001 | Dahyun ainda se lembrava.

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❝Quando não houver saídaQuando não houver mais soluçãoAinda há de haver saída❞

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❝Quando não houver saída
Quando não houver mais solução
Ainda há de haver saída❞

Enquanto Houver Sol, Titãs

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─ hoje deveria ser um dia de celebração, Momo ─ foi o que a doutora Shin disse enquanto ainda fazia uma série de anotações em sua prancheta. Seu tom de voz tão baixo e contido que a japonesa praticamente não escutou. Praticamente, porque sim, aquela atrocidade em forma de frase havia chegado aos seus ouvidos e lhe arrancado um breve riso sarcástico.

─ celebrar o que? Que eu estou um ano mais perto da morte por velhice? ─ arqueou a sobrancelha sem fazer questão alguma de conter o tédio em sua voz ─ se for esse o caso, então talvez eu realmente deva celebrar.

Aquele comentário ácido foi o suficiente para atrair a atenção da psiquiatra, que ergueu seu olhar avaliativo e o estreitou na direção de Momo. Ficaram em silêncio por alguns segundos, o pêndulo do relógio movimentando-se para lá e para cá sendo o único som ecoando por aquele vácuo.

A japonesa estava visivelmente desconfortável. A doutora Shin, apesar da postura séria e extremamente profissional, parecia carregar uma genuína preocupação por detrás das lentes de seu óculos fundo de garrafa.

─ Momo, você tem feito seu tratamento corretamente? ─ a mulher de meia idade questionou, por fim, deixando sua prancheta e caneta sobre a mesa ao lado de sua poltrona, inclinando-se sutilmente na direção da japonesa ─ pergunto porque imagino que você saiba que apenas comparecer às consultas mensais não é suficiente. Os remédios que receitei são essenciais para o alívio dos sintomas depressivos.

─ eu estava tomando, mas eles não me ajudaram em absolutamente nada! ─ disse, um pouco mais alto dessa vez e não foi difícil notar que ela estava na defensiva ─ nada do que você diz está me ajudando, aliás.

─ os antidepressivos agem de forma relativamente lenta, Momo ─ explicou, olhando de relance para o relógio pendurado no alto da parede. O tempo reservado para aquela consulta já estava acabando ─ é necessário, pelo menos, duas semanas para que seja possível sentir os efeitos positivos da medicação. Leva algum tempo, mas é uma parte indispensável do tratamento.

─ sabe de uma coisa? ─ a Hirai suspirou, visivelmente irritada ─ acho que a senhora está apenas me enrolando e tirando o meu dinheiro. Só fala, fala e, no fim, de nada adianta. Eu já tô bem cansada disso ─ a doutora observou Momo se levantar na velocidade da luz e recolher sua bolsa e sua jaqueta, antes jogadas sobre uma poltrona livre.

Shin Hayun conseguia compreender aquela atitude, no entanto. Pelo que conhecia de Hirai Momo e por tudo o que ela já havia lhe contado em suas consultas, aquele não era um bom dia.

O dia do seu aniversário era, também, o pior dia do ano para Momo. O dia em que ela chegava ao fundo do poço e que tudo o que desejava era que fosse, também, a data da sua morte.

𝖾𝗇𝗊𝗎𝖺𝗇𝗍𝗈 𝗁𝗈𝗎𝗏𝖾𝗋 𝗌𝗈𝗅 | 𝗱𝗮𝗵𝗺𝗼Onde histórias criam vida. Descubra agora