Esperando por você

Capítulo 7

Estava sentado no chão do meu quarto, cercado por anotações e partituras, enquanto a câmera do meu pai estava posicionada na frente de mim. A atmosfera estava carregada de uma tensão quase palpável. A gravação da música era crucial, mas o relacionamento complicado com meu pai só aumentava o peso do momento.

Meu pai entrou no quarto, com um olhar que tentava ser encorajador, mas que não conseguia esconder sua própria incerteza.

- Você está pronto para começar? - ele perguntou, tentando esconder a ansiedade.

Desviei o olhar, frustrado.

- Sim, só preciso de um momento para ajustar tudo. É complicado gravar algo que significa tanto para mim.

Ele acenou e se posicionou ao lado da câmera, tentando me apoiar da melhor maneira que podia. Comecei a tocar, mas a dificuldade era evidente. A cada tentativa, a tensão aumentava e minhas mãos, que costumavam ser firmes e confiantes no violão, estavam tremendo.

- Pai, se eu errar de novo, me avise. Às vezes, eu não consigo perceber os próprios erros quando estou tão envolvido na música - falei, tentando esconder minha frustração.

Meu pai assentiu, embora não pudesse deixar de parecer um pouco inquieto.

- Claro, filho. Vamos fazer isso juntos.

A gravação não foi fácil. A cada erro, minha frustração aumentava, e a atmosfera parecia cada vez mais tensa. O desejo de capturar a emoção verdadeira misturava-se com a dificuldade de lidar com o apoio distante do meu pai, tornando tudo ainda mais desafiador.

Após várias tentativas frustrantes, consegui uma gravação que parecia adequada. Sentei-me, exausto, e assisti ao vídeo com um sentimento misto de alívio e insatisfação.

Meu pai parecia hesitante antes de falar.

- Lucas, essa música tem a ver com alguma garota? - ele perguntou, um tom de curiosidade em sua voz.

Senti um frio na barriga. A pergunta era direta, e eu não tinha certeza de como responder.

- Não exatamente. É mais sobre como me sinto... em geral - respondi, tentando ser vago.

Ele tentou oferecer um sorriso, mas era claro que a pergunta havia sido um reflexo da dificuldade em se conectar comigo. As palavras de apoio pareciam vazias quando comparadas com o distanciamento emocional que existia entre nós.

Quando o evento de talentos chegou, eu me sentia como se estivesse carregando não apenas o peso da minha música, mas também o desafio de manter minha fachada de bad boy. A determinação de mostrar minha verdadeira paixão era o que me movia, apesar das dificuldades pessoais.

Cheguei ao auditório e encontrei Anne, que estava lá para me apoiar. Seu olhar gentil e encorajador era um alívio, um contraste com a sensação de desconexão que eu sentia com meu pai. A presença dela era um lembrete de que, apesar das dificuldades, eu tinha pessoas que realmente acreditavam em mim.

Subi ao palco, o coração acelerado com a plateia à minha frente. Eu sabia que estava prestes a revelar uma parte íntima de mim mesmo, algo que ia além da minha fachada de bad boy. Quando a música começou, deixei de lado as inseguranças e foquei na melodia que havia criado com tanto cuidado.

A performance foi um desafio, mas também um momento de autenticidade. Me entreguei à música, permitindo que minhas emoções fluíssem livremente. Quando terminei, a plateia estava aplaudindo e eu senti uma mistura de alívio e orgulho. Apesar das dificuldades na gravação e da complexidade do relacionamento com meu pai, consegui me conectar com o público de uma maneira que parecia genuína e verdadeira.

Anne se aproximou após a apresentação, com um sorriso orgulhoso.

- Você foi incrível, Lucas. Estou tão feliz por ter vindo ver isso.

Sorria de volta, sentindo uma gratidão sincera pelo apoio dela.

- Obrigado, Anne. Significa muito para mim.

Enquanto o evento continuava, refletia sobre o dia. Eu havia superado desafios pessoais e apresentado minha música com sinceridade. Apesar das dificuldades, estava um passo mais próximo de encontrar meu próprio caminho e de entender melhor o papel das pessoas em minha vida.

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