POV Amity
"Estou ouvindo alguma coisa..." - Indica King.
"Já está quase amanhecendo. - Fito o céu azulado - Será que essa cidade é uma boa ideia?"
"É sério, gente. Estou ouvindo alguma coisa". - O garotinho se irrita.
"Amity. - Luz me chama - Veja".
A Noceda havia achado uma placa de madeira, com três palavras esculpidas: Pottsfield, uma milha.
"Boa, Luz. - Dou um soquinho afetuoso no braço dela, rimos juntas quando minha mão atravessa seu espectro - Vamos, King. Por aqui".
"Certo, vamos por aqui". - O menino segue a direção contrária a que eu havia sugerido.
Luz e eu suspiramos ao mesmo tempo quando King se mete no meio de um arbusto.
"Eu vou matar o seu irmão". - Digo aborrecida.
"Não, por favor". - Ela sorri irônica.
"O que temos aqui... - Saindo do matagal, King possuía uma espécie de pássaro nas patas - Oh, não! Não, não!"
"HOOTY! - Canta Corujito, a ave de Eda - HOOTY! HOOTY!"
"Por favor, não. Até depois de morta?" - Choraminga Luz.
"Você não está morta! - Observo-a sarcasticamente, no entanto, antes que ela pudesse revidar, Corujito voa para meu ombro e enfia o bico no meu rosto - Sério isso? Toda vez".
Inicio uma corrida para pegar o pássaro, eu vou acabar com ele quando pegá-lo. Corremos, durante bastante tempo, velozes pela floresta sinuosa e fechada; Corujito por sua própria vida, eu para matar o ser mais irritante que já viveu. A ave liderava a companhia; eu o seguia de perto; Luz quase grudava em mim, tentando me conter; King tentava acompanhar com suas pernas pequenininhas, levando o Júnior nos braços.
"Para, para! Amity, para!" - Luz gritava a plenos pulmões, correndo logo atrás de mim.
"Vou desmontar as suas moléculas!" - Berro para Corujito, me aproveitando de que sem corpo, Luz não poderia me parar.
Assim que chegamos na borda da mata, segurei o animal, prendendo-o com cuidado, usando os dedos.
"Finalmente". - Olho para o pássaro, sorrindo ofegante.
"Eu trago vocês até aqui e depois ainda querem me matar? - Corujito dispara à falar, como se sempre o tivesse feito - HOOTY!"
Não posso suprimir o grito preso em minha garganta por aquele passarinho ter dito algo. Luz e King se entreolham perplexos, depois dão de ombros e se entregam ao cansaço.
"Ninguém aqui vai te machucar. - Luz promete, caindo cansada no chão - Por que eu corri se sei flutuar?"
"Pergunto o mesmo". - O mais novo joga-se em cima da irmã.
"Como assim 'nos trouxe'?" - Questiono a neognata.
"A Eda me pediu para procurar pelos outros que se perderam com ela". - Explica pacientemente.
"Eda não sumiu?" - Desconfio da história.
"Mas ele só obedece a Eda, praticamente".
"Lembram do que a senhorita Lilith disse? Melhor não confiar em ninguém. - Os irmãos trocam olhares novamente - Vamos para Pottsfield".
"Já estamos". - Corujito escorrega por minhas mãos e sobrevoa um amontoado de moradias.
"Que maravilha, pois vamos ficar aqui". - Caminho aliviada de volta a sociedade.
Antes de conseguir dar pelo menos dois passos na direção da cidade, vimos os habitantes de Pottsfield comemorando em uma espécie de festival, no qual esqueletos dançantes se vestiam nas abóboras cultiváveis.
"É, estou fora". - King dá meia volta.
"O que é aquilo?" - Eu e Luz indagamos em uníssono.
"Não se preocupem com esses estranhões. - Hooty retorna de seu voo - Precisamos nos separar para encontrar Edric e Emira".
"Meus irmãos? Como os encontrou?"
"Os rastreio há pouco tempo, Eda mandou encontrar todos que caíram, porque só vamos conseguir ir embora todos juntos".
King olha para Luz e depois para mim, logo a seguir, trocamos olhares no mesmo momento.
"Vamos te seguir, Corujito". - Luz pronuncia-se.
A coruja ruma para dentro do conjunto de residências, parando perto da aglomeração de cabeças de abóbora.
"Será que toda essa galera se fantasiou de Jack O' Lantern?" - Diz King.
"Meio improvável, maninho". - Luz fala gentil.
"Eles moram aqui. Possivelmente para sempre. - Hooty parece procurar alguém na multidão, concentrado como uma ave de rapina - Ali estão. Desde que descobriram a magia, têm usado para atormentar a população com várias pegadinhas".
"A cara deles..." - Ralho veladamente ranzinza, Luz riu.
"HOOTY! - O pássaro pia - Vamos, bruxinha. Puxa eles para cá com magia".
"Mágica? Eu não sei usar..."
"Não sabe fazer magia? HOOTY! HOOTY! - Queixa-se a coruja - Eda você não facilitou para mim. Então, temos que planejar".
Corujito nos separou em duas equipes, eu e King cavaremos buracos para o Festival da Colheita; Luz e ele convencerão os gêmeos a nos seguirem.
POV Luz
Apressamos o passo até chegarmos a Emira e Edric. Os dois assustavam os gatos da vila, fazendo cabeças de vegetais flutuarem do nada.
"Emira! Edric!" - Chamo os dois alegremente, era tão bom ver outros rostos conhecidos.
"Oi, gata". - Responde Emira.
"Procurando diversão?" - Edric declara.
"Na verdade, não. - Exponho nosso viés - Precisamos que vocês venham conosco".
"Por quê?" - O garoto gêmeo exprime tédio.
"Aqui é divertido, olha aqueles dois cavando buracos". - Profere a de cabelos verdes, rindo com o irmão.
"São a Amity e o King. - Pronuncio chateada - Vão mesmo deixar sua irmã assim? E olha o meu maninho, ele nem tem tamanho para segurar a pá".
"Não vai acontecer nada com a Mittens. - Emira começa e Edric completa - Eles são só estranhos mesmo".
"Não mesmo! - Hooty assume uma postura mais séria e sinistra - Eles já cavaram os buracos para que saíssem novos cidadãos, esses de agora são covas para os que virão... Conseguem pensar em quem serão?"
Após um longo instante de introspecção, os gêmeos aceleram a caminho da caçula, saem da cidade o mais veloz possível, com uma Amity envergonhada nos braços dos irmãos.
"Você disse que eles não fariam nada!" - Relembro incrédula.
"E não fazem, às vezes é preciso uma mentirinha. - Suspiro apática, ele deve ter aprendido isso com Eda, nenhum dos dois era muito confiável - HOOTY!"
"Vamos, King. Temos que sair daqui. Corre!" - Incentivo meu irmão a correr rápido.
"Quem eram aqueles esquisitos?" - Ouço um dos moradores murmurar antes de sairmos.
"Desculpa, baby sis". - Pede Emira.
"Verdade, nunca mais vamos deixar você correr perigo". - Edric faz um sanduíche humano com Amity no meio.
A feição da Blight menor era impagável. As bochechas vermelhas davam-lhe um ar doce e afetuoso, e as orelhinhas grandes e fofas, me deixavam nervosa só de pensar... Não que eu observe isso nela.
"Então vamos. A escola nos espera". - Corujito perfaz o caminho no ar.
"Escola? Não!" - Os gêmeos desanimam.
"Espero que o Hooty seja mais útil que a Lilith. - Cochicho para Amity e King, posicionados ao meu lado - O caminho que ela ensinou... Não foi muito bom".
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Memories - Lumity.
FanfictionAmity acordou em uma floresta desconhecida, sem saber como foi parar lá, a lógica indicava que a correnteza levara ela e sua aminimiga para uma outra margem do rio, mas já não via nem os trilhos do trem, sem sinal da linha férrea. E para o pior da s...