Prólogo

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Eloise Amaris


Senhora Amaris, mãe, protetora, amiga, companheira e dona do sorriso e da alma mais linda que alguém poderia encontrar nesta curta e frágil vida, uma mulher de garra e verdadeira, a mulher que ensinara tantas outras mulheres a lutar pela própria liberdade sem depender de ninguém, a lutar pela vida sem lamentar quão triste continuava a ser, sem lamentar em meio a tanta dor e sofrimento, até que... o fim se aproximara, e ainda assim, Julia tinha forças para olhar para todas as pessoas que lhes amava e amava verdadeiramente, sorrindo. Embora soubesse que aquele seria o seu ultimo riso, ela sorriu com todo o seu coração.

- Não cho-chore, querida... Está tu-tudo bem. - Julia Amaris tentava falar com dificuldade para a filha que se encontrava aos prantos. Seus últimos dias no hospital acaba de chegar ao fim. O médico a enviara para casa minutos atrás. "A senhora irá para casa, senhora Amaris, como gostaria.", dissera o médico profissionalmente, sem demonstrar qualquer sinal de tristeza, embora, os seu olhos estivessem naquele momento lamentando. Normalmente enviar um paciente para casa era motivo para se alegrar, contudo, naquela ocasião, não era nada fácil de aceitar. Enviar àquela paciente para casa naquele estado era lamentável, mas infelizmente, ninguém poderia fazer mais nada por ela, os seus dias estavam contados. Não tinha mais o que fazer por ela. Foram quatro meses fazendo todos os tratamentos para amenizar a sua dor, e Amaris persistiu muito, até que o seu quadro ao invés de melhorar, piorava. O câncer no intestino já havia espalhado rapidamente pelo seu corpo. O câncer de Julia fora silencioso, de maneira que só a fez descobrir a doença após a infecção pelo coronavírus, e felizmente ela havia se curado do vírus, mas, infelizmente tivera que enfrentar algo muito pior... - Querida... Por favor, me parte - Julia tosse diante o esforço e o cansaço em falar - o coração vê-la assim. Eu quero que você sorria...

Eloise olhava para o rosto da mãe sem acreditar no que ela estava lhe pedindo.

- Como pode me pedir isso, mãe. Eu não sei o que vou fazer sem você. Eu não posso viver sem tê-la comigo... Eu não... - segurava as mãos de mamãe fortemente, como se fazendo isso pudesse fazê-la se curar dessa doença maldita. Minhas lágrimas caiam sobre o meu rosto incontrolavelmente. - Eu não posso sorrir... Nunca mais... - Debruço-me sobre o corpo frágil e cansado da minha amada mãe. Mamãe levantava a mão para tocar a minha cabeça carinhosamente.

- Eu sei, meu bem. Eu sei... Tudo bem. Então chore. Chore tudo o que tiver que chorar... Mas quero que se cure. Você é forte. Lembre-se disso. Você é muito, muito forte, querida. - Ela dizia, sem tirar as mãos dos meus cabelos.

- Forte igual a senhora. - Digo com um sorriso frágil nos meus lábios. - Eu te amo tanto, mãe!

Eloise e Julia ficaram ali por um longo tempo, antes que a enfermeira voltasse para preparar a saída da paciente.

***

Julia Amaris persistiu fortemente e admiravelmente por mais duas semanas, até que, em frente a uma linda praia atrás da sua casa, Julia e Eloise, de mãos dadas, olhando para as ondas calmas e silenciosas tiveram o seu ultimo e definitivo adeus.

Eloise não chorou copiosamente naquele momento, pois havia prometido para a mãe de que iria sorrir todos os sorrisos que ela não poderia mais dar. Mas permitiu que, enquanto sentia a mão delicada e sensível da mãe cair ao seu lado na cadeira de praia, uma lágrima solitária lhe caísse a face.

- Eu te amo, mamãe... - disse ao vento aquelas ultimas palavras.

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