PRÓLOGO

2.5K 185 80
                                    

Eu tinha certeza que estava prestes a morrer

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Eu tinha certeza que estava prestes a morrer.

As ondas batiam contra a costa vazia, chamando-me com braços invisíveis e meus pés se moviam em direção ao constante som, puxada por alguma força e atração, tudo que eu sabia era que doía demais para um único pensamento sóbrio.

Eu pensava que já havia conhecido a dor, mas nada do que já havia vivido se comparava com aquilo, com aquele maldito aperto em meu coração, com aquele desespero e tamanha falta de ar. Era horrível aquela sensação de estar perdida em algum lugar, em uma névoa escura e densa que me abraçava e não me deixava correr para lugar nenhum. Eu odiava aquilo, aquela sensação de morte na boca do estômago que me rodeava por inteiro.

Eu estava farta.

Farta daquele sentimento que me comia viva.

Farta de ter que fingir que estava tudo bem.

Farta dos olhares de pena e compaixão.

Meu desespero, eu sabia, era totalmente em vão. Minha mãe não abriria os olhos repentinamente como se fosse uma grande piada nossa, nunca mais eu ouviria sua risada espalhafatosa e isso estava me matando.

Leona Gauthier era uma mulher doce e dedicada, tinha cabelos tão ruivos quanto os meus e um sorriso que eu nunca nem sonharia em copiar, ela que deveria estar ali comprimentando todos os familiares e consolando as pobres crianças, esse era seu super poder, não meu.

Era muita pressão ter que fingir felicidade a tantos rostos desconhecidos, como se tudo fosse passar. Não ia. Era minha mãe naquele belo caixão e não um simples desconhecido, era o ser mais reluzente que havia pisado na terra, era para quem ela corria quando a escuridão lhe assustava, e agora ela estava simplesmente morta.

A escuridão me assustava, aquelas pessoas me aterrorizavam e estar sem ela? Definitivamente um pesadelo e tudo que eu queria era acordar.

Perder alguém próximo sempre era difícil, já tinha lido histórias o suficiente para saber que deveria ser ruim, mas nem mesmo com um ano terrível eu consegui me preparar. Mamãe descobriu o câncer a tempo suficiente para últimos dias felizes, mas ainda sim parecia tão vazio estar ali, simplesmente ali sem ela.

Com a respiração entrecortada e com o coração pulsando a mil batidas eu finalmente saí da névoa que cobria todo meu ser, e dessa vez não tinha a mínima ideia onde estava. Não apenas metaforicamente, eu percebi com uma risada sôfrega ao finalmente notar que havia deixado o enterro e as lágrimas falsas que me rodeavam.

— Merda — murmurei arregalando os olhos vendo que estava perto, perto demais da borda daquele penhasco e as incríveis ondas de Sounders Bay.

Foi quando então uma voz me alcançou, me arrepiando por inteiro apesar da pequena distância. Um garoto sentado à margem daquele mesmo penhasco na qual eu estava a apenas um passo de distância, resmungava.

PRIDE'S REDEMPTION - dark romance Onde histórias criam vida. Descubra agora