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- Todo mundo muda?

- Que tipo de pergunta é essa Jisung? É claro que sim.

É óbvio que todo mundo muda, eu sei muito bem disso, eu só não quero aceitar.

- Felix querido, a sua mãe tá lá fora te chamando para jantar. — minha mãe disse do outro lado da porta. Aliás, quando que ela chegou? Normalmente eu escutaria os passos dela.

- Tchau cara. — Felix falou meio cabisbaixo por ter que ir embora e me deu um abraço. — Você tá estranho hoje. Fica bem.

- É só impressão sua, eu tô bem.

- 'Cê que sabe. - deu dois tapinhas na minhas costas e andou até a porta. descansou sua mão sobre a maçaneta e virou para trás, me olhando nos olhos. - Valeu aí.

- Não precisa agradecer.

Felix sorriu fraco e saiu do meu quarto, começando a conversar com a minha mãe enquanto andava até a saída.

Fui até a minha janela e o vi ir embora com sua mãe. A mulher pareceu falar algo engraçado que o fez rir e logo em seguida o abraçou.

Por mais que eu não queira admitir, o Felix mudou sim. Ele mudou bastante mas ao mesmo tempo não mudou nada. Ele tem essa habilidade de mudar tudo em si e continuar o mesmo de sempre, que faz com que ele seja único na vida das outras pessoas.

Mas e eu? Eu sou único?

Eu não acho que eu seja. Na real, se alguém chutasse uma árvore provavelmente cairia uns 5 jisung. As vezes eu penso em mudar algo em mim para ser no mínimo diferente no meio das outras pessoas. Já pensei em pintar o cabelo, fazer corte, raspar, deixar crescer, mudar de estilo, mudar de gosto musical... Mas era muitas mudanças pra mim e eu não ia conseguir lidar com elas.

(★) dia seguinte

[ Leleco ]

- Vai pra escola hoje?

Geralmente eu que
faço essa pergunta -

- Vai ou não?

Claro q eu vou -

- Vou te esperar
aqui na calçada entao

To terminando de tomar café -
Jajá tô aí -

>>

  Por mais que eu pareça um tremendo crianção na verdade eu não sou tão novo assim. Eu tenho 14 anos! Na verdade eu tenho 13... Mas faço 14 daqui a alguns meses, o que tem de errado arredondar?!

No ponto de vista de alguns eu sou novo sim, e eu não discordo, ainda tenho muita vida pela frente mas mesmo assim eu sou muito bem visto pelas crianças do bairro!

- Filho? Tá fazendo o que aqui ainda?! O Felix tá lá embaixo te esperando.

Poxa, que mania de me atrapalharem toda vez que eu escrevo.. Vou ter que levar vocês junto com as vozes da minha cabecinha!

>>

— Demorou eim. - Felix disse ao me ver sair de casa.

  Apontou para meus sapatos, me mostrando que estavam desamarrados. Me abaixei e comecei a amarra-los de forma desajeitada e rápida.

— 'Tava fazendo uns negócios e acabei perdendo um pouco a hora. - respondi me levantando.

— E desde quando seu diário é "uns negócios"? - riu dando um tapa leve na minha cabeça.

— Aí! Isso dói, sabia?

— Seu aniversário 'tá chegando, né? - comentou me ignorando completamente e eu assenti com a cabeça. — Tá pensando em fazer festa?

— Pior que sim, até falei com meu pai sobre.

— Vai chamar quem? Caso tivesse, é claro.

— Sei lá. Todo mundo talvez. - respondi em um tom natural e Felix me olhou incrédulo.

— Todo mundo?!

— É ué, o que tem? A nossa sala tem poucas pessoas e eu considero bastante cada um.

— Eu sei, mas, todo mundo não é muito exagero?

— Eu não acho.

Felix deu de ombros, desistindo de me fazer mudar de ideia.

- Você 'ta melhor? - perguntou.

- Como assim?

- É que ontem você 'tava meio estranho, sabe?  - vendo que eu não iria o responder, continuou. — Não quero te forçar a contar algo que você não queira, mas só quero te dizer que eu 'tô aqui, viu? Se precisar de mim eu 'tô aqui.

- Eu sei disso e sou muito grato por tudo, mas 'pra que isso agora?

- Você reagiu meio estranho quando eu te falei sobre o Bin ontem. - deu uma pausa. - Eu pensei que eu não precisava me assumir pra você já que a gente se conhece a tanto tempo.. achei que você ia ficar numa boa.

Saber que eu tinha magoado o Felix em um momento onde ele precisava de apoio fez eu me sentir tão mal. Eu fui tão egoísta.

— Nem passou pela minha cabeça que aquilo poderia ter te magoado, me desculpa.

Eu estava me sentindo extremamente culpado pela forma que tinha agido com o Felix no dia anterior. Se eu contasse para qualquer outra pessoa o que tinha acontecido ela com certeza acharia uma grande bobagem, uma discussão sem motivo e se sentir magoado por algo que nem fazia sentido, que besteira!

Mas quando se é adolescente a gente não pensa muito nas coisas e tudo parece um grande fim de mundo, qualquer erro parece errado demais e qualquer discussão parece horrível demais.

Adolescente e suas manias de aumentar as situações.

Mas parando para analisar, Felix tinha toda razão para ter ficado chateado comigo, eu sou o melhor amigo dele, da pra entender.

— Tudo bem, eu só queria saber se você tem algo contra... - perguntou receoso.

— Que? Claro que não!

Felix abriu um sorriso imenso e me abraçou forte, devolvi o abraço e não demorou muito para que eu sentisse algumas lágrimas escorrerem em meu ombro.

— Felix? 'tá tudo bem?

Felix se afastou do abraço e secou suas lágrimas, mesmo não estando muito próximo dele eu conseguia ver que estava tremendo um pouco.

— Eu só me emocionei um pouco. - sorrio fraco e voltou a andar.

Fiquei alguns segundos parado observando Felix seguir, alguma coisa estava errada mas por algum motivo ele não queria me contar.

Mudanças. - MINSUNGOnde histórias criam vida. Descubra agora