Capítulo Único

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Às vezes Ambrosius ficava daquele jeito, parado, apoiando a cabeça no batente da entrada da cozinha, o olhando com uma expressão serena, mas com um quê de tensão na testa, contrastando com o brilho em seus olhos puxados e um biquinho adorável

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Às vezes Ambrosius ficava daquele jeito, parado, apoiando a cabeça no batente da entrada da cozinha, o olhando com uma expressão serena, mas com um quê de tensão na testa, contrastando com o brilho em seus olhos puxados e um biquinho adorável. Ballister se perguntava em que ele pensava nessas ocasiões. Já havia algum tempo que a frequência com que eles se encontravam daquela forma aumentara, enquanto Ballister fazia o almoço ou dobrava as roupas lavadas.

Um dia, enquanto estava lavando a louça, ele decidiu se arriscar:

- Em que você tanto pensa quando faz essa carinha, hein?

Ambrosius o encarou com dúvida, hesitando por um instante, tentando tomar uma decisão:

- Um dia eu conto. – respondeu ele com seu jeito doce típico e com uma timidez atípica.

- Isso vai demorar? – Ballister achou aquela resposta estranha e observou o namorado hesitar mais um pouquinho antes de responder:

- Não.

Ambrosius se desencostou da geladeira e foi até ele com uma expressão um pouco menos carregada, lhe dando um beijo suave nos lábios antes de se retirar da cozinha. Ballister não se preocupou, ele sabia que o companheiro era assim, às vezes guardava as coisas para si, mas que se precisasse o procuraria e lhe contaria o que estava acontecendo.



Poucos dias depois, Ballister e Nimona estavam jogando um videogame de zumbis, era bem sangrento, mas ele estava acostumado com o gosto peculiar da garota. Ambrosius ainda achava um pouco perturbador, mas estava se adaptando depressa com a presença frequente de Nimona e suas maluquices. Essa era uma das coisas nele que Ballister mais gostava, Ambrosius tinha o dom de ver coisas incríveis nas pessoas, principalmente naquelas que a sociedade excluía, como o próprio Ballister, por exemplo. Ambrosius e Nimona podiam não ter se conhecido em boas circunstâncias, mas Ballister tinha fé na crença de que logo a relação da garota com o namorado mudaria.

Como de costume, Ambrosius deu um pulinho na sala, se aproximando por trás do sofá com uma bandeja com salgadinhos, bolinhos e refrigerantes. Como de costume, Ballister pausou o jogo e se virou em direção ao encosto do móvel para beijar a bochecha do namorado alegremente enquanto tomava a bandeja das mãos dele e colocava na mesa de centro. E como de costume, Nimona fechou um pouco a cara e manteve sua expressão rígida.

Ela ainda não gostava de Ambrosius, mas tentava disfarçar em respeito a Ballister, pois sabia que o homem ficava chateado quando ela disparava farpas no loiro e dizia as coisas desagradáveis que pensava a respeito dele. Ele entendia que ela tinha suas razões para não gostar dele – tanto Ballister quanto Ambrosius tinham suas (boas) parcelas de culpa por tudo o que a garota passou –, mas também não podia dizer que não entendia o ponto de vista de Ambrosius.

Ele não podia dizer que não entendia o porquê do namorado ter agido como agiu. A vida toda, todinha, eles foram ensinados que haviam monstros do lado de fora da barreira, que eles deveriam estar em guarda o tempo todo e que deveriam fazer o que fosse necessário para detê-los.

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