Chegou a hora da minha apresentação. Coloco a máscara branca que combina com a cor da minha roupa, estou usando um sutiã com tecido felpudo. Na parte de baixo, uso apenas uma calcinha com o mesmo tecido e na bunda tem um pompom mostrando que sou uma coelhinha. Essa roupa brilha ainda mais na luz néon da boate, fazendo com que a atenção do público fique apenas em nós.
Caminho pelo corredor extenso que nos leva diretamente para o palco, eu e as meninas estamos prontas para o show. Cada uma fica em um pole dance e recebe a atenção de nossos clientes fiéis.
Sou coreógrafa e a dançarina principal, sempre gostei de dançar e aqui pude realizar esse sonho.
A música alta faz meu corpo ser tomado pela adrenalina. Caminho ansiosamente até chegar na porta grande que irá abrir a qualquer momento. Louca para saber se ele está aqui, já fazem duas semanas que não o vejo.
— Acha que ele irá aparecer hoje? — Cristina me cutuca e sorrio sem conseguir esconder minhas intenções.
— Espero que sim.
— Você é uma vaca sortuda. Ele é muito gostoso, sem contar que só quer a coelhinha dele.
— Falou a raposa que tem um certo alguém dando a patinha, né dona Cristina? — Ela dá de ombros.
Todas nós temos a roupa caracterizada com um animal. Cris é uma raposa, e isso se assemelha à personalidade da maluca. Ela é a que mais fatura na boate por ser uma safada que dorme com os clientes, mas tem uma pessoa em especial que corre atrás dela e a mesma finge que não vê.
Não somos obrigadas a ficar com clientes, mas se o tesão falar mais alto, tem quartos disponíveis para matar a vontade.
Nunca me deitei com um cliente, apesar do homem misterioso me fazer desejar esse momento árduamente. Mas ele nunca fez a proposta e não serei eu a falar e receber um fora.
— Se ele vier, promete que vai enlouquecer esse homem gostoso até ele não suportar mais o volume nas calças e te arrastar para um dos quartos?
— Não preciso nem prometer, já quero isso há cinco meses. Acho que ele quer me enlouquecer.
A porta se abre e caminhamos para o centro do palco, cada uma fica em um pole dance enquanto começamos a nos mover lentamente. Passo os olhos pela multidão, mas não consigo ver meu homem misterioso.
Sensualizo passando as mãos pelos meus seios, descendo pela barriga que está à mostra e volto lentamente para meu pescoço. Meus clientes vão a loucura quando desço me esfregando no pole dance. Minha bunda bate no salto alto e um calafrio percorre até minha coluna, gostando da sensação que isso me causa.
Tenho o melhor trabalho da vida, faço aquilo que amo e não importa o que os outros pensem, sou feliz aqui.
Trabalho na Arcadia há um ano e sou coreógrafa e dançarina principal da boate. Renato Callieri me ajudou no pior momento da minha vida, uma garota fugindo do seu passado, da família que a via apenas como mercadoria para um casamento arranjado.
Vim para o Rio de Janeiro em busca de conseguir um trabalho que pudesse me sustentar, que não precisasse voltar para aquela antiga vida e Renato foi quem me deu esse suporte, e um lugar que posso chamar de lar.
Meu cliente mais fiel surge caminhando entre os outros, usando uma máscara preta com alguns relevos, que cobre até seu nariz, me deixando apenas sua boca carnuda à mostra. Está vestindo uma camisa social branca com três botões abertos, a calça jeans justa nesse corpo imenso e delicioso.
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O Acordo Perfeito
ContoDEGUSTAÇÃO - CONTO COMPLETO NA AMAZON Um conto quente e envolvente, que conta a história de uma dançarina de póle dance e um homem misterioso, que usa uma máscara de imperador. Mariana é coreógrafa e dançarina principal da boate chamada Arcadia. El...