Partição

Capítulo 2

Noah estava desanimado, e estávamos no fim do jantar. Mamãe estava começando a recolher os pratos. Olhei para Noah, ele olhou para mim, nos encaramos por um bom tempo até eu ver um sorriso de canto em seu rosto. Abaixei o olhar e voltei a me concentrar na comida.

— Estava tudo muito bom, amor. — Ross diz, tomando um último gole do seu vinho.

— Muito obrigada, querido. — ela sorriu.

— Mãe, deixa a louça por aí, vai descansar, eu coloco na máquina para você. — falei ao ver sua movimentação pela cozinha para ajeitar a bagunça.

— Não, eu coloco, estou precisando mostrar serviço aqui em casa depois de uma semana fora. — Ross ri.

— Bom, preciso mesmo colocar meu sono em dia. — diz mamãe. — Obrigada.

— Vou subir para o meu quarto, então. Ross, se precisar de alguma ajuda, pode me chamar. — disse antes de sair da cozinha.

Noah passou na minha frente e subiu às escadas o mais rápido possível. Ouvi a porta do seu quarto bater. Estava cansada de gente folgada na minha casa, comendo da minha comida, que eu mesma ajudo a bancar, enquanto um ser humano com 19 anos nas costas não move um músculo para agradecer, além de fazer birra quando bem entende.
Subi às escadas com passos firmes e bati na porta do seu quarto. Nada. Bati novamente. Nada.
Finalmente, abri a porta do quarto. Noah em encarou com um sorriso.

— E aí? — ele disse. Estava em pé no carpete preto, seu quarto estava escuro, apenas iluminado pela luz da televisão e luz lunar.

— Qual é o seu problema? — perguntei. — Por que age dessa forma?

— Que forma? — ele perguntou. Estava se fazendo de desentendido, podia ver em seu rosto.

Olhei ao redor do seu quarto. Estava frio ali, mas estava tudo arrumado. Não conseguia entender como Noah conseguia passar a maior parte do tempo em seu quarto e, ainda por cima, sem camisa. Devia morrer de hipertermia e ressuscitar no dia seguinte.

— Por que seu quarto é tão frio? — perguntei.

— Por que te interessa? — ele perguntou.

— Não me interessa. Cara, você é muito folgado.

— Você é muito gostosa.

Assim que ouvi a seguintes palavras, meu corpo inteiro estremeceu.

— Por que acha que tem o direito de me chamar assim? — perguntei indignada.

— Porque você entrou no meu quarto com uma saia muito curta. — apontou para a minha peça de roupa.

— E só por isso acha que pode falar comigo desse jeito? — perguntei.

— Aham. — ele respondeu despreocupado e se sentou na cama.

— Quem você pensa que é? Somos irmãos, não pode falar assim comigo.

— Você não me considera seu irmão, eu não te considero minha irmã. E você sabe que tá muito gostosa nessa saia. — ao mesmo tempo que falava, tirava a camisa, a jogando para um canto do carpete.

Conseguia ver todo o seu corpo, não era uma visão ruim. Na verdade, era um abdomen muito bonito. Estava me desconcentrando, o que o fez sorrir.
Me irritei com seu sorriso.

— Comece a agir como um irmão perto de mim. Não quero problemas com você.

Saí do quarto e bati a porta.