dente debaixo.
De certa forma ele não está errado, estou começando a sentir emoções fortes demais perto dele. Meu coração acelerado, sinto que vai sair pela boca. Minha cabeça fica confusa, não consigo raciocinar, me perco em meio dos seus lindos olhos escuros.
Seria isso um sentimento romântico por ele?
Após nosso episódio de pegação na cozinha, fui para o meu quarto por minha mente no lugar. Para voltar ao normal preciso me afastar de Deimos.
Deito-me na cama e agora sinto uma enorme felicidade. Dou um leve surto de alegria, rolando na cama dando risada. Aquele homem é maravilhoso, me sinto feliz por vê-lo vulnerável perto de mim, sinto-me como seu ponto fraco?
Foi tão bobo isso que pensei, não é como se Deimos que é obviamente o sonho de todas as mulheres, me levaria a sério.Fico deitada na cama, fecho os olhos, estou vagando em meus pensamentos. Pensamentos com Deimos óbvio. Sem perceber peguei no sono, eu sou extremamente sonolenta... não posso nem fechar os olhos para pensar.
Acordo manhosa querendo dormir mais, abro os olhos lentamente e vejo o demônio em pé, parado na frente da minha cama.
- Que susto, você quase que me mata do coração! - Digo me levantando com tudo da cama. Ele me pegou de surpresa mas não é como se o mesmo não gostasse de me observar dormir. Já deveria estar acostumada.
- Não quis te assustar, você estava dormindo tão profundo que preferi não te acordar. - Sua voz calma porém extremamente grossa soa pelo quarto.
- Só tente dar um aviso quando chega, assim não me assusto. - Falo arrumando meu cabelo.Me sento na cama e o mesmo senta ao meu lado.
- Então o que você fez hoje? - Pergunto com um sorriso no rosto.
- É esse tipo de pergunta que alguém faz para um demônio?...Novamente conversamos a noite toda, ficamos até deitados lado a lado. Me sinto muito bem com ele, mas algo me diz que esse sentimento não muda perto de Deimos. As vezes até acho que os dois são o mesmo...
Duas semanas se passaram e o clima com Deimos fica cada vez mais pesado. Conversamos as vezes, quando o vejo em casa, ultimamente ele vai direto à igreja. Eu e o demônio ficamos mais próximos, toda noite conversamos e ele me observa dormir. Minha vida é uma piada.
Estou sentada no sofá, mexendo no celular à algumas horas. Canso e jogo o celular de lado, suspiro olhando para o teto. Ficar aqui sozinha é realmente entediante.
Decido ir até o centro da cidade para passear, talvez eu só precise ver pessoas.
Mesmo Deimos deixando seu outro carro em casa para que eu possa usar, não sei dirigir então não adianta de nada.Vou de bicicleta pois não acho tão longe. Deixo a bike em um lugarzinho e caminho pelas ruas dando boa tarde para todos os idosos que passam. Vou até um restaurante universitário lotado de jovens e me sento para comer.
Sinto os olhares dos jovens em mim, e as algumas meninas dando risada. Ignoro, virou crime ou motivo de chacota sair sozinha?
Olho atentamente para a janela, consigo ver a praça da cidade bem movimentada.Minha atenção é roubada quando um rapaz senta-se na minha frente.
- Olá, você está esperando alguém? - Seu sorriso é extremamente atraente. Um homem alto, sua pele é uma mistura de marrom com amarelo, como um bronzeado, seu cabelo é baixinho quase raspado e seus olhos são azuis como o céu.- Não, não estou. - Digo com um sorriso no rosto.
- Nesse caso espero que não se incomode que eu fique aqui. Prazer me chamo Ennead. - Ele estende sua mão e aperto, um gesto de comprimento.
- Sou Dalila, muito prazer.
- Dalila, que nome lindo. Combina com você. - Fico sem graça ao receber esse elogio inesperado, nunca fui muito elogiada...Ele está com seus braços apoiados na mesa, braços fortes aliás. Infelizmente sou muito observadora...
- Obrigada. - Não sei como responder um elogio, espero não ter sido grossa.- Me diz, por qual motivo uma garota extremamente bonita e simpática, estaria aqui sozinha no meio de um bando de jovens barulhentos? - Ele apoia seu rosto em sua mão esquerda, me olhando fixamente com um sorriso caloroso.
- Ah, eu não tenho com quem sair. Estava muito entediada e resolvi aproveitar a minha companhia.
- Entendi, bom então agora você vai ter um amigo. Esse é o meu número. - Ele pega um pedaço de guardanapo, tira uma caneta de seu bolso e anota seu número. - Quando quiser pode chamar pra fazer companhia, prometo não ser um incômodo. Vou deixar você aproveitar sua própria companhia.Ele se levanta e sai do restaurante. Guardo o papel na minha bolsa, em meu rosto está estampado um enorme sorriso. Não senti atração por ele, mas fiquei feliz pelo elogio.
Volto a minha atenção para a torta que me espera encima da mesa. Dou leves garfadas, ainda estou presa na bela vista da praça e agora o pôr do sol se aproxima. Um leve amarelado, todos os tipos de vermelhos e um pouco de violeta misturado.
Infelizmente minha felicidade é momentânea. Olhando todas as pessoas atravessando a rua. As crianças brincando em um pequeno parquinho. Os idosos sentados na praça conversando.
Em meio todas essas pessoas meus olhos não acreditam no que vê. Meus pais!
Meu peito começa a acelerar, sinto uma vontade enorme de vomitar. Todas as sensações ruins possíveis estou sentindo nesse exato momento. As lembranças de tudo que vivi naquele lugar com eles, foi como um soco na barriga.Como eles me acharam? Meus pais são pessoas que vivem do jeito antigo. Pessoas da roça e extremamente reservadas, não tem sentindo. Como conseguiram vir atrás de mim?
Levanto-me rapidamente com medo de que os mesmos me vejam. Pago a conta e saio do local às pressas. Tento desviar o máximo deles. Eles caminham calmamente, como se já fossem familiarizados com o local.
Consigo desviar deles e sigo a rua que devo pegar. Suspiro aliviada, talvez não tenha sido uma boa ideia sair sozinha. Sai tão rápido que deixei minha bicicleta para trás.
Começo a caminhar rapidamente mas uma voz soa atrás de mim.- Dalila! - Eu conheço essa voz. A voz de meu pai, soa rude como sempre, parece que ele sempre quis me matar e eu sabia disso só pelo tom de suas palavras.
- Sua inútil, tem ideia do quanto te procurei? - Minha mãe caminha rapidamente até mim e deposita um tapa em minha cara. - Chega de palhaçada, vamos para casa. Olha essa roupa, que lixo. O que é isso? Está usando batom? Como você pode.
Sinto a mão de minha mãe em meu pulso, ela o aperta e começa a me puxar dali. Volto minha consciência, agora não tenho mais medo deles.
- Não! - Falo em um tom autoritário puxando meu braço. - Eu não vou.
- Como você se atreve a falar assim com a sua mãe, sua vagabunda. - Novamente sinto uma ardência em meu rosto, dessa vez mais forte por ser o tapa de meu pai...

VOCÊ ESTÁ LENDO
Amor diabólico by Cristini
RomansDalila cresceu numa família muito religiosa, que a privou do mundo. Por anos ela se obrigou a seguir as regras para ser considerada a filha perfeita. Ao atingir a idade adulta, ela sentiu o desejo de descobrir o mundo, mesmo que isso a desvirtuasse...