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𝐂 𝐀 𝐑 𝐓 𝐀 𝐒   𝐃 𝐄   𝐀 𝐌 𝐎 𝐑┊Dalia Florence 'Anos atrás'━━ Eu sei?

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𝐂 𝐀 𝐑 𝐓 𝐀 𝐒   𝐃 𝐄   𝐀 𝐌 𝐎 𝐑
┊Dalia Florence
'Anos atrás'
━━ Eu sei?

Eu nunca soube o real motivo de tanto amar o futebol.

Nunca imaginei a razão de meu pai e meu tio se reunirem, todos os domingos, em frente a uma televisão, na qual se passava uma partida de futebol, mesmo não sendo de seus times de alma e coração. Ambos assistiam e aclamavam o futebol brasileiro.

De alguma forma, eu os acompanhava.

Eu sentava no meio deles, observava o gramado verde, a bola rolando, cada gol perdido, marcado e impedido me fazia ansiar por um ataque, uma virada e um arrepio da voz intensa do narrador surgia em cada passe.

O futebol não nasceu no Brasil, mas foi na nossa terra, na qual criou laços, nomes e raça. Talvez essa fosse a graça do futebol, ver craques brasileiros reinando o mundo, um mundo onde há preconceito, racismo e uma sociedade maldosa.

Eu não entendia como poderia amar o futebol. Mas amei, pois ele me ensinou a amar. Neymar, costumava falar de futebol de forma bela, meus olhos eram obrigados a observar os olhos de mesma cor do menino brilhando ao falar do esporte, meus ouvidos sempre ouviam suas palavras com prazer.

E como um hábito, ele sempre tentava me convencer a torcer pelo Santos.

Ele não conseguiu, não até agora.

A certeza de amar futebol vem dele, apenas dele. Pois, futebol não é apenas assistir. É vivenciar os gritos e cantos em perfeita sincronia da torcida, é torcer por um gol, é chorar por uma comemoração.

E nesse exato momento, a mesa de jantar, não tinha um clássico futebol, mas um clima calmo e levemente maçante, apenas sons de garfadas eram ouvidas, nenhum som de voz, apenas três pessoas em uma mesa se mantendo quietos em um clima insuportável, sem contato visual ou sorrisos, mesmo não havendo motivo explícito.

Minha mãe se sentava em uma das pontas da mesa, seus cabelos ruivos e pouco curtos eram presos, ela parecia inquieta, assim como eu com esse silêncio ensurdecedor. Meu tio, parecia tranquilo, sem assunto e não se importava muito em falar, coisa que fazia constantemente. 

— Mãe, posso ir ver o neney ir jogar hoje? — A quebra do silêncio se faz, e assim como ela, olhares se vão a mim, dois olhares arregalados. Meu coração batia forte, talvez pelo medo das próximas palavras, não conseguia captar o motivo, nem o sentimento transmitido pelas sobrancelhas arqueadas— É… é aqui no campinho, não é muito longe — Minha voz falha e eu desvio meu olhar para o prato, e brinco com o garfo em minha mão, sem fome nenhuma.

A mulher que parecia ter uma expressão assustada, parece relaxar e troca - lá por um belo sorriso, ao contrário do homem, que não parecia se contentar com a ideia e permanecia com a cara fechada.

— É claro, filha! Acabe de comer, escove os dentes e vá se arru… — Minha mãe, na qual permite a minha ida, é interrompida pela mesma cara emburrada de meu tio, que parecia querer falar.

𝙲𝙰𝚁𝚃𝙰𝚂 𝙳𝙴 𝙰𝙼𝙾𝚁 - Neymar JuniorOnde histórias criam vida. Descubra agora