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POV NARRADOR

Os dias se passaram lentamente, Rafaella com sua rotina, quando não estava em casa, estava pelo hospital ou pela faculdade.
Gizelly continuava indo trabalhar com seu pai na empresa, e nas horas vagas sempre estava em algum quarto fazendo safadezas com a Camila. Ela até tentou se afastar, mais sua cabeça de baixo não deixava, e nem a Camila, sempre que podia enviava uma mensagem provocante pra futura presidente da empresa!
E assim se passaram dois meses, porém em breve algo iria mudar!

POV RAFAELLA KALIMANN

Eu havia terminado de tomar meu café da tarde quando ouço o barulho da sirene ecoando na entrada de emergência do hospital, dois médicos corriam até lá, me aproximei, levei um susto quando eu vi a pessoa toda desconfigurada, correram com a maca até a sala de cirurgia.

- Dizem que foi uma explosão (Bruno, um amigo do hospital comentou comigo)

- Deus tenha misericórdia (Respondi fazendo o nome do pai)

POV GIZELLY BICALHO

Uma vez por semana meu pai aparecia em nossos terrenos pra observar como estava indo os trabalhadores das minas, porém hoje ele não está se sentindo muito bem, então decidi ir até lá.
Uma pedreira no terreno estava sendo destruída, vários homens trabalhavam duro pra terminar logo o serviço, quando pararam de colocar as bombas eu me aproximei de um dos rapazes

- Boa tarde dona Gizelly (Ele disse e estendeu a mão) Acredito que em dois dias tudo isso vai está limpo e seu pai poderá construir as casas dos trabalhadores.

Como eu disse, meu pai tem um bom coração, vai construir dez casas, um pra cada funcionário que trabalha nessa mina.

- Ótimo trabalho Daniel, meu pai está bem satisfeito com o empenho da sua equipe

Me aproximei ainda mais da pedreira pra dar um olhada, foi quando ouvi um barulho ensurdecedor, o impacto foi grande, minha respiração ficou falha, e já não vi mais nada.

POV NARRADOR

Mesmo sem saber quem era a pessoa desconfigurada os médicos lutavam pra salvar a vida da Gizelly, desde o acidente ela se encontrava desacordada, seu pulso estava muito fraco, enquanto um médico operava sua perna, outro já estava preparado caso ela tivesse uma parada cardíaca.

A notícia do acidente não foi divulgada, há pedido do pai da Gizelly, o senhor não aguentaria nenhum repórter em cima dele nesse momento tão difícil, Senhor Antônio se encontra na sala de espera do hospital, sua aflição era nítida, se culpava por não ter ido ao terreno, pois caso ele fosse, Gizelly não teria ido. Foi até a capela e rezou pra Deus com toda sua fé, pediu muito a Nossa Senhora que colocasse suas mãos sobre sua menina, ele não suportaria perdê-la.

Longas horas se passaram até que um médico chegou ao senhor e deu a notícia que a cirurgia tinha sido um sucesso, contou que foi preciso colocar quatro pinos na perna da menina querida, também avisou que ela chegou com os batimentos fracos, mais que agora já tinha se normalizado.

POV ANTÔNIO

Fiquei um pouco mais calmo com a notícia do médico, e agora eu só queria poder ver minha filha.
Uma enfermeira me acompanhou até o quarto, ao chegar me assustei, Gizelly estava com o rosto todo coberto por uma faixa, deixei que as lágrimas caíssem, a enfermeira colocou a mão no meu ombro tentando me dar algum conforto, me sentei na cadeira próxima a cama, levei minhas mãos até o cabelo da minha filha, que por sinal estava cheio de poeira..

- Filha, não faz isso com seu velho, papai te ama muito sabia? Quando me ligaram e contaram o que aconteceu eu pensei que tinha te perdido minha menina

Desabei a chorar alto

- Senhor você precisa ficar calmo, não acha melhor tomar um ar? (A enfermeira disse me olhando)

- É tão difícil ver minha menina nessa situação (Eu disse soluçando)

- Entendo o senhor, mais agora ela tá bem, daqui algumas horas o efeito da anestesia vai passar e ela vai acordar, não fique angustiado, isso pode fazer mal ao senhor

- Obrigada Laura (Li seu nome em seu crachá)

Ela sorriu e quando viu que eu estava mais calmo ela se retirou do quarto.
Encostei na cadeira, peguei a mão da Gizelly e fiquei fazendo carinho, um filme passava na minha cabeça, seu primeiro aninho de vida, seu primeiro dentinho, ela correndo pra todo lado quando aprendeu a andar..

- Papai

Virei meu rosto e vi através da faixa seus olhos castanhos

- Filha, que felicidade ouvir sua voz. Não faça esforços, vou chamar um médico, ele pediu pra chamar hora que você acordasse (Eu disse apertando o botão de emergência que fica ao lado da cama)...

POV GIZELLY BICALHO

Tudo estava confuso quando abri meus olhos, olhei pro lado e vi meu pai perdido em pensamentos, quando ele disse que ia chamar um médico  eu tentei me lembrar o porque estou em um hospital, então veio a memória da explosão, olhei pro meu corpo, pinos na perna, passei a mão pelo meu rosto, cabeça toda enfaixada, somente minha boca, nariz e olhos não estavam tampados, já comecei a pensar no pior, eu precisava ver meu rosto, tentei tirar a faixa, mais fui impedida pelas mãos do médico

- Mocinha tenha calma, sou o Doutor Gustamante, preciso te fazer algumas perguntas, tudo bem?

Afirmei balançando a cabeça positivamente.
O doutor começou apertar em vários locais do meu corpo, me perguntava se eu sentia seu toque, graças a Deus senti tudo, em seguida, colocou uma lanterna em meus olhos, até então pelo que ele disse, estava tudo bem

- Olha (O doutor disse e se sentou na cadeira) Fizemos uma cirurgia as pressas em sua perna, tivemos que agir rápido pra você não perder ela, colocamos quatro pinos, a recuperação vai ser longa, mais se tiver o repouso certo e fazer as fisioterapias você vai ter sua perna saudável de novo

- Obrigada doutor (Agradeci aliviada)

- Fizemos todos os tipos de exames possíveis, nenhum órgão seu foi afetado, mais (Ele disse e me olhou com pena)

- Mais? (Eu disse sem tirar os olhos dele)

- Seu rosto não é o mesmo (Ele abaixou a cabeça) Queimou muito senhora Bicalho, agora você não está sentido dor pois está sobre o efeito do remédio, vamos te medicar de hora em hora, assim você não vai sofrer tanto

Minha respiração começou a falhar, eu precisava me ver, saber como meu rosto está, pedi a ele que tirasse a faixa, o que não foi possível, senti as mãos do meu pai sobre a minha me pedindo calma

- Quando a queimadura estiver setenta por cento melhor a gente vai iniciar o tratamento com o cirurgião plástico, um bom profissional pode deixar seu rosto sem nenhuma marca (O doutor disse) E senhora Bicalho, agradeça muito a Deus, você viveu de novo, em casos de explosão assim as pessoas nem com vida chegam ao hospital..

POV RAFAELLA KALIMANN

Acordei com o sol batendo em meu rosto, olhei no relógio,  sete e quinze da manhã, ainda tinha um tempo pra tomar um banho e tomar meu café sossegada antes de ir trabalhar..

- Bom dia Rafaella, o doutor Gustamante pediu pra te passar o prontuário da paciente do quarto 202, quer que você fique por conta dela (Joana disse)

Joana é a enfermeira chefe do hospital.

- Bom dia, só vou deixar minhas coisas no armário e tô subindo pro quarto.

Passei os olhos pelo prontuário pra saber a real situação da paciente, achei estranho constar somente o sobrenome da mulher, Bicalho.
Subi até o quarto com os medicamentos em mãos, calmante e remédio pra dor, também precisava colocar um soro na paciente, parece que ela ainda não havia se alimentado desde o acidente.

Ao chegar no quarto observei um senhor sentado na cadeira ao lado da cama, ele dormia todo encolhido, olhei pro lado e vi a mulher sobre a cama com a cabeça toda enfaixada, aproximei e ela abriu os olhos, esses castanhos não me é estranho...

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