Sessão com uma entidade

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— Entonces... ¿Eres algo más que Richarlyson? - O mexicano perguntava a pequena criança na poltrona na sua frente.

O grande sorriso que 'isso' mantinha em seu rostinho era grande e até mesmo bizarro. Causava frio na barriga do pobre Roier. Ele queria muito ajudar o marido a descobrir oque estava acontecia com a criança, mas agora queria apressadamente acabar com aquela consulta e devolver a criança para os pais.

Ele se lembrava que poucos minutos atrás a criança estava aos berros, chorando rios, se agarrando no pai como se tivesse medo daquele consultório, mas por que? Ele conhecia Roier, então por que temia vir numa consulta?

— Na verdade. - a voz de "Richarlyson" fez ele acordar de seus pensamentos. — Eu não sou nada. - Respondeu começando a olhar seus pés e balança-los.

— ¿No es nada? Si piensas eso, ¿cómo estás aquí ahora?

— Não sei... Eu existo mesmo?... Eu me faço muito essa pergunta. As vezes eu tento comprovar isso através das pinturas perfeitas... Eu quero mostrar quem eu sou pra eles, mostrar que eu estou aqui... Na verdade... Eu realmente estou aqui agora? - O mexicano não falou nada apenas deixou ele continhar. —... Mas é sempre tão difícil comprovar minha existência! Eles roubam elas de mim!

— ¿Qué te roban? ¿Las pinturas? - A criança afirmou. — ¿Por qué te los quitan?

— Se eu soubesse, eu não estaria tão frustado agora, teria resolvido.

Roier ficou em silêncio, teria acabado de levar a famosa "lapada seca", o silêncio foi a melhor decisão.

— Está bien, entiendo... Bueno, ¿quizás piensan que eres peligroso? - A criança imediatamente tirou sua atenção do chão e olhou para Roier, que desejava que ele voltasse a olhar o chão.

Mesmo não conseguindo ver os olhos, já que estavam cobertos belos cachos escuros, ele podia sentir sua alma sendo vigiada, mesmo dentro de seu corpo, ou seja lá onde as almas ficavam.

— Por que pensariam isso de mim?

— Te hago esta pregunta, ¿por qué piensan eso de ti? - Finalmente " Richas" abaixou o olhar, fazendo o mexicano respirar fundo, mentalmente, por não estar sendo vigiado. — Omitamos esta pregunta por ahora ¿Alguna vez has tenido o tienes un nombre?

— De que isso importa? - Isso sabia que um nome era importante então deu ombros. — Já devo ter tido, alguma vez, uma vez bem distante.

— ¿Recuerdas algo de ese tiempo lejano?

—... Não.

O silêncio reinou na sala, algo estava escondido entre as palavras desse ser em sua frente, se tentasse perguntar só mais uma vez... Será que seria algo tão ruim assim?

— Tu... no recuer-

— NÃO! - A voz da criança ecoou na sala, assim como o som do pequeno copo de vidro se quebrando no chão após o chute que o pequeno deu na mesinha de centro, fazendo com que todos os objetos caíssem no chão. —... Desculpa, eu não queria fazer isso... Eu... Eu não gosto de falar sobre lembranças do passado... - O mais velho ía falar algo, mas "Richarlyson" prosseguiu. — Elas são tão imperfeitas... Na verdade, perfeitas até demais para serem relembradas... Agradeço que nenhum deles se lembrou disso. É doloroso. As vezes eu consigo sentir a dor física... Mas esse corpo nem mesmo é meu!... Eles acabam com tudo ao redor para chegar na perfeição, não importa oque aconteça com você. São grandes lobos em peles de pequenos e frágeis cordeiros.

— ¿De qué estás hablando?

— Não é óbvio? Você não vê ainda? Eles te vêem como animais. Eles querem estudar e roubar tudo que vocês tem, que eles não tem. Mas isso eles nunca conseguem, porque eles querem nossa alma, nossa essência, eles querem sentimentos, calor, amor, raiva, tristeza, a saudade. Eles não sabem oque é isso, mas querem. Eles querem saber oque é medo, dor, desespero, e pra isso vão fazer vocês sofrerem como a gente sofreu, até porque a gente não foi o suficiente para os estudos... Mas eles também querem a perfeição... E sentimentos não são perfeitos...

— ¿Estás hablando de la Federación? - Ele concordou com a cabeça. — ¿Has estado allí?

— Você faz perguntas óbvias. - O pequeno abraçou suas próprias pernas, as colocando dentro da grande camisa, e balançando a cauda de dragão. — Sim... Eles nos chamaram pra cá, a muito tempo atrás.

— No serás capaz de recordar, ¿verdad? - O menor negou com a cabeça. — Los ultimos registros de la isla son de una propaganda, tambien hay un video electoral donde los que estamos aqui actualmente no estamos, al parecer son de hace 20 años

O garoto levantou a cabeça interessado no que o mais velho falava.

— Vinte anos?... Como ninguém sentiu nossa falta? Como ninguém nos procurou?

— Tal vez fueron seleccionados para esto... No recuerdas cómo era tu vida. Tal vez no tenía familia. - Roier pôde ver o desanimo em "Richarlyson", vendo como abaixou a cabeça para abraçar novamente as pernas. — ¿Todos tus recuerdos son malos?

— Eu não sei quantos dias, mêses ou até mesmo anos eu passei na Federação, não sei oque fizeram para eu estar aqui... Nesse corpo... Mas... Foi uma eternidade... Foram séculos na minha cabeça vendo todos sofrerem... Nós não nos Conhecíamos no começo, nem mesmo falávamos a mesma língua!... Mas compartilhavamos a mesma dor todos os dias... E a gente pensava que nunca ía parar, mas agora, acho que está razoávelmente melhor... Sem memórias ruim... É tão libertador. - O dragão novamente olhou Roier e sorriu. — Confie em mim, os que se foram devem estar melhor ainda.

Aquele assunto ainda era absurdamente frágil para o mexicano, que respirou fundo se ajeitando na poltrona.

— Me alegro de que se haya abierto aquí en esta sesión y-

— Pai Roier... Cadê o pai Cellbit? Eu quero ir pra casa... Eu 'tô com sono. - O som de uma plaquinha sendo colocada na mesa fez com que Roier respirasse fundo e olhasse o pequeno, que soluçava algumas vezes parecendo assustado.

O mais velho levantou e logo o pegou no colo, abraçando ele e o acalmando.

— Shhh, no llores, busquemos a Cellbo y luego iremos al Castillo, ¿te gustaría comer algo antes de dormir?- sentiu a criança negar com a cabeça. Roier saíu do pequeno consultório e trancou a porta, começando a caminhar em direção ao local que havia combinado de encontrar o noivo. — Muy bien, al llegar al castillo, te pondremos a dormir y cantaremos una pequeña canción, ¿de acuerdo?

A criança concordou já mais calma, fazendo Roier sorrir e acariciar um pouco suas costas, enquanto caminhavam no local vazio.

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⏰ Última atualização: Jul 19, 2023 ⏰

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