— Você acha que essa roupa foi uma boa ideia? — Sana perguntou baixinho. — Tudo bem que não é a minha melhor roupa, mas acho que é adequada, não é?
— Eu acho que você fica bem em qualquer coisa — a Chou respondeu distraída, olhando para os lados, como se buscasse por alguém, na verdade, por Taemin. — Você tem bom gosto quando o assunto é moda. Eu não andaria com uma baranga.
A Minatozaki arregalou os olhos. Esperava qualquer coisa, menos um elogio gratuito vindo de Chou Tzuyu.
— Quem é você e o que você fez com a Tzuyu?
— Qual o problema? Elogiar agora é crime?
— O problema é que você nunca me elogia, então, isso é no mínimo estranho. — Sana pensou por alguns segundos sobre aquilo, talvez a resposta estivesse mais que evidente. — O que você quer, hein?
— Não quero nada.
— Alguma coisa você quer para ter me elogiado assim, de graça. É a sua cara mesmo.
— Quê? Não! — Tzuyu esbravejou. — Por que eu não posso simplesmente dizer que você se veste bem sem qualquer interesse por trás?
— Porque está escrito golpista bem na sua testa, Chou Tzuyu.
A Chou resmungou baixinho, cruzando os braços, franzindo o cenho.
— Então fique sabendo que não é um golpe. Eu já disse o que acho e não dou a mínima para o que você pensa a respeito disso!
Tzuyu virou-se para o lado oposto. Por vezes aquela má reputação a irritava de um modo inexplicável. A expressão no rosto de Sana, entretanto, foi aos poucos mudando, bem como as bochechas, que rapidamente ganharam um tom avermelhado.
— Ué, eu só não estava esperando um elogio seu. Fiquei surpresa.
— Não fique se achando. Você tem um bom gosto comum. Nada de especial. Na verdade, bem básico, simples demais se formos analisar de perto — Tzuyu debateu, buscando disfarçar seu deslize imperdoável de minutos atrás. — O que importa agora é esse encontro medíocre. Porque caso não tenha percebido, seu galã falsificado ainda não apareceu.
Tzuyu olhou para a tela do celular. O Lee já estava trinta minutos atrasado. A Chou pensou em alguns possíveis imprevistos, mas absolutamente nada a fazia desistir da ideia de jogá-lo de um prédio pelo constrangimento de deixar Sana esperando.
— Você acha que ele vai gostar de mim?
— Espero que não.
— É o quê?
— Foi só uma piadinha. — Tzuyu mostrou um sorriso forçado a ela, mas no fundo, é claro que estava torcendo para que se odiassem até a última geração de seres humanos existentes na Terra. — Você é o tipo dele.
— Isso me deixa aliviada. — Sana sorriu, ajeitando a alça da bolsa sobre o ombro, logo corrigindo sua postura. — Espero que dê tudo certo. Ele é meu último interesse. Minha última chance de terminar o semestre namorando.
— Jura?
— Você sabe que sim. Mais ninguém na faculdade me interessa. Como Nayeon e Momo foram descartadas da lista, eu só tenho o Tae.
— Tae? — o desprezo na voz da Chou era notório. — Desde quando chama ele assim?
— Desde que ele aceitou sair comigo.
— Você não acha que está indo rápido demais de novo?
— Mas é claro que não. Inclusive, nosso primeiro beijo provavelmente vai ser hoje a noite.
— Você planeja beijar ele no primeiro encontro?
— Em que século você vive, Tzuyu? — a Minatozaki questionou, espantada. — Se, sei lá, você e eu fôssemos um casal. Obviamente não somos, mas se fosse verdade. Acha mesmo que eu esperaria um pedido oficial de namoro para beijar você?
— É diferente.
— Não é diferente. E sobre o que eu disse, sim, talvez nosso primeiro beijo seja hoje.
— Nosso? — o coração de Tzuyu falhou. — Nosso quem?
— Taemin e eu, é claro.
Ao ouvi-la, Tzuyu saiu caminhando sem rumo algum, nada contente em ser excluída daquela forma. Já não bastava ter que ajudá-la a beijar bocas alheias, ainda por cima, era nomeada de desinteressante, ou pior, de invisível, ou ainda pior, uma opção de companhia totalmente abaixo daqueles três idiotas pelos quais ela babava.
Sana rapidamente a alcançou, colocando-se ao lado dela que, naquele momento, carregava uma feição de pouquíssimos amigos.
— Por que saiu andando?
— Porque me deu vontade.
— O que eu falei de errado? — Sana perguntou, intrigada com as respostas curtas e grossas da garota. — Você está bem estranha. Nem parece a Tzuyu que eu conheci na feira da faculdade.
— Talvez eu tenha mudado.
— Você? — a Minatozaki riu. — É mais fácil um meteoro cair agorinha do que eu acreditar na sua mudança.
— Depois sou eu a idiota — Tzuyu reclamou. — Olha, eu só quero que o Taemin chegue logo e leve você. Porque assim eu finalmente vou estar livre da porcaria do contrato e dos seus dramas adolescentes estúpidos.
— Claro, claro, como se Chou Tzuyu fosse uma mulher completamente madura e consciente, não é?
— É exatamente isso. Diferente de você, que nunca foi.
Tzuyu virou-se em direção à rosada. Faria questão de olhar nos olhos dela e repetir tudo que havia dito sobre seus dramas idiotas serem fúteis e ridículos. No entanto, notou que talvez aquela fosse uma das últimas vezes em que estariam juntas. Não queria se afastar dela.
Teve tempo suficiente para observar o rosto da garota, para desejar ter a companhia dela por todo tempo possível, ainda que pouco. E Sana não estava diferente. Aqueles segundos de silêncio trouxeram uma despedida implícita que definitivamente não queria sentir. A vontade de puxar Tzuyu para si, abraçá-la e dizer que gostava dela, era quase incontrolável. Afinal, já estava cansada daquele falso ódio arrastando-se por semanas.
— Por que desejou tudo isso? Por que faz tanta questão da companhia dessas pessoas?
— Porque sempre fui completamente sozinha, Tzuyu. Caso não tenha notado.
— Pode dizer o que quiser, mas eu nunca a deixei sozinha, enquanto essas pessoas a rejeitavam o tempo todo por você simplesmente ser quem é.
— Então precisa admitir também — Sana respondeu em um sussurro desolado, sem deixar de olhá-la nos olhos. — É só dizer e eu cancelo tudo, Tzuyu. O encontro, Taemin, o contrato. Eu não preciso de nenhuma companhia além da sua porque já somos a dupla perfeita. Mas quero ter certeza que não vai me trapacear ou agir por conveniência na primeira oportunidade.
Tzuyu tinha necessidade de dizer com todas as letras e em voz alta tudo que ela precisava ouvir, mas e se parecesse uma idiota? E se mostrasse às pessoas que era alguém capaz de ceder suas defesas quando estava ao lado de Minatozaki Sana? Aquilo a deixaria frágil demais. Sana era bonita, inteligente e esperta. Rapidamente perceberia que Tzuyu definitivamente não era a melhor companhia naquela faculdade e nem na vida.
Mas antes que pudesse sequer elaborar uma resposta, as duas ouviram os passos intrusos invadindo o espaço.
— Sana? Minatozaki Sana? — a voz do garoto acertou como um tiro o peito de Sana, tanto, que nem mesmo se preocupou em olhar para ele. — Sinto muito. Acabei ficando preso no trânsito. Você esperou muito?
— Ela chegou agora, Taemin — Tzuyu apressou-se em responder, já direcionando alguns passos para longe da mais velha.
— De qualquer forma, eu deveria ter avisado. — ele sorriu, ainda confuso sobre o silêncio da Minatozaki. — Podemos ir então, Sana? Está tudo bem?
Embora quisesse desabar e xingar Tzuyu em seus pensamentos por ser uma grande idiota, Sana mal conseguiu desviar seus olhos da garota, afastando-se cada vez mais. Havia entendido o recado.
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Ela tá TÃO na sua! [SaTzu]
FanfictionChou Tzuyu, uma universitária pouco dedicada e levianamente corrupta, precisa urgentemente vender seus serviços em uma proposta de projeto acadêmico. Minatozaki Sana, por outro lado, precisa conquistar um de seus três interesses amorosos até o fim d...