Cap. 02 - Sorte a sua

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A aula começou têm apenas dez minutos, tempo suficiente para pensar em arrependimento.

Me arrependi de ter feito tudo aquilo e vindo parar nessa escola de doídos. Aqui parece o hospício. Porque ninguém cala a boca? É tão difícil fechar a boca na hora da explicação?

O professor já sabe tanto que nem insiste mais. quando terminou a explicação e sentou-se, foi quando os cornos param para falar que não entenderam nada. Obivio que não entenderam filhos da puta, estavam conversando. - Claro, não são todos, como por exemplo o cara ao meu lado estava estranhamente bem quieto. Também um garoto de cabelo descolorido sentado a nossa frente.

Eu suspirei pela terceira vez de tanto tédio, segurei minha cabeça com a mão e olhei para o cara ao meu lado. Essa amarração de cabelo com certeza é a pior que já vi, e qual é a dos óculos? É impressão minha ou ele tá murmurando sozinho?

Notei ele parar de escrever e franzir a testa. Ops, acho que encarei demais.

─ Quê? ─ ele perguntou franzindo a testa, ainda olhando para o caderno. ─ Oh caralho, eu consigo ver você me encarando.

Minha surpresa foi explícita, mas não por ter sido pego no flagra secando ele. Mas sim pela voz bonita que ele têm. Que desperdício.

─ Foi mal aí, mas eu não tô olhando pra você, tô olhando lá pra fora.

Foi uma boa resposta, pois ele está na cadeira ao lado da janela. Todavia, ao que parece, esse ser não se importa sobre o que é ou não é. Ele virou o rosto para mim e disse arrogantemente:

─ Isso me irrita, então pare de olhar. ─ Ajeitou os óculos e voltou a ler. ─ ...Ser cego deve ser bem horrível.

Oi? Isso que minhas engrenagens cerebrais traduziram é o que é?

Com raiva, minha testa enrugou e senti meu sangue esquentar. Contudo, por fora mantive um sorriso maroto.

Fingi que não me importei. Continuar olhando para a janela. Ou talvez não exatamente para a janela.

Confesso que sou bem atrevido, invés de ficar quieto e apenas me desculpado pois realmente estava olhando-o, orgulhoso insisti que estava certo, mostrando sem medo algum que sua ameça não passavam de moscas zumbindo.

Os alunos ali notaram a feroz tensão entre nós, mas aparentemente não estão nada interessados.

Então meus olhos automaticamente fecham com o som alto do livro contra mesa. O garoto após fazer essa cena, me olha enquanto eu fingia olhar para a janela.

─ Você têm coragem. ─ Ele sorri ferozmente.

─ De sobra. ─ completei com um sorriso de lado.

No mesmo instante ele quebra o lápis com a mão, declarando que não gostou da minha ousadia.

─ Vou avisar pela última vez ─ Ergueu o queixo me olhando com ódio através das lentes ─ Eu odeio quem fica me encarando. Então não tira esses olhos do quadro ou do caderno, entendeu?

Não tardei em rebater.

─ Vou dizer pela última vez, eu não tô olhando pra um ignóbil como você, tô olhando para a janela.

─ Seu... ─ Com uma velocidade absurda, ele levantou e agarrou meu colarinho. Confesso que isso me pegou desprevenido, tanto que fiquei um pouco atordoado. ─ Eu avisei.

Parece que todos os alunos já esperavam por algo assim, e por mais estranho que seja, ninguém deu a mínima. O professor mexia no celular e demostrava estar bem confortável naquela cadeira.

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⏰ Última atualização: Jan 20 ⏰

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