★ ﹒ ꜱ𝓲𝓬𝓴 ﹒ ﹒Ꮺ

Sick.

Faziam dois dias, apenas, que Reo não aparecia na escola. Mas, apesar de ser um curto tempo, Nagi percebeu a falta de Mikage muito mais rápido do que a maioria das pessoas da sala, inclusive das garotas que viviam atrás dele. Fazia uma semana que as notas da turma haviam sido lançadas e Nagi sabia que o último semestre não foi fácil para ninguém, inclusive para ele e, aparentemente, até mesmo para o seu ícone parceiro de sala.

O garoto tinha enviado alguma mensagens curtas, apenas algo descontraído nos últimos dias. Óbvio, queria mesmo obter respostas para as faltas de Reo mas eles não eram tão próximos... emocionalmente.

Reo até tinha o hábito de deixar claro a maior parte do seu humor, isso transparecia frequentemente. Como quando Nagi o tratou com indiferença quando o havia convocado para jogar futebol ou quando a governanta Ba-ya tinha que trazer notícias e cobranças estúpidas remetidas de seus pais porque eles mesmos não poderiam comparecer. O rosto dele formava uma careta, franzindo a testa para conter lágrimas, mordendo os lábios como se quisesse rasgar a própria boca com os dentes.

Nagi acreditou por um bom tempo que Reo era só um garoto egocêntrico e bajulado de mais, mimado. Que sempre teve a maioria das coisas dada de bandeja, apesar das habilidades treinadas, que, de certo modo, vieram de condições financeiras excelentes para seu desempenho. Porém, a pressão constante vinda de altos padrões sociais e falta de um certo apoio moral e afetuoso eram uma das únicas coisas que o fazia perder a cabeça. Por isso, Seishiro tinha quase certeza de qual era a justificativa para o sumiço repentino.

Apesar de ser contra a sua vontade, Seishiro sabia onde Reo morava, já que o mesmo tentava influenciar ele a jogar futebol trazendo ele para sua casa. Tinha ido lá algumas vezes, mas, mesmo assim, não conseguia se acostumar com o tamanho exuberante das coisas lá dentro.

A casa onde Reo vivia era ornamentada de arranjos e decorações caras. As paredes sempre tão bem limpas, o cheiro constante e agradável de lavanda. Mas Nagi sentia o eco que a casa fazia. O eco que se derivava de uma casa grande, mas que sempre estava isolada dentro.

Ba-ya acompanhou Nagi até a porta do quarto de Reo. Era uma madeira robusta e escura, com alguns arranhões que pareciam ter sido feitos por um mini Mikage durante a idade onde altura era algo fascinante de mais e que deveria ser gravada para a eternidade.

Antes de bater na porta, ela se virou para Seishiro. "Esse nariz de bruxa é tão estranho." – Pensou. Ela deu um sorriso simpático para ele.– Estou realmente lisonjeada que tenha sido você quem veio tomar notícias do meu Reo. Ele está inseguro, tenha calma.

Sua garganta deu um nó e ele só pode dar uma suspiro pesado em resposta, acertando com a cabeça. Aquilo começou a lhe dar uma certa preocupação. Certo, era comum algumas pessoas ficarem chateadas com notas baixas, mas o jeito como Reo agiu e como sua governanta descrevia esse estado traziam uma uma impressão desconfortável.

Assim que ela saiu, ele bateu fraco na porta, sem respostas.

–Reo? Sou eu, Seishiro. –Nada. Não ouviu nada. Coçou a nuca, levando a mão ao bolso para pegar seu celular e, assim que ligou ele, ouviu a tranca da porta se abrir e a imagem de Reo apareceu.

Reo encarava ele de um jeito melancólico. Olheiras pesadas marcavam seu rosto. Nagi olhou ele de cima a baixo, vendo que estava descalço e com parte da roupa amassada. O quarto não estava completamente escuro, mas dava a impressão de como se Mikage estivesse se preparando para entrar no vigésimo sono.

–É bom ver você aqui. –Um sorriso se abriu no canto dos lábios de Reo. Ele ainda parecia realmente dopado de sono, como se estivesse vivendo num cantinho no qual o tempo não passava e ele poderia apenas existir.