Cap I

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Primeira coisa que precisa saber ao meu respeito é que me chamo S/n Yoisaki, e tenho doze anos . Moro com minha mãe em um bairro calmo do Japão, onde minha escola não é longe dali. Normalmente vou caminhando quando me sobra tempo, raramente usava a bicicleta, porém hoje era raramente no meu dia.
_To atrasada, tchau mãe, beijei- na rápido e sai já pegando a bicicleta que estava parada no canto se misturando com a cor da parede azulada
_Cuidado, até mais tarde, falou acenando para mim enquanto ia para mais um dia de aula
Todos temos vidas normais e dificuldades se formos pensar, as minhas ainda estavam inexistentes até aquele dia. Foi quando dois alunos novos foram transferidos, causando consigo uma enorme bagunça. Uma bagunça de poder. Afinal, minha escola sempre foi calma, sem lutas e poucas brigas.
Mas a mudança desses dois, causou de certa forma desavenças que eu mesma nem imaginei que existiam.
Foi uma luta para reinar na escola, luta única , deles contra nós. E nossos corpos fracos facilitaram sua vitória.
Eles mandavam e faziam tudo que lhe achará conveniente, desde o dinheiro do lanche até sermos obrigados a fazer suas atividades. A gente até poderia recorrer aos professores, se eles não tivessem medo, afinal eles não eram qualquer pessoa, eles tinham consigo o peso de um pai influente ao seu lado. Alguém com dinheiro o suficiente para comprar toda escola e cada professor se assim quisesse, então não julgo o medo que tinham.
Eles tentaram me abordar várias vezes, mas eu tenho uma habilidade comigo que facilitou muito as minhas fugas. Se chama parkour, e aprendi com meu primo que mora no Brasil, ele disse que era algo útil e até aquele momento achei que estava errado. Aprendi quando tinha nove anos, afinal naquela época aquilo era quase como ser uma super heroína e os pulos pareciam vôos. Então aprendi, e treinei incontáveis vezes no final do dia, na praça vazia, e no caminho para casa quando a bicicleta não me acompanhava.
Eu nunca mencionei o que sabia fazer para mim mãe, afinal ela é do tipo super protetora desde que meu pai morreu. E isso faz anos, então tem muita pouca coisa que eu realmente posso fazer.
O parkour na prática, são movimentos contínuos, seja correr, subir ou saltar, sempre passando pelos obstáculos presentes em cada ambiente. O objetivo não é desviar, e sim transpor. Basicamente, são alternativas diferentes para percorrer trajetos que as pessoas normalmente fazem andando.
_S/n? Senhorita Yoisaki? Chamou a professora
_Sim? Senhora... falei ao perceber que ainda estava na sala de aula
_Talvez queira compartilhar conosco a resposta, ou o que lhe deixa tão distraída?
_Não, desculpe! Vou prestar mais atenção! Falei curvando a cabeça
_Tudo bem, sente. Pediu e seguiu dando sua aula
Mais tarde, na hora da saída, a frente estavam eles parados bem embaixo do pé de cerejeira atormentando os que passavam ali.
_Só o que faltava... falei pensando no que fazer ou que caminho tomar
_Me deixem em paz, falou uma garota loira
Ela parecia não ser da nossa escola, por conta do seu uniforme, e acabou caindo nas mãos daqueles idiotas.
_Me deixem em paz, seus idiotas! Pediu antes de ser lançada contra o muro atrás dela
_Droga! Falei voltando para dentro do pátio da escola e indo até a árvore, só que do outro lado da construção
Coloquei minha bicicleta contra o muro, a escorrei forte o suficiente para conseguir me agarrar ali. Me ajeitei e estava no topo do muro, com a árvore sendo minha capa invisível para os debaixo. Aproveitei seus galhos íngremes, para usá-los como uma espécie de trapézio. Isso me permitiu levantar voo e aterrizar derrubando o maior deles no chão, o que fez o outro correr e mandar seu capacho fazer o mesmo.
_Você nos paga S/n! Foi o que o riquinho falou em disparada seguido pelo seu brutamontes
_Você está bem? Perguntei à garota que me olhava surpresa
_Estou, aquilo foi incrível! Falou ainda surpresa
_Que bom, não foi nada. E me desculpe por eles, são assim desde que vieram para cá.
_Você não vai se meter em problemas?
_Nada fora do comum.
_Um parece indefeso, falou ao notar que nem tentou lutar
_Sim, ele é o riquinho, o banco ambulante e o outro e a força bruta, sem cérebro para distinguir que é usado para os trabalhos sujos.
_Saquei, mas ele é tão rico assim?
_O pai dele, pelo que dizem, é um daqueles políticos corruptos que tanto ouvimos falar nos jornais e na televisão.
_Caramba...
_É, ele já ameaçou comprar a escola e brincar de casinha conosco, como se fossemos seus bonequinhos.
_Que tipo de pessoa ele é?
_A pior que já conheci até o momento e nem chegou na fase adulta ainda.
_Inacreditável...
_É, quer que eu acompanhe você ?
_O que ? Não precisa, não quero atrapalhar, falou sem graça
_Tudo bem, não me importo. Falei sorrindo gentilmente
_Ok! Ah, eu me chamo Emma Sano.
_Ah, desculpe! Eu sou a S/n Yoisaki.
_Muito prazer, S/n. Falou se mostrando muito simpática _Chegamos, é aqui! Falou parando na frente da porta _ Quer entrar? Perguntou já entrando
_Não, na verdade, eu já estou voltando. Preciso voltar para casa, tenho que ajudar minha mãe mais tarde.
_Ah, tá bom. Muito obrigada.
_Disponha, e aquilo é um dojô?
_É, é do meu avô.
_Então você sabe...
_Sei, falou me interrompendo já sabendo o que eu iria perguntar
_Mas por que..
_Por que não me defendi? Perguntou tirando as palavras da minha boca
_É...
_Eu sei muito pouco, e pouco suficiente para não conseguir lutar bem contra um, então dois...foi meio demais. Falou um pouco envergonhada
_É, eu entendo. Mas eu vou indo...
_Quem sabe você não vem um dia aqui, podíamos treinar juntas.
_Eu não sei lutar e minha mãe não ia gostar muito também.
_Protetora?
_É, um pouco. Falei abrindo os braços para contradizer minhas palavras, o que fez Emma sorrir
_Então a gente se vê?
_Claro, até mais. Falei acenando e ela acenou de volta
Pude notar olhos sobre mim, olhar fixados no meu pescoço, se eu não o soubesse que essa história de vampiro era mentira diria que estava sendo encarada por um predador.
Ou talvez, para algo menos emocionante, era só algum familiar desconfiado com a presença de uma estranha em sua casa.
'Acho que amanhã eu poderia ficar doente, para evitar mais entendidos. Ou ter um veículo na velocidade da luz...'

Minha protegida Onde histórias criam vida. Descubra agora