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VERITY
Verona | Itália

Da sacada do meu quarto, observei uma movimentação incomum no andar de baixo. Os empregados cochichavam entre si, trocando olhares curiosos. Frederick, nosso mordomo, estava em pé junto ao portão de acesso, visivelmente nervoso ou ansioso. Alguns minutos depois, o portão central se abriu e dois carros entraram no jardim principal. Carregavam o selo britânico e a bandeira do país pendurada no capô.

Assim que os carros estacionaram, um rapaz de meia idade bem-vestido desceu e cumprimentou Frederick.

Questionei o que alguém da Inglaterra estaria fazendo aqui, e tão longe de casa.

Fui interrompida por Violet, minha irmã, que chamava desesperadamente meu nome.

— Verity! Verity! — chamou ela, correndo até mim.

— Let, que agonia é essa? — perguntei, embora já tivesse uma ideia.

— Você viu aqueles carros lá embaixo? — apontou para os veículos. — São da família real!

— Eu suspeitava que fossem britânicos, mas agora que você falou, está mais que claro.

— A mamãe está com o rapaz misterioso no escritório do papai.

— O que ela iria querer com a família real? — franzi o cenho.

— Não sei... desde a partida do nosso pai, vive para salvar o nome da nossa família.

— Fique aqui e não saía! — ordenei saindo do quarto.

Ela assentiu.

Deixei Violet na sacada e desci apressada. Espiei pelo corredor vazio e me aproximei do escritório, cuja porta estava entreaberta. Vi minha mãe conversando com o rapaz de cabelos grisalhos.

— Então será com comunhão de bens, certo? — questionou ela, examinando os papéis entregues pelo rapaz.

O que ela queria dizer com "comunhão de bens"?

Ela assinou os papéis e os devolveu ao rapaz, que se despediu afirmando que partiriam em breve.

Afastei-me rapidamente ao ouvir seus passos, mas esbarrei em um vaso de flores, derrubando-o.

— Senhorita, está bem? — perguntou uma empregada, preocupada.

— Sim, estou — respondi, correndo de volta ao meu quarto.

[...]

No salão principal da mansão, adornado por tapeçarias intricadas e candelabros brilhantes, eu e Violet aguardávamos nossa mãe. Ela entrou com um ar de autoridade, trajando um vestido elegante que realçava sua presença.

Mallory Bridget certamente era uma mulher elegante.

Sentou-se numa poltrona de veludo vermelho e começou a falar.

— Minhas queridas filhas — disse, sua voz firme e controlada. — Reunimo-nos para discutir um compromisso importante que fiz em nome da nossa família e sobre o futuro de vocês.

Eu e Violet nos entreolhamos, confusas, mas deduzi que se tratava do rapaz de mais cedo.

— Casamento é uma oportunidade rara. Nossa situação está arriscada, mas coloquei os nomes de vocês na lista de esposas para os filhos do rei e, por sorte, foram escolhidas!

Violet apertou minha mão, eufórica. Eu mantive a calma e ergui o queixo com determinação.

— Casamento? E como assim escolhidas — disse com firmeza, desafiando as expectativas.

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