I - O Baile Real

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SARAH ANNENBERG

Ser uma Princesa não é fácil, ser a Princesa Herdeira? Não chega nem aos pés disso.
Me chamo Sara e levo o sobrenome Annenberg; Uma geração real que leva seu título à séculos! E justamente para continuar essa linhagem e expandir horizontes, eu tenho a obrigação de me casar, por bem ou por mal.

. . . .

Ouço três batidas à porta, a seguir minha dama de companhia Daisy adentra meu quarto e faz uma breve reverência.

- Alteza, como está hoje? - Ela trás algumas mudas de roupas e as coloca na cama.

- Eu estava aqui pensando.. - suspiro, lendo um livro. - é obrigatória a minha presença no Baile? - falo, Folheando algumas páginas.

Madame Daisy me lança um olhar severo como resposta à minha pergunta, e continua a dobrar minhas vestimentas.

- Ah Daisy, É a terceira vez só neste mês! - Fecho meu livro e o coloco sobre meu criado mudo - Já tentei bordar, ler.. mas nada funciona.

- Alteza, se me permite..tenho a certeza de que isso irá anima-la - Daisy pega uma caixa dourada enfeitada com um lindo laço escarlate e coloca sobre minha cama ao lado das roupas dobradas.

- O que é isso? - Pergunto, me aproximando.

- Deixa eu ver..um vestido especial para uma princesa especial? - Ela sorri.

- Não creio, Meu vestido chegou?! - Daisy abre a caixa e, de dentro, pega um lindo vestido cor salmão, seus detalhes se destacam com pequenas pérolas brilhantes ao redor do vestido, a mesma é acompanhada de um corset para realçar a cintura e mangas bufantes que brilham conforme o movimento.

Minha alegria aos poucos diminui para remorso e ódio, principalmente pelo motivo de toda a agitação. Este vestido é o mesmo que vou usar no Baile real, onde irei conhecer pessoalmente meu futuro Marido e futuro Rei.

Infelizmente

- O que foi Alteza? Você não gostou? - Daisy guarda o vestido na caixa e se vira para mim.

- Não é isso, o vestido em si é magnífico. - Lentamente me sento na ponta da cama, brincando com minhas mãos, Daisy fica em pé, me olhando.

A seguir se instala um silêncio ensurdecedor no ambiente por alguns segundos, até que eu decido quebra-lo:

- Eu não posso nem contradize-lo, Não adianta - Meu olho arde e eu sinto as lágrimas ameaçando escorrer pelo meu rosto.

- quem seria-- - Madame Daisy para na última frase, tomando consciência de quem eu estava falando: meu Pai, o Rei.

Ela se senta e me abraça de lado, colocando uma de suas mãos em meu ombro.

- Eu sei o que você está sentindo agora. Aquela sensação de estar sufocada, incapaz de fazer algo contra sua vontade. É, estou ciente. - Daisy faz uma breve pausa para respirar - Mas não deixe que isso prejudique sua vida, Alteza. - franzo o cenho.

- Minha vida.. - me levanto bruscamente - Eu não tenho vida Daisy, não aqui. - cruzo meus braços com força - Só queria que minha voz tivesse importância pelo menos uma vez, Em algum lugar.

Por fim, as lagrimas descem. Tento enxuga-las com minhas mãos mas não resolve muita coisa, já que elas continuam descendo pelo meu rosto e molhando alguns pontos do meu vestido.

Logo depois, Daisy levanta e de modo calmo e lento passa seus dedos gélidos pela minha bochecha e então, seca minhas lágrimas.

- Suponho que esteja com febre, Alteza. - Ela coloca uma mão na minha testa para confirmar. - Hm, está.

- Eu consigo sobreviver com isso. Agora eu só quero esfriar a cabeça. - Vou em direção a minha janela.

- O que tem em mente alteza? Eu posso fazer-lhe um chá ou senão um café.. - Daisy caminha para junto de mim. - Mas como eu te conheço muito bem, sei que quer esfriar a cabeça Lá. - Daisy encosta seu dedo indicador no vidro da janela, apontando para um belo jardim, ao qual eu admirava todas as noites antes de dormir.

Jardim, uma palavra pequena mas com muitas coisas envolvidas, essa mesma palavra exala paz, amor e solidão ao mesmo tempo. E era disso que eu precisava, mesmo que fizesse com que eu quebrasse uma regra e que provavelmente me deixasse de castigo minha vida inteira. Sim, eu estava ciente disso, e também estava ciente de que se eu não tentasse agora, não tentaria mais. Eu estava decidida.

- Madame Daisy, prepare minha sela. - em um ato rápido, já estou saindo do meu quarto, Determinada a fazer a coisa mais Imprudente que já fiz na minha vida inteira: Sair do castelo.

- Alteza, Magnus?! - Daisy grita da porta, viro-me para ela e assinto, com um sorriso de orelha a orelha.

Enquanto corria até o estábulo, só ouvia o batimento do meu coração aumentar a cada passo e um sentimento estranho, não sabia se era euforia ou medo. Ou talvez a expectativa de um sonho que seria realizado após anos de espera. Algo estava certamente claro: meu sorriso estampado no rosto, ele deixava claro que eu não ia voltar atrás e muito menos desistir.

Apresso meus passos pelo corredor aproveitando que meu pai está numa reunião importante e provavelmente não irei encontrá-lo por aqui.
Desco os últimos degraus e corro para a porta principal, que é o caminho mais curto até o estábulo.

Felizmente, os guardas não podem fazer nada, apesar de eu estar correndo e isso de fato chamar atenção. Contudo para a infelicidade do Rei e para minha sorte, eles não tem ordens para me parar, nem tirar satisfações sobre.

Chego no estábulo e lá está Daisy afagando meu cavalo, - Magnus é um Akhal-teke, popular por sua pelagem ter semelhança com o ouro - conheço ele desde que tinha uns Dez anos, e até hoje somos inseparáveis.

Subo no pequeno degrau e sento no meu cavalo, segurando as rédeas e colocando meus pés no estribo.

Daisy olha ao redor para se certificar de que está seguro e fala para eu voltar antes de anoitecer, caso contrário eu estaria em problemas. Depois de ajeitar meu vestido, ela me dá um rápido abraço e me deseja boa sorte.

Ela me leva para fora e sorri.

Dou um beijo amigável em Magnus antes de cavalgar rapidamente, com os ventos levando meus cabelos para trás e a sensação de libertação tomar conta de mim.

Tal coisa que não sinto há anos

Lady SaraOnde histórias criam vida. Descubra agora