Sirens

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♪ Boadicea - Enya ♪

A falta de cortinas foi a responsável por tirar Allura de seu pouco tempo de sono. Demorou um tempo para que entendesse onde estava. Sentada, em sua cama, ela observava cada detalhe do lugar - agora minimamente arrumado.

Um novo lar. Uma nova casa. Um recomeço.

Longe de tudo. Longe do mundo.

Os cachos rebeldes caíam por seus ombros, os lábios entreabertos soltavam suspiros de encorajamento.

— Compras, Allura. E, quem sabe, uma vizinhança agradável? — Alongando seus membros, ela resmungou para si mesma.

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— Você é a nova moça da casa abandonada, não é? — Uma menina de olhos claros e cabelos vermelhos como o fogo disse em bom tom ao seu lado.

Allura pagou pelas frutas e, sorrindo, se virou para dar atenção aquela pequena criatura.

— Abandonada? Ah, não vá me dizer que é amaldiçoada também...

A garotinha riu e afirmou com a cabeça.

Allura observou os olhos inchados e avermelhados de choro daquela menina; o semblante tristonho que a assombrava. E notou a pelúcia peculiar de um búfalo sendo agarrada com toda força que tinha, como um amuleto e conforto.

A mulher, perto de seus trinta e cinco anos, nunca conseguiu esconder seu afeto por crianças, o quanto se contagia da pureza e alegria em olhos tão sinceros. Então, não era novidade que notar tamanha dor a despedaçou um pouco, aflorando aquele lado maternal que sempre quebrava seu coração mais tarde.

— Tá sempre escura e ninguém nunca vai lá... — A menina disse, puxando Allura de suas observações. — Minha irmã disse que tem um fantasma que mora naquela casa.

Allura riu.

— Bem, acho que ele saiu pra que eu pudesse entrar, porque não o encontrei. — Ofereceu uma piscadela.

Allura acariciou a bochecha rosada e com sardas da menina, e seguiu seu caminho. Acreditando que aquela doce senhora que observava as duas, pudesse confortá-la mais do que Allura seria capaz. E, bem, falta muito para que ela tivesse tudo que precisava nessa primeira saída.

Era uma boa coisa ela ter guardado todo aquele dinheiro, mas também sabia que não duraria para sempre. Seu trabalho como arquiteta não seria tão válido naquele lugar. Então, conversou com os comerciantes e mostrou sua simpatia para tentar conquistá-los.

— Seja bem-vinda a Solberg. — Disse uma vendedora. — Espero que estejam te tratando bem por aqui...

Surpresa, Allura sorriu. Não seria difícil pra ela acostumar com toda familiaridade e proximidade do lugar.

— Ah, sim. Obrigada! Até agora... o lugar perfeito!

— Sim, sim... Isso é bom. — A mulher sorriu. — Bem, 20 coroas. Posso saber seu nome?

— Allura. — Disse ainda com um sorriso ao entregar o dinheiro. — E o seu?

— Lissa. — Disse ela.

Allura olhou nos olhos da mulher, eram curiosos. E tudo que a morena mais queria no momento era curiosidades daquele vilarejo. E Lissa parecia uma falante que entregaria todos os detalhes pecaminosos daquele povoado.

A morena riu com seus pensamentos, se divertindo com as possibilidades de uma fofoca saudável. Pois sabia que seu nome já estaria na boca de toda aquela gente, e todas as perguntas seriam feitas. E a principal: Por que ela, uma mulher jovem e bonita, mudaria para um vilarejo sozinha com apenas uma mala?

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⏰ Última atualização: Jul 14, 2023 ⏰

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