Prólogo

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Estou deitada na minha cama....
Já estou aqui faz quase uma hora, apenas enrolando para começar o dia. É reconfortante imaginar que esse é o meu quarto de sempre, na minha casa de sempre, na minha vida de sempre...mas infelizmente não é.

Faz dois meses que minha mãe morreu e meu pai já me arrastou para o treinamento estelar de jovens, um grande sonho para alguns mas uma perda de tempo total para mim.

Estamos em guerra a um tempo, mais ou menos 200 anos desde que a associação que explorava o espaço se dividiu entre dois lados...o lado negro e o lado luz, na primeira grande guerra o lado da luz ganhou e conseguio expulsar o lado negro da nossa galáxia, mas com o passar dos anos o lado negro ganhou mais força e poder, se aliando as criaturas mais horripilantes e perversas que vivem na parte escura do universo, e por isso foi criado o treinamento estelar feito para todas as idades, no momento estou no dos jovens, que vai de 13 a 16 anos.

A maioria das pessoas da minha idade acharia uma honra estar nesse lugar, afinal é muito disputado, e até mesmo eu gostaria, porque meu pai foi um grande comandante no meio da guerra e treinou a vida toda aqui, porém nas circunstâncias atuais esse é o lugar que mais odeio no mundo.

É muito bom ter a oportunidade de deixar o meu pai orgulhoso de mim, mas é complicado orgulhar alguém que em dois meses nunca veio me ver ou sequer mandou uma mensagens pergunta se eu estou viva.

Todo mundo aqui só fala comigo para perguntar sobre o meu pai, e todos esperam que eu seja tão boa quanto ele enquanto tudo o que eu quero é chorar porque eu não tenho sequer a minha mãe para me apoiar...

E tudo que eu posso fazer é inventar desculpas para não responder as perguntas, eu nem sei onde meu está e o que anda fazendo...Desde a morte da mamãe ele só me disse para ser forte e treinar aqui e depois foi embora. Ele disse que viria me ver no fim de semana mas foi uma tremenda mentira.

Então foi isso, nós últimos dois meses eu estou no treinamento sofrendo de dor muscular e de cabeça diariamente, sem mãe e com um pai que não vejo desde que ele me largou aqui....que maravilha.

Decido me levantar, chegar atrasada para os treinos só vai me atrapalhar mais e estou sentindo que meus dias de imunidade por ser filha de um grande comandante estão acabando, infelizmente.

Eu vou até a minha penteadeira e me olho no espelho, estou um caco como sempre nos últimos dias....Cabelo despenteado, olheiras fundas, olhos cansados....senhor estou pronta pra ir pro caixão.

Vou até o banheiro e tomo um banho rápido e visto o uniforme de treino azul marinho o mais rápido que consigo tropeçando um pouco para por as calças. Quando enfim consigo terminar de colocar o uniforme me sento na penteadeira amarrando o cabelo em um rabo de cavalo mal feito tentando controlar as longas ondas de meu cabelo loiro, acabo desistindo por preguiça e deixando ainda meio despenteado mas estou sem tempo para pensar em vaidade então apenas saio do quarto trancando a porta com cuidado e ando até o salão onde os outros recrutas devem estar tomando café.

Ando pelos corredores o mais atentamente que consigo as vezes me distraindo com as pinturas da Grande Guerra, meu pai sempre me contou histórias sobre as batalhas mas vê-las assim, em forma se arte é muito mais fascinante do que apenas ouvir sobre.

Passo as mãos por alguns quadros, absorvendo a textura, luz e cor daquelas obras, é maravilhosa a forma como a arte consegue capturar a emoção de todo tipo de coisa, desde de um vaso de flores até uma batalha sangrenta....adoraria poder ser uma artista, pronta para capturar as emoções do universo.

Continuo o meu caminho pelo corredor quanto mais me aproximo consigo ouvir as risadas e conversas misturadas das outras crianças, começo a suar frio, interações sociais nunca forma o meu forte ainda mais depois da morte da minha mãe tudo ficou mais difícil, eu não aguento mais ser órfã....

Entro no salão tentando passar despercebida o que para mim foi surpreendente fácil considerando a minha reputação.
Ando normalmente até a mesa onde estão distribuídas as comidas e pego uma bandeija onde coloco meu prato com algumas frutas e um pedaço de bolo de morando junto com um copo de suco de laranja.

Termino de me servir e vou sentar em uma mesa isolada em um canto quando sinto uma mão no meu ombro, automaticamente paro no meio do caminho me virando e fazendo a minha melhor cara de poucos amigos, mas rapidamente percebo que nem a expressão mais desagradável do mundo poderia desmotivar quem estava na minha frente.

Luke, o filho de uma comandante da luz e o ser mais miss simpatia que eu já conheci em toda a minha vida, um guerreiro nato como a mãe e treinado a vida toda para ser tão significativo nesta querra exatamente como a mãe, não um erro de cálculo ou alguém que caiu de paraquedas aqui como eu.

Luke nasceu para ser um líder, nasceu para se destacar e pode apostar que ele se destaca, não apenas pelo comportamento gentil e solidário mas também pela boa aparência....sem exageros parece que ele foi esculpido a dedo.
Cabelos loiros brilhantes e perfeitos que harmonizam perfeitamente com o rosto fino e doce, juntamente com os olhos calorosos e da cor do céu

Ele sempre tenta o máximo para ser gentil comigo e aprecio isso só que as vezes é demais....

- Passando de fininho sem me cumprimentar....que feio minha estrelinha amarga...-

Luke tira a mão do meu ombro balançando a cabeça em desaprovação agora que conseguiu minha atenção.

-Peço desculpa...eu não vi você...-

desvio o olhar, uma mentira descarada que não passa despercebida por ele mas Luke sorri mesmo assim, determinado a ser meu amigo assim como é de todos.

-Parece que temos uma estrela mentirosa aqui-

ele solta uma risada e segura a minha mão me levando em direção a própria mesa com alguns amigos já sentados lá apenas observando nossa estranha interação.

-Por favor eu já disse para não me chamar assim-

reviro os olhos incomodada com o apelido ridículo e solto a mão dele fazendo Luke parar no meio do passo.

-Por que não? É um bom apelido e combina com o seu nome....Antares a estrela mais brilhante da constelação de Scorpius, e uma supergigante vermelha...não existe apelido melhor-

Luke me deu um sorriso doce cruzando os braços enquanto no mesmo tom amigável de sempre tentava me explicar o significado do meu próprio nome que eu já escutei um milhão de vezes.

-Eu estou ciente disso mas detesto mesmo assim-

Ele sorri e revira os olhos, nunca perdendo a postura de príncipe encantado mesmo quando eu estou determinada a ser um incomodo.

-Aí aí estrelinha é sempre tão satisfatório conversar com você-

Fico confusa, ele diz essas palavras de um jeito tão doce que parecem ser verdadeiras mas sua expressão e sorriso maroto me sugerem que ele está debochando da minha cara, quase chego a perguntar o que ele realmente quis dizer mas decido que não tenho tempo pra isso.

-Poderia dizer o mesmo, tchau Luke foi bom falar com você agora eu vou tomar café da manhã-

Me despeço e saio andando o mais rápido que consigo para a mesa do canto deixando um Luke desapontado e levemente perdido para trás.

Me sento e começo a comer vendo Luke voltar para a mesa com seus amigos parecendo um pouco envergonhado mas acho que foi só impressão minha.

O café da manhã passa como um sopro e quando menos espero o sinal do começo dos treinamentos soa e todos- inclusive eu- se dirigem para a saída, prontos para o começo de um dia longo e provavelmente muito intenso.

O dia mal começou e já me sinto cansada e com vontade de desistir...

Dayligth: O Conto De Luz E Trevas Onde histórias criam vida. Descubra agora