1. Me sinto sujo

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O ano começou sombrio, era o sexto ano indo para Hogwarts, mas definitivamente era o primeiro que Draco sentira uma mínima vontade de entrar naquele trem e fugir para o longínquo castelo, contudo também sentia medo de estar lá, uma vez que pisando nas pedras frias teria que cumprir sua missão: matar Alvo Dumbledore, seu diretor.

Draco não podia negar que não era um grande fã do velhote, mas com toda certeza de seu coração nunca lhe desejara a morte, muito menos se tivesse que sujar suas proprias mãos.

O ultimo verão tinha sido um verdadeiro inferno, com seu pai em Askaban e o pior hospede imaginável em sua casa, seus meses sem aula foram aterrorizados por incessantes gritos por socorro e lamurias implorando pela morte, quando o Lord das Trevas torturava quem bem quisesse na sala de estar da casa em que cresceu, forçando o garoto a assistir diversas sessões de tortura sem tremer um músculo sequer, por sorte aprendera a ocluir com sua tia Bella, já que conter as emoções nesse momento era crucial para sua sobrevivência...

Não podia permitir que Voldemort desconfiasse de sua lealdade ou de sua total e incondicional devoção a seus ideais.

O Lord não queria exatamente acolher Draco como seu discípulo mas sim punir seu pai por seu fracasso, ele sabia que exigia demais ao pedir que o garoto cometesse o assassinato e tinha ciência da provável falha na tarefa, o que também o deixaria feliz já que assim poderia punir ainda mais Lucio ao matar seu filho e esposa, de qualquer forma sairia ganhando com a situação.

Como se já não tivesse importunado suficiente o jovem antes de sua partida, para "compensar" os Malfoy e lembrar Draco do seu dever, o homem lhe concedeu a honra de receber a marca, o ritual teve que ser feito a força enquanto sua tia o segurava, os gritos de agonia perante a dor que causava era música para os ouvidos do homem, o menino tentou resistir às trevas mas não conseguiu, uma frase persistia em repetir-se em sua cabeça.

"Não tem mais como fugir"

Naquela noite fria e sombria Draco fora se lavar e ao rever a marca escura impregnada em sua pele esfregava o máximo que pode mas obviamente só o que conseguiu foi vermelhidão e mais nada, as vozes em sua cabeça lhe sugerindo as piores atrocidades não se calavam e o som dos gritos que insistiam em se repetir em sua mente eram ensurdecedores..

Durante as férias na mansão Malfoy acabou por se aproximar de outros dois garotos cujos pais também eram fieis àquele-que-não-deve-ser-nomeado, Theodor Nott e Blaise Zabini, os dois garotos haviam, assim como ele, sido marcados juntando-se ao lado dos comensais da morte a contragosto.

Draco apreciava suas companhias, eles o entendiam melhor do que ninguém, afinal passavam pela mesma situação. Ao entrar no tão esperado transporte que os levaria à escola de magia os três se juntaram a Pansy Parkinson em uma cabine, a garota de cabelos negros embora filha de comensais ainda não recebera a marca negra por sorte, mas também carregava o fardo de ser arrastada pela guerra sem nem ter o poder de escolher de que lado lutar, e logo mais teria uma tatuagem na pele para lembra-la disso constantemente.

-Como você está? – A menina de olhos esmeralda perguntou segurando carinhosamente a mão do loiro a sua frente.

Os dois sempre foram próximos desde antes do primeiro ano, suas famílias já eram conhecidas o que os fez virarem amigos muito cedo, Draco sabia da preocupação da amiga mas esse fardo ele teria que carregar sozinho.

Malfoy se limitou a dar de ombros e suspirar o clima estava pesado e todos ali podiam sentir isso, depois de um tempo percebeu que não era seguro conversar ali, alguém estava escutando e ele já imaginava quem seria, com o parar do trem teve sua certeza ao acertar Potter com um feitiço o deixando paralisado no chão com sua capa da invisibilidade.

Traidor do sangue (Dramione)Onde histórias criam vida. Descubra agora