*Um inicio qualquer*

18 1 0
                                    

(Yuri)

A que ponto a mente ansiosa de um simples baterista poderia chegar?
Mais uma noite em claro, mais uma tentativa de distração, mais uma vez nenhuma produção. Isso vai matando aos pouco, porque se meter nisso? Uma semana, uma FUCKING semana sem produzir nada, sem ensaiar, apenas ficar olhando pro teto e mexendo as baquetas em minhas mãos ouvindo o som da pesada chuva que cai ao lado de fora. São exatas 04:23 da manhã e tudo que faço é esperar a hora passar enquanto mil pensamentos sem conclusão passam pela minha cabeça.

~tela do celular acende~

- Quem é a pessoa sem ter o que fazer mexendo no celular a essa hora? O que foi Angel? Eu não vou sair a essa hora com vocês para correr, vai dormir porra. Não, eu não to depressivo cara, só não consegui dormir ué. Angel são quatro da manhã, vai dormir, não pedi que viesse a porta da minha casa a essa hora, eu não vou descer, tá chovendo e vocês dois vão ficar doentes, não me mete nisso não. Tá, tá só um copo de café, mas se você tentar me forçar a sair eu vou te demitir entendeu? Sai, você e sua irmã tão andando muito com aquela tatuadora, não vou te chamar disso, sobe logo que já liberei a porta.

- Bom dia baixinho- Vênus diz virando a escada.
- Não chama ele assim, vai ficar puto e tacar uma baqueta em você- Angel tem experiência com isso já que não me deixa em paz nunca.
- Já botei água na cafeteira, é só vocês aguardarem um pouco. Tem pão e torrada no armário do lado da geladeira, açúcar e manteiga tão na mesa e leite na geladeira, se virem e quando forem sair não esqueçam de bater a porta.

Tentei voltar pro meu próprio mundo, fracassando sendo segurado pela Vênus pelo braço.
- Toma café com a gente pelo menos seu mal educado, não devia tratar uma dama assim.
- Me poupe Vê, até parece que tu é assim e não amassa uma pessoa com uma pisada.

Acabei por ceder e me sentar com eles pegando apenas um copo de leite morno com canela e açúcar. Sempre acabo rindo até minha barriga doer quando to com eles. Eles aparecem assim de vez em quando lá em casa, acabei virando realmente amigo deles por ter o Angel como nosso segurança a 3 anos já, a Vê veio de brinde por ser irmã dele, mas de verdade mesmo, não poderíamos ter escolhido melhor nem que quiséssemos. 
Enquanto conversávamos notei que a chuva parou e olhei pela janela, o sol começou a aparecer tão preguiçoso quanto eu.
- An, o sol apareceu, a hora é agora.
Dito isso fui empurrado para o meu quarto e tive roupas jogadas na minha cara, especificamente as roupas que ele comprou para me obrigar a fazer exercícios com ele, as roupas que eu tanto odeio.
- Se veste logo, se em 5 minutos não sair vou invadir o quarto e te levar do jeito que você estiver vestido.
- Só queria dizer que vocês ainda vão me  pagar por isso, pode escrever o que eu to te falando. 

~duas horas depois~

São quase 07:00 quando paramos em uma padaria próxima do parque para um segundo café da manhã. Teríamos uma reunião ás 9:00 para resolver novas questões e conhecer o tal do novo integrante, espero que ele não ache que pode substituir a Yumi, porque ninguém pode substituir ela. Meu bom humor foi embora assim que lembrei disso e fomos para nossas casas. Me arrumei, separei minhas coisas, peguei meus fones, minha bolsa e minhas baquetas de treino e sai, queria chegar antes de todos, queria tocar antes que chegassem, queria tocar antes que o tal cara chegasse. Ela se foi e eu nem pude me despedir, não pude fazer nem falar nada, ela apenas se foi.
Cheguei e não havia chegado ninguém ainda, a rua estava vazia e tinha apenas um cara de roupas escuras e estatura baixa como a minha parado próximo ao prédio, fora ele tinham poucas pessoas andando pelas ruas. Entrei e já fui em direção a minha tão conhecida bateria, apenas toquei como se pudesse expor toda essa sensação através dela. Fiquei tão focado que não notei que alguém havia chegado e estava me chamando, senti uma mistura de sentimentos tão forte que acabei por quebrar minha baqueta.
- Você está bem? Não devia tocar a bateria com a capa, isso machuca seus pulsos e bom, você é um baterista, precisa deles, está bem? Se machucou?- disse um carinha de cabelos vermelhos
- Quem pensa que é pra sair entrando no Studio assim? Poderia dar licença e sair daqui? É um local privado. Droga, as minhas baquetas, logo elas não, não as que ela me deu, não essas, por favor não, diz que é brincadeira isso, mas que droga, porque? Porque comigo? Porque logo hoje?- sentia uma agonia tão grande tentando juntar as duas partes quebradas do presente que Yumi me deu assim que criamos a banda a 3 anos atrás.

O cara se afastou dando espaço para Vê que se abaixou na minha frente e levantou meu rosto me olhando séria, logo após ver meu rosto, seus olhos começaram a brilhar, ela iria chorar também? Ela não tem motivos para isso, foi a minha baqueta que quebrou.
- Yu, levanta vamos para a reunião, me de aqui que eu vou ver o que posso fazer.

~durante a reunião~

Então o carinha que invadiu o Studio é o nosso novo baixista? Não gostei dele, é apenas um intrometido.
- Tem experiência? Quanto tempo? Já tocou em shows antes? Não podemos aceitar um amador, por mais que nossa banda não seja antiga ou tenha uma grande fama, não podemos aceitar qualquer um. Pegue seu baixo e toque, improvise algo, quero ver do que é capaz.
- Vai com calma cara, deixa ele falar também, respira ai- Jay, nossa guitarrista dizia me encarando.
- Se apresente ruivinho, fale sobre você- Rose, nossa vocalista dizia nitidamente encantada com a beleza do tal ruivo.
- Que seja, se vai ser como vocês querem então porque estou aqui?
- Olha Smith, nenhum de nos tem culpa pelo que aconteceu e muito menos o rapaz novo, então se acalma por favor- Jay notou o qual irritado eu estava.
Apenas me levantei e sai, não queria ficar ali. Botei meus fones e sai do Studio andando pelas ruas ainda calmas pela manhã de uma sexta-feira, estava prestes a dar mais um passo quando alguém segura meu braço e uma moto passa com tudo a minha frente, nitidamente o cara me xingava e eu não ouvia por conta do fone, o sinal estava fechado e eu não vi, me viro para agradecer a pessoa que me salvou do atropelamento, de imediato solto meu braço dela, não é possível isso.


...

DizzyOnde histórias criam vida. Descubra agora