William Aaron Paine Grayson I

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{Queremos o que queremos}

O que eu queria era Edward McClanahan e Reverie Cross.

Meu melhor amigo e minha namorada, duas partes da minha alma que eu não estava disposto a perder de jeito nenhum, nunca estive.

Eu precisava daqueles dois mais do que precisava de ar, mais do que deveria, do que queria.

Estaria tudo bem se eu não fosse tão ganancioso, se eu só amasse a ela mas não nada comigo é tão simples, eu também amava ele e esse era o maldito problema.

Estávamos na década de sessenta, eu era uma aberração, uma coisa não natural e em certos lugares um criminoso.

Os dois sabiam disso, porém nenhum deles 'dava a mínima' como diria o meu neto.

Eles foram as únicas pessoas que sabiam que esse lugar existe além de mim e do Velho padre.

Eles foram os únicos que eu deixei entrar nesse lugar.

É engraçado que de todos os lugares, o único que uma aberração como eu pudesse estar em segurança era em uma igreja.

Lembro da primeira vez que trouxe eles aqui, durante uma véspera de natal.

Foram as horas mais entediantes da minha vida, eu estava quase dormindo quando de repente ele se sentou do meu lado, depois daquele momento não pensei em mais nada.

Eu os lavei para aquela sala, profanamos a casa de Deus naquela noite de certa forma.

Só conseguimos voltar antes que a missa acabasse por que o velho padre estendeu ela por mais meia-hora.

Nós nos sentamos na última fileira e quando nossos pais perguntaram onde estávamos só respondemos que "Very estáva com dor de cabeça de mais para continuar sentada na frente".

E isso se repetiu mais vezes do que eu posso contar.

Por que eles fizeram coisas assim eu não sei.

Bem, talvez eles me quisessem tanto quanto eu os queria, talvez gostassem do perigo que minhas perversões proporcionaram, ou foram sufocados pela minha bagunça e acabaram cedendo aos meus caprichos.

A primeira hipótese era a que eu queria acreditar, eles me amavam e estavam dispostos a enfrentar o mundo por mim.

Essa também é a menos provável das hipóteses.

A segunda era indubitavelmente a razão de Eddie para aquilo, ele gostava do perigo, de fazer algo errado e não receber punições, da adrenalina que isso gerava.

E a terceira era a razão da Very, ela tinha um complexo de herói e culpa, que a fazia fazer coisas como aquelas, ela provavelmente estava no paraíso e no inferno por causa daquilo.

Eu os amava e de certa forma precisava deles para viver, não para sobreviver, mas ainda assim o suficiente para que a possibilidade de que por algum motivo outra pessoa os machucassem, me fizesse enlouquecer.

Eu preferia que eles estivessem mortos a deixar que eles enfrentassem qualquer coisa que pudesse realmente feri-los.

Mas não importa mais, já se passaram mais de quatro décadas.

Eu achei um novo dono para a sala.

Olhos pretos e ferozes, corpo esguio, pele pálida, língua afiada e uma alma podre.

Damon torrance

Aquele garoto um dia vai fazer um estrago tão grande quanto ele mesmo.

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