Sala Carfax

Damon Kirsan Torrance

{Abuso pode parecer amor}

Corro para dentro da Igreja como se minha vida dependesse disso.

O padre provavelmente me viu mas não consigo me importar com isso agora, só preciso chegar na sala antes que eu enlouqueça de uma vez por todas.

Minha cabeça não aguenta mais e o resto do meu corpo está no mesmo caminho por que a dor física não é o suficiente para apagar a dor emocional e a dor emocional não é o suficiente para apagar a dor física.

Eu cheguei no meu ápice.

Descobri que minha teoria de que só podemos sentir uma dor por vez está errada da pior forma o possível.

Minhas mãos trêmulas nem chegam a abrir a droga da porta direito antes eu desmorone no chão como um idiota.

Todo meu corpo dói como o inferno e minha maldita cabeça não para de pensar no que ela falou.

"Você é idêntico a mim não só na aparência meu amor, você é completamente como eu, cada parte sua é uma parte minha também"

Eu me levanto sentindo todo meu corpo implorar para parar e esperar mais um pouco, mas eu ignoro e vou até a cama para tirar a roupa que está grudada no meu corpo graças ao treino e a chuva.

Eu quero ir para casa, para Banks e para debaixo das cobertas da minha cama, mas não consigo por que ela pode estar certa e eu não posso arriscar.

Não posso machucar Banks como ela fez comigo, não me perdoaria por isso.

Por que Nick não me odiaria por isso, ela ficaria com medo talvez com raiva, mas não me odiaria.

Ela culparia a tudo e a todos mas não me culparia.

Por que Nick acha que me ama, por que toda minha merda de deixá-la escondida de tudo e todos menos de mim a confunde.

Olho para os meus tênis me questionado se realmente vale a pena tirá-los e solto um grunhido, se eu não tirá-los agora vai ser pior depois, muito pior.

Os tirei o mais rápido que consigo os colocando de cabeça para baixo no canto da cama, então paro um segundo e reparo que as ataduras nos meus pés, estão encharcadas de chuva e sangue.

Mas não vou tirá-las agora, eu não consigo fazer isso agora, então só me arrasto até o meio da cama e tento dormir murmurando um agradecimento sem sentido a seja lá quem for a pessoa que me deu a chave.