Capítulo Único - A Decadência

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— Jisung, não! — Escuto minha mãe gritar antes de tudo se apagar, ou no caso, eu apagar...

Acordo em um suspiro de susto, sento-me na minha cama rapidamente e olho para os lados me certificando que estava tudo bem. Foi apenas um sonho, pensei.

Em poucos minutos, eu já estava na cozinha comendo meu cereal matinal sabor frutas, também observava através da janela que ficava em direção ao extenso quintal que tínhamos em nossa residência. Lá no fundo, eu podia ver minha mãe com uma calça folgada azul claro e uma blusa branca, também estava com botas e luvas de borrachas amarelas. A mulher, que atualmente estava na casa dos 46 anos, cuidava de sua horta que havia começado a plantar já tinha 6 meses, nessa plantação tinha tomates, abóbora e se não me engano, milho.

Desde de que aquele dia aconteceu, eu e minha mãe não estávamos nos falando muito bem, mas eu sabia o quão culpada ela se sentia. Sempre eu a evitava; ela se sentava na mesa e eu ia para o meu quarto; me chamava, eu colocava os fones... aquilo doía. Sabia que aquela situação a deixa super deprimente, tanto quanto eu podia imaginar, acho. Mas eu não aguentava olhar para o rosto da minha mãe, de pensar que eu vi aquela cena decepcionante naquela mesma cozinha...

Meus olhos enchem de água, mas eu não deixo as lágrimas descerem, apenas enxugo os olhos no mesmo momento que minha mãe percebe minha presença na cozinha e se vira para acenar para mim com um sorriso de orelha a orelha. Eu ignoro. Deixo minha tijela com um resto de leite na pia.

Quando me viro novamente para pegar minha mochila que estava apoiada sobre o mármore da cozinha, vejo minha mãe se aproximando mais da casa, agora ela estava com o rosto fechado e meio tristonho. Tento ignorar novamente, mas já era tarde demais, pois a mais velha já estava dentro da cozinha.

— Bom dia, Jisung. Dormiu bem? — Se vira para mim e aceno positivamente com a cabeça, acelerando meus passos para a saída de casa. — Vamos, meu filho, por favor! Você não pode me ignorar pelo resto da sua vida — escuto as últimas palavras saírem meio tristes, como se ela estivesse prestes a chorar. Eu saiu de casa as pressas, mancando bastante, por sinal, pois ainda estava me acostumando com a perna mecânica.

Já fazia 6 meses que eu havia perdido, infelizmente, a minha perna esquerda, então pra mim era difícil ter que andar ainda com aquilo, mas devo admitir que me adaptei melhor com ela do que com as muletas, elas me causam dores fortes de baixo do braço; parecia sempre que tinha acabado de carregar 100 quilos em cada braço.

[...]

Tempo foi, tempo veio e eu já estava na minha sala de aula, me controlava para não dormir no meio da explicação com a voz tão calma e irritante do meu professor de geografia. Minha última aula antes do intervalo havia acabado e eu, como sempre, fui um do últimos a sair da sala, era um pouco arriscado de eu cair com toda aquela algazarra que acontecia quando o sinal tocava, as pessoas pareciam animais presos sendo libertados de um cativeiro.

A hora do recreio tinha 40 minutos, acredito eu que em apenas 30 era o meu máximo para conseguir, pelo menos, descer para o andar 1 do colégio. Pra mim, era um pouco complicado descer as escadas com a perna de mentira, porque eu já sou desequilibrado de natureza, depois que, infelizmente, eu tive que por essa perna, parece que piorou. Minha escola era enorme, tinha dois setores, o primeiro tinha 3 andares, cada professor tinha sua própria turma, e como consequência do destino, eu estava no último andar, o terceiro. O Setor dois, o do ensino fundamental, havia apenas 2 andares, porque as turmas eram apenas do fundamental 2. Meu colégio com certeza é mais voltado para o ensino médio. Não reclamo, apenas aceito e não faço mais nenhum questionamento.

Um dia... - MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora