One Shot

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Regina

Ela não chegou em um momento turbulento da minha vida, também não chegou no momento que eu pensei ser o fundo do poço. Nada comum dos muitos clichês por ai. Mas ela é o meu clichê particular, ela é quem me leva a jogos de futebol em suas finais a ponto de quando chego em casa estou rouca de tanto gritar; ela também é quem me sugere filmes de terror na sexta feira a noite, ou me abraça quando choro nos finais dos filmes de drama e ela também é quem faz meu coração bater em demasia. Ela tem muitas qualidades das quais eu poderia listar e nunca terminar por ser uma lista extensa, talvez seja porque ela é o meu amor e eu só queira falar dela para que esse sorriso continue nos meus lábios ao invés das lagrimas que tomaram meu rosto há poucos minutos.

Faz quatro dias que ela não vem pra casa e eu me encontro em agonia, faz quatro dias que eu não durmo por não ter o seu calor e acordo muito pior porque não tenho o seu bom dia também. Estou em casa, é o final de um dia de muito trabalho, não há mensagens no meu celular e eu já enchi sua caixa postal com recados curtos e longos. Porque o meu desespero? Porque nunca discutimos a ponto dela sair com uma mala e não me dizer nada, porque nós nunca vamos dormir brigadas, essa foi à primeira regra que concordamos há oito anos quando ainda namorávamos. Emma sempre fora a mais calma, mais sensata de nós duas é claro que ela não se calava em nossos debates, mas era mais provável que eu saísse de casa e não ela. E isso me faz pensar em uma possível separação. Emma é silenciosa é a brisa leve que me faz respirar melhor e também é quem não me deixa depois do limite. Eu fico olhando o seu lado da cama, aspirando seu travesseiro e tentando a projetar pelo cheiro maravilhoso que tem, e então, estou chorando novamente. Cenas da nossa discussão aparecem na minha memória, precisamente o momento em que seus olhos verdes estão marejados e depois eles se debulham em lagrimas grossas, depois disso ninguém falou mais nada. Ela por não conseguir e eu por não saber como dizer, como a impedir de atravessar a sala.

Emma tem um desejo, do qual não compartilho com tanto vigor. Minha esposa quer ser mãe e eu adiei o assunto por meses, aleguei estar cansada e ela sempre paciente. Até que, ela me pôs contra a parede e eu disse não. Eu a vi chorar e me arrependi no segundo seguinte. Eu prometi dar tudo a ela, todo o meu amor, minha saúde, minha proteção, prometi crescer com ela, cuidar dela, mas isso parece um tanto equivocado pra mim. Sinto-me feliz sendo só nos duas. Penso ser o suficiente, mas minha loira é sonhadora e quer mais. Não sei se posso dar isso a ela e a ideia de que ela me deixe pela negativa me assusta, eu a quero feliz mais que tudo, mas comigo. Cansei de olhar o celular e não ter noticia dela.

Toda vez que penso sobre separação me vem à mente o momento em que ela entrou na minha vida.

Em um dia de muita chuva, aqueles em que se pedem mais doses de cafeína. Fui ao café de costume, um estabelecimento de esquina com o prédio onde trabalho, sentei-me no lugar de sempre e com o celular aberto em um programa de acesso remoto ao meu computador na empresa eu vistoriava as atualizações do site. Lembro-me que estávamos em uma corrida pelos altos lucros de fim de ano. Quando a garçonete deixou à segunda xícara ela se sentou ali e me estendeu uma folha. Eu a olhei com duvida, primeiro porque ela estava sentada na minha mesa, segundo porque eu não a conhecia. Enquanto eu a encarava com um semblante sério ela sorria como se estivéssemos em uma conversa agradável, não esperou que eu a questionasse simplesmente me entregou o papel que estava sobre a mesa. Era um desenho, um desenho que ela havia feito de mim. Surpreendi-me com os traços delicados, mas ainda sim fieis, fiquei em silêncio a julgando pelo atrevimento, depois peguei o desenho o olhando mais de perto.

― Não tome isso como invasão, eu simplesmente não pude evitar, a propósito, não se evita você. – ela disse-me e foi ai que eu comecei a reparar mais em seus olhos e a forma como ela mordia o lábio envergonhada e insegura com o que eu diria a seguir.

Best Part - SwanqueenOnde histórias criam vida. Descubra agora